"Eu não ouvia nada além do silencio da minha alma e da voz da minha consciência que pedia para que eu o procurasse"Há três dias eu não vejo o meu papá, já o procurei por todos os cantos, ele saiu na segunda feira, dizendo que iria resolver os nossos problemas e não voltou mais, temo que ele tenha nos colocado em mais algum.
Já o procurei em delegacias e hospitais, já fui até em necrotérios e não o encontrei em lugar nenhum.
Choro mais um pouco enquanto tomo a xícara de café amargo, pedi um pouco de pó na casa da vizinha, mas fiquei com vergonha de pedir também o açúcar.
Há dias não coloco nada no estomago, penso que a qualquer momento posso desmaiar, a única coisa que me mantem de pé é a vontade de encontra-lo.
Desde a morte da minha mãe, somos apenas nós contra o mundo e eu não sei o que farei sozinha.
Será que ele me abandonou? Questiono-me internamente, mas acredito que não.
Quando os meus pais foram atropelados há cerca de dois anos nossa vida desmoronou.
Ele trabalhava como padeiro, mas após perder o braço foi demitido, minha mãe o ajudava trabalhando em casas de família, e eu, eu apenas estudava. Eles queriam que eu tivesse um futuro melhor, que pudesse estudar e trabalhar em um bom lugar, e eu queria isso também. Queria ter a oportunidade de ajuda-los, dar-lhes uma vida melhor, mas
infelizmente aconteceu o acidente e todo o pouco que tínhamos, nos foi tirado.Meu pai, no início, se afundou na bebida, ele bebia para esquecer o amor da sua vida que havia morrido e bebia para esquecer a desgraça que era não possuir um membro que para ele era importante, sobretudo para trabalhar.
Eu havia conseguido ingressar no Instituto Universitário da Itália para estudar no Programa de Administração de Empresas, através de uma bolsa,havia sido indicada por vários professores e a minha ótima nota na avaliação de desempenho muito ajudou, mas depois de um ano se tornou impossível.
Meu pai, que sempre cuidou de mim, precisava de ajuda para sair do vício da bebida e eu tranquei os estudos para ser sua "babá". Minha meta de vida tornou-se fazer ele parar de beber e ele estava quase conseguindo, há um mês não colocava uma gota sequer em sua boca.
Mas infelizmente, todas as nossas reservas que já eram pequenas, acabaram,e nós já não tínhamos mais sequer o que comer.
Eu disse que iria trabalhar, assim como a minha mãe, poderia fazer faxinas em casas, ou quem sabe até conseguiria um outro emprego, mas meu pai relutou, ele se sentia culpado por não poder me dar o futuro que tanto sonhou.
Ele não tinha culpa, a culpa foi do bêbado que os atropelou quando voltavam para casa.Nós não tínhamos muito, mas éramos felizes, porém a nossa felicidade acabou e agora, sozinha, eu já não sei que rumo tomar, estou perdida, desolada, cansada e não sei mais o que fazer.
Se eu ficar aqui parada morrerei de fome, se eu não procurar o meu pai, morrerei de tristeza.
Fecho a porta do casebre onde moramos e visto o sobretudo negro que pertenceu a minha mãe, ele está velho, mas ainda consegue me esquentar.
Hoje faz muito frio, o dia está nublado assim como o meu coração.
Faço novamente o caminho entre minha casa e a cidade, é um pouco distante, cerca de vinte minutos de caminhada, a última pista que consegui do meu pai foi em uma caffetteriaca na beira da estrada.
Uma funcionária, vendo o meu desespero, me disse que naquela manhã ele esteve lá, pedindo algo para comer, mas fora enxotado do lugar pelo dono. Ele não estava bem vestido e ia espantar os seus clientes, foi o que dissera.Pedi mais detalhes, mas ela disse não lembrar mais nada, disse que naquela manhã, o homem cujo nome ninguém ousa falar esteve ali, e todos ficaram tensos com sua presença.
Eu não entendo como alguém pode despertar tanto medo e pavor, as pessoas por toda a Itália tremem apenas por pronunciar o nome Dalla Costa, quem são eles afinal? Eu não sei, nas poucas vezes que perguntei aos meus pais,eles disseram que eram as piores pessoas do mundo, almas de demônio que habitavam a terra e eu nunca mais perguntei.
Volto a bater em cada porta que há próxima a caffetteria, na esperança de que mais alguma informação me ajude a encontrá-lo.
Quando eu já estava desistindo, uma senhora que disse se chamar Francesca me ofereceu uma xícara de café, acho que ela percebeu quanto eu estava com frio e fome. Eu aceitei, de qualquer forma não poderia negar, essa é a única coisa que colocarei no meu estomago provavelmente pelo restante do dia.
- Posso te dar um conselho - a senhora pergunta após colocar alguns biscoitos em minha frente, concordo com a cabeça pois a minha boca já estava cheia.
- Esqueça o seu pai criança - fala e eu me assusto
- O que? Por quê? - questiono, quase engasgando com os biscoitos
- Vou te dizer, mas por favor não comente com ninguém, isso pode custar a minha vida, ou melhor as nossas vidas -Concordo porque eu não tinha outra opção, eu precisava saber o que aconteceu com meu pai
- No dia que você diz que ele foi visto na caffetteria, eu também o vi.
- Porque a senhora não me disse antes? - pergunto com lágrimas nos olhos - Eu já estive aqui por duas vezes - É impossível esconder a decepção em minha voz.
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AprisionadaPeloChefe
FanficADAPTAÇÃO DA FIC:Aprisionada Pelo Chefe. Nessa fanfic o Bruno (nosso capita),não é um jogador de vôlei, saindo totalmente da sua realidade (ou nem tanto) ele é nada mais nada menos do que o chefe da Máfia italiana Dalla Costa. Um ser frio e impenet...