Capítulo 33

78 3 0
                                    

"Talvez você não esteja procurando com os olhos corretos a sua saída, meu anjo, as vezes precisamos abrir os olhos da nossa alma

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"Talvez você não esteja procurando com os olhos corretos a sua saída, meu anjo, as vezes precisamos abrir os olhos da nossa alma. E é pelo coração que precisamos enxergar as coisas."

Diferente do que pensei, eu consegui dormir, entretanto não por tanto tempo quanto o meu corpo realmente precisava.

Antes do sol tomar todo o céu com a sua claridade vibrante, eu já
estava acordada diante da janela admirando o imenso jardim que
como pensei, era ainda mais fantástico durante o dia.

Eu não sabia o que fazer, se deveria sair, ou me manter ali
trancafiada, mas optei pela segunda alternativa, no fim, entendi que apenas o meu local de aprisionamento tinha mudado. Eu continuava como prisioneira de Bruno Dalla Costa, a diferença era que o meu cativeiro agora era de um luxo que eu jamais cogitei desfrutar.

Deitada na cama macia, eu revivi diversas vezes o tormento da noite anterior, e chorei de tristeza, por ter vivenciado algo tão terrível, por mais que eu tenha tomado banho, lavado todo o meu corpo, mais de uma vez inclusive, o cheiro de bebida que Martin exalava estava impregnado em mim. Sem falar do sangue, eu senti escorrer cada gota sobre o meu corpo e a sensação do líquido quente praticamente queimando a minha pele jamais sairia de mim, nem que eu me
esforçasse muito.

Nesses momentos em que a angústia e o medo me tomavam, o único conforto que eu tinha era a lembrança do rosto do meu salvador, o monstro que me aprisiona havia salvado a minha vida, e quando o cheiro de bebida e de morte se apossavam de mim, era nas roupas que eu vestia, impregnadas com o seu cheiro que eu buscava conforto. E de uma forma impressionante isso me acalmava.

Ontem, enquanto estava no cassino, me dei conta de que já faz cerca de quinze dias que eu estava sob o seu domínio e sem a minha liberdade, eu tinha perdido totalmente a noção de tempo, mas agora eu sabia.

Talvez por isso, por ter passado tanto tempo trancada, sem qualquer contato no mundo externo, sem ter a liberdade de fazer o que eu quisesse, eu tenha me acostumado. Estar nesse quarto confortável não está sendo um martírio, embora tudo o que eu mais quisesse era
ver o meu pai.

Ângela me trouxe uma bandeja imensa de café da manhã e eu a
agradeci por isso, eram tantas coisas gostosas que eu não sabia por onde começar e quando comecei a comer além do que o meu corpo precisava lembrei do meu pai, será que ele também estava tão bem alimentado quanto eu? Quase parei de comer, mas eu não seria capaz de desperdiçar uma migalha sequer de pão. Não tinha certeza
se teria na vida outra refeição como aquela, então preferi aproveitar.

Passei o restante da manhã entre a janela e a cama, quando as
lembranças vinham forte, eu corria para a janela buscando me distrair com os pássaros ou as flores, até mesmo com o balanço das copas das árvores, aproveitando a liberdade que o vento lhes trazia, e apenas quando cansava de ficar de pé, voltava para a cama.

Sozinha, ouvi uma batida na porta, e imaginei que fosse Ângela, mas estava enganada, acompanhei quando o homem mais lindo que os meus olhos já vira na vida entrou no quarto.

Ele estava diferente, não vestia o tão charmoso terno de três peças
que eu estava acostumada a vê-lo e sim uma calça jeans escura,
camisa azul marinho e tênis. Sua beleza era gritante, cogito dizer que ele ficaria bem de qualquer forma, até mesmo nu, talvez essa fosse inclusive a melhor veste para o seu corpo. Não sei de onde vem esses pensamentos de vez em quando, não é a primeira vez que
penso nele dessa forma, mas ele foi o primeiro homem que me fez
pensar assim.

Todo o encantamento que eu possa sentir por ele, se esvai no
momento em que ele abre a boca. Sei qual a minha posição aqui, sei
que lhe devo submissão, ou como ele mesmo já deixou claro, pode
tirar a minha vida quando quiser, ou pior, pode tirar a vida do meu pai.

Mas tem algo nele que não me deixa calar, de repente, eu tenho
vontade de voar sobre ele e fazer novamente o que ele deixou que eu fizesse enquanto me manteve em seu outro cativeiro, mas eu sabia que ele jamais permitiria, então o que eu podia, era confrontá-lo.

Sim, eu era sua prisioneira, sabia que ele poderia me matar, mas eu
não ia deixar que ele exigisse ainda mais de mim.

Eu poderia até ser grata por ele ter me salvado de ser estuprada, mas não diria isso em voz alta, de forma alguma, disse o que ele precisava ouvir, que tudo o que passei era sua culpa, e eu não estava mentindo
por isso.

Ele ficou irritado, ou melhor, ele ficou possesso eu sabia, principalmente por eu contestar as suas ordens, mas eu não podia fazer diferente, como poderia me sentar à mesa com ele como se nada estivesse acontecendo? Como se eu estivesse aqui por vontade própria e não por ser sua prisioneira? Eu não conseguiria e deixei claro para ele.

Ele saiu batendo a porta e afirmando que se não fosse almoçar com ele eu não almoçaria, pois ele que ficasse com o seu prato de comida, eu não iria e ponto. Agradeci por Ângela ter me trazido uma
boa refeição para o café da manhã, seria o suficiente para mim, eu já estava acostumada, lidaria bem com a falta de almoço.

Comecei a cogitar possibilidades que me tirassem daqui, quem sabe se eu conseguisse escalar pela janela, me esgueirando pelos cantos talvez não fosse vista, talvez eu conseguisse minha liberdade. Era isso!

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora