Capítulo 25

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— Sim, já estive com o consigliere e com o subchefe, mas meu sonho
de consumo é o chefe dos chefes, o Dom, mas um dia eu chego lá —
fala com um sorriso nos lábios.

— Ficou com os dois? — Quero saber, mas não consigo esconder o espanto em minha voz.

— Ao mesmo tempo — responde orgulhosa do seu feito e eu não
acredito no que ouvi, seria possível uma situação dessas? Levo a mão aos meus lábios, espantada. — Agora venha, vou dar um jeito nas suas olheiras.

A loira me arrasta, me colocando sentada em uma cadeira, a
contragosto deixo que ela me maquie e arrume os meus longos
cabelos de um jeito lateral que fica tão diferente do que estou
habituada que quando me olho no espelho não me reconheço. Estou
bonita sim, sexy talvez, mas não tem um sopro do que eu realmente sou refletido no espelho.

Não muito tempo depois, somos levadas para o salão, as duas que
me ajudaram antes me dão as dicas do que fazer e como me portar,mas não podem ficar muito tempo próximas de mim pois precisam entreter os homens que começam a chegar.

Elas me avisaram que era para eu evitar muitos sorrisos e ser cordial apenas o necessário, para que os frequentadores não confundissem minha função, embora estivesse claro, pois eu estava vestida e elas de lingerie apenas.

Realmente aqui, tem muito trabalho e eu não parei um segundo sequer, seguindo de um lado para o outro e servindo as mesas, mas até então acho que tenho me saído bem. A única coisa que me incomoda são os olhares de Martin, ele parece não estar se
concentrando em nada além de mim.

O pior é que está bebendo demais, tenho tentado nem passar perto
dele, quem sabe assim ele me esquece e não em importuna.

Olho no relógio que fica em cima da prateleira de bebidas do bar, e
vejo que já é quase meia noite, não tenho o hábito de andar com
saltos tão altos e os meus pés estão me matando. Vou até a cozinha
para beber um copo d’água e enquanto estou apoiada na pia,
digerindo o líquido refrescante, Martin entra no ambiente e vem em minha direção, meu coração acelera no mesmo instante.

— Você é cagna do Lucarelli ? — pergunta, o odor forte de bebida que sai da sua boca me deixa tonta.

— Não sou puta de ninguém, só estou trabalhando — falo, tentando sair de perto dele, mas ele segura em meu braço.

— Não se faça de difícil, docinho. — Ele me puxa para muito perto. —Sei que você quer isso, só quer que eu insista, não é? — pergunta e leva a boca até o meu pescoço e eu o empurro com toda a força que consigo reunir.

— NÃO. ME. TOQUE. — grito quando me afasto e saio correndo, ele ri feito louco, parado no mesmo lugar.

Corro para o banheiro com medo de ser seguida por ele, o que
graças a Deus não acontece, quando consigo me recuperar volto.para fazer o meu trabalho, me mantendo ainda mais afastada do homem.

A única coisa que está me incomodando é que não estão me
mandando servir as mesas do salão e sim de alguns lugares com
pouca iluminação no cassino onde algumas meninas estão quase fazendo sexo para que todos vejam, algumas já subiram para os quartos, mas outras estão sentadas no colo de alguns homens sendo acariciadas em suas partes mais íntimas.

A primeira vez que vim servir, quase voltei correndo, mas eu sabia que podia esperar por isso. Eu era virgem, mas não uma tapada imbecil. Confortava-me saber que nenhuma delas estava ali obrigada ou era maltratada e se tratando de escolhas pessoais cada um que arcasse com a sua.

Em uma das vezes que fui mandada servir um dos camarotes reservados, senti que estava sendo seguida, mas olhei em volta e não vi ninguém. Porém gritei de susto quando na quarta vez que vim até aqui, senti uma mão tapar minha boca com força, a bandeja caiu das minhas mãos e pelo cheiro imundo de bebida eu sabia de quem se tratava: Martin

.
— Não grite, cagna — fala em meu ouvido enquanto me arrastava
cada vez mais rapidamente para o escuro, para um local onde não
havia ninguém — Agora vou de ensinar o que eu faço com quem me recusa.

Per favore, não faça isso — imploro.

— Isso, eu gosto de ouvir cagnas  como você implorar. — Ele puxa
meu top para baixo e meus seios saltam para fora, tento cobri-los,
grito desesperada mesmo sabendo que ninguém irá me socorrer.

Suas mãos apertam meus seios tão forte que parece que vão ser
arrancados, nem quando estive sob as garras do próprio demônio que é o chefe dele, eu senti tanto medo. Grito de desespero quando ele me morde com raiva, tentando abrir sua calça e suspender minha saia ao mesmo tempo.

Entendo que não terei como escapar e em pensamento clamo a Deus por misericórdia, peço silenciosamente que ele não deixe que isso aconteça comigo, eu não sobreviveria se passasse por uma situação dessas. Eu aguento o frio, a fome, a miséria, a raiva das pessoas, qualquer coisa, mas isso não, isso me destruiria completamente.

Sinto minha saia ser erguida, eu não tenho tanta força quanto ele.
Martin tem o dobro do meu corpo e quando acho que será o meu fim,sinto um líquido grosso e quente escorrer pelos meus seios.

Ali, diante de mim, segurando pelos cabelos a cabeça do homem que até a poucos segundos era o meu algoz estava o próprio demone.

Sua face transtornada pelo ódio, a frieza de quem acaba de decapitar uma pessoa, mas eu enxergo sua face como um anjo, o meu anjo salvador. Ele acabou de tirar uma vida para salvar a minha, eu não consegui desviar os meus olhos do seu, mesmo quando ele soltou a cabeça do morto no chão, eu apenas o enxergava diante de mim, e
não queria nada além disso

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora