Capítulo 24

81 5 0
                                    

— Você vai me libertar? — pergunto esperançosa.

— Não necessariamente, você será enviada para outro local.

— Meu pai? — Questiono

— Chega de perguntas, menina. Apenas se arrume que eu voltarei
para buscá-la. — diz antes de fechar novamente a porta da minha prisão.

Enquanto me banhava, pela primeira vez com sabonete, o medo começou a me dominar. Eu não sabia o que esperar desse novo local para onde seria enviada, mesmo que sozinha e sem nenhum conforto, eu já havia me acostumado com a minha prisão particular. O novo me assustava.

Aproveitei o sabonete e com a ponta da toalha improvisei uma escova de dentes, era terrível não poder fazer minha higiene pessoal como de costume.

Fui levada em silêncio pelo homem até uma construção antiga e bonita, quando entrei descobri ser um cassino, uma casa de jogos.

— Martin — ele chama a atenção de um homem que estava distraído no bar e não tinha notado a nossa aproximação, eu me mantive em silêncio, ao seu lado de cabeça baixa

Mesmo nessa posição, percorri com os olhos o quanto consegui do ambiente, era banhado em luxo e riqueza, tinha certeza de que as pessoas que frequentavam esse local eram bem abastadas
financeiramente.

Várias pessoas andavam de um lado para o outro, limpando cada
canto do local, a maioria mulheres, vestidas em roupas curtas outras até de lingerie, me perguntei se não sentiam frio, mas o ambiente parecia ter algum tipo de aquecimento, pois eu não vestia qualquer casaco e ainda assim não sentia frio.

Algumas mulheres conversavam com outras rindo, como se não
estivessem aqui obrigadas, me perguntei se elas, assim como eu,
eram prisioneiras, mas se fossem, por que estariam tão satisfeitas
enquanto trabalhavam?

Talvez essas fossem as mulheres mais lindas que eu já tenha visto,
maquiadas, cabelos sedosos, unhas feitas, não pareciam sofrer
maus-tratos. A única coisa que me incomodava era a pouca roupa
que vestiam, no mais parecia tudo normal, quer dizer, não tão normal, porque por todo o local havia homens espalhados portando armas que eu sabia serem de grosso calibre.

Por que eles me trouxeram aqui? Questionei-me desde o momento
que entrei, mas assim que o homem atrás do balcão se aproximou de nós tive a resposta.

Buon pomeriggio,amico Lucarelli— ele cumprimentou meu carrasco que agora descobri se chamar Lucarelli.

— Boa tarde, trouxe essa menina para ficar com as outras — informa e meu coração acelera, era isso, elas se prostituiam e eu seria obrigada a fazer o mesmo.

Como eu poderia fazer isso se sequer estive com um homem na vida eu havia me enganado, e diferente da sensação de proteção que tive quando fiquei sozinha com o monstro, ele iria me destruir.

— Mais uma para o cardápio? — O tal Martin questiona.

— De forma alguma. Por ordens expressas do chefe, ela ficará aqui
até segunda ordem, mas não será oferecida como as outras,
entendido? — pergunta e um alívio toma o meu corpo, mas ainda assim não me livro do medo, se ele não me enviou para aqui para me prostituir, o que eu farei?

— E onde vou coloca-la, amico? Com essa carinha de anjo ela traria bons lucros a casa. — O tal do Martin levanta o meu rosto buscando os meus olhos e em um gesto repugnante acaricia o seu membro sob a calça enquanto passa a língua nos lábios, eu estremeço por dentro.
— Gostei dela.

Em um gesto rápido, Lucarelli tira sua mão do meu queixo e o arrasta sobre o balcão, fazendo-o ficar entre nós, o homem que antes estava separado de nós pelo mármore onde as bebidas são servidas, agora estava com as costas apoiadas sobre a superfície gelada e com uma arma apontada em sua testa.

— Toque nela de novo e eu estouro os seus miolos — Lucarelli fala com raiva.

— Calma, amico, não sabia que ela era sua — o homem fala
erguendo as mãos em rendição.

— Ela não é minha, mas agora é minha protegida, toque nela e será um homem morto. Coloque-a na cozinha, no máximo para servir as mesas, estarei afastado da cidade, mas assim que voltar voltarei para ver como estão as coisas.

Lucarelli deixa claro os limites do que eu posso fazer no lugar e eu
fico um pouco mais tranquila, mas não perco o olhar de ódio do tal Martin na minha direção e do homem que se auto intitulou meu
protetor e eu fico perdida sem saber o que fazer.

Depois de um tempo, o tal Martin me arrasta pelo braço, me levando até a cozinha do local, me ordenando que lave os pratos e organize todo o ambiente, embora seja muito trabalho eu até agradeço por ter uma distração.

Quando termino, sou levada a um quarto grande onde várias
mulheres estão se arrumando, perfumando, maquiando e passando cremes em seus corpos deslumbrantes, me sinto totalmente deslocada aqui. Os chuveiros ficam todos expostos, elas não têm vergonha de estarem nuas na frente dos homens que circulam pelo ambiente, mas eu tenho, por isso, embora sinta que precise, me recuso a tomar banho.

Até que uma das mulheres percebe e resolve fazer uma espécie de cabana para me proteger dos possíveis olhares masculinos. Fico grata por isso, mas volto a me assustar com a roupa que me entregam para vestir: saia de couro e top preto e uma bota da mesma cor que vai até os joelhos.

Pergunto para a mulher que me ajudou se é mesmo necessário que
eu me vista assim e ela informa que é a roupa padrão das garçonetes. Se eu fosse fazer o mesmo serviço que elas estaria vestindo apenas um conjunto de lingerie, assim como as outras. Eu,
na verdade, achava que elas ainda se vestiriam, mas acabo de
descobrir que é assim que vão permanecer.

— Você se acostuma, menina — ela fala, tentando me acalmar,
enquanto tomava banho ela me fez depilar totalmente, eu nunca tinha feito isso e fiquei envergonhada, mas ela disse que eu poderia precisar, expliquei que não, que eu não iria me prostituir, não julgava nenhuma delas, mas eu não faria isso, mesmo assim fiz como me orientou.

Vesti a roupa, calcei as botas e sentei na cama puxando como podia o pedaço de couro para baixo, eu estava me sentindo ridícula e a vergonha com certeza estava estampada em minha cara.

— Relaxa, mulher. — Uma loira deslumbrante se aproximou de mim.
— Aqui eles não nos obrigam a fazer nada que a gente não queira, o difícil é resistir ao dinheiro dos velhos que frequentam.— engulo seco
e ela continua — Sabe, quando cheguei aqui, assim como você, fiquei assustada, fui tomada como pagamento de dívida e comecei apenas servindo as mesas, mas depois percebi que eu poderia ganhar mais fazendo o que faço hoje, nem sempre é bom, mas a gente se acostuma, as vezes temos sorte de sermos escolhidas para ficar com um dos chefes, são homens lindos e muito gostosos quem sabe você não tem sorte. — Pisca para mim.

— Você já ficou com um deles? — Pergunto curiosa, porém um
pouco incomodada, não sabia o porquê, mas não queria ouvi-la dizer que ficou com o monstro. — Qual? — Questiono após ela confirma com a cabeça, de repente o meu coração está acelerado com a expectativa do que responderá.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora