Capítulo 30

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“Para tudo na vida existe um limite, até em um ambiente onde os crimes acontecem diariamente

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“Para tudo na vida existe um limite, até em um ambiente onde os crimes acontecem diariamente.”

Saio de casa batendo forte a porta de entrada, eu estava possesso de
raiva. O que Ângela estava pensando ao colocar Luiza em um
quarto dentro da minha casa?

Ela sabia que eu não a trouxe como minha hóspede, estava claro no semblante da criatura, a falta de roupa, o rosto inchado pelo choro recente, a aparência sofrida. Ângela sabia, mas a velha enxerida estava se fazendo de desentendida, eu a conhecia, ô, se conhecia.

Podia apostar minha vida sem medo de perdê-la que a criatura estava no quarto exatamente ao lado do meu, eu lia muito bem as intenções das pessoas e com Ângela não era diferente.

Era sempre assim, quando queria nos engabelar, ela se fazia de
inocente, uma coisa que eu sabia perfeitamente que ela não era.

Vi, quando entrei com a ragazza, que ela se compadeceu com a situação da criatura, me olhou questionando silenciosamente o que eu havia feito, mas deixei claro no meu semblante impassível que eu não havia feito nada e no fundo ela sabia que se fosse eu a deixá-la naquele estado ela sequer estaria ali.

Deixar que ela ficasse em uma das pequenas casas que mantemos
espalhadas pela propriedade para alguns funcionários já era muito
mais do que eu estava disposto a dar, mas não, Ângela tinha que me empurrar ao meu limite e acomodá-la em um dos quartos da mansão.

Bufo de raiva e soco o volante, sabendo que eu estou perdendo
tempo parado dentro do carro refletindo sobre as ações da velha.
Coloco-o em movimento e sigo na direção da boate.

Preciso confrontar Carbone sobre as atitudes do seu associado,
Martin não era da Famiglia e foi trazido por ele para cuidar de um dos seus negócios. Nós permitimos sua entrada, mas a responsabilidade era dele e eu iria cobrar respostas.

Principalmente sobre o fato dele abusar das meninas que mandamos para lá, pela segurança que agiu, eu podia apostar que não era a
primeira vez que fazia isso.

— Sim, chefe? — ligo para Lucarelli ativando o sistema de bluetooth do carro.

— Já soube o que aconteceu no cassino? — pergunto.

— Sim, senhor. Infelizmente — fala e noto um sentimento de culpa em sua voz. — O que houve com a garota? — Ele quer saber.

— Está preocupado, Lucarelli? — questiono, não gostando nenhum
pouco dessa merda,

— Não, chefe, só acho que não fui tão claro com Martin quanto
deveria.

— Você o avisou para não a tocar? — tento entender o que quis
dizer.

— Sim chefe, quando a levei vi o seu interesse na menina e lhe dei
uma corsa, falei que não chegasse perto dela, como eu lhe disse,
senti que ela era inocente, por isso deixei claro o limite, como o
senhor ordenou. Disse que ela iria servir à máfia, mas não com o seu
corpo. — ouço meu homem de confiança falar e não deixo de ficar orgulhoso por sua atitude.

Lucarelli é filho de Ângela e foi criado junto comigo e com meus irmãos, os mesmos princípios que carregamos, ele também carrega consigo, assim como a mesma dor. O seu pai era o homem de confiança do meu e estavam juntos até a morte, ele também morreu no mesmo atentado que o meu pai. Nós assumimos os nossos papeis, eu o de Dom da Dalla Costa, assumindo a cadeira do meu pai e ele o de chefe de segurança do Dom, assim como era o seu pai.

Confiamos nas mãos um do outro as nossas vidas, eu o conheço tão
bem quanto aos meus irmãos e por isso tenho certeza de que cada
palavra que acaba de sair da sua boca é a mais pura verdade. Eu poderia acrescentar aí algo que ele não disse, ele se afeiçoou pela ragazza, não sei ainda se como um homem se afeiçoa a uma mulher ou se apenas com um sentimento de cuidado fraternal, mas sim, eu sabia que ele não gostara nenhum pouco do que aconteceu com ela.

— Estou voltando para a boate para limpar a sujeira por lá — falo.

— Eu já o fiz chefe, não há com o que se preocupar, todo o ambiente está totalmente limpo — informa com a sua competência de sempre, eu agradeço mentalmente. Assim, a única coisa com a qual terei que
me preocupar é com Carbone.

Embora saibam o que pode acontecer em um ambiente como esse,notei que algumas mulheres estavam extremamente assustadas,talvez com a brutalidade da morte de Martin, algumas acabaram confessando que ele as ameaçava e estuprava.

Deixei claro que eu jamais permiti que isso acontecesse e que jamais
permitiria, para tudo na vida existe um limite, até em um ambiente onde os crimes acontecem diariamente. Existem situações que não toleramos e sem dúvidas essa é uma delas.

Deixei claro para Carbone que quem assumisse o comando do
cassino deveria estar plenamente ciente das regras estabelecidas por mim. E qualquer um que ousasse agir de forma contrária, acabaria da mesma forma que Martin. No fundo, sua morte serviu de lição para
todos, esse tipo de abuso eu não tolero e jamais tolerarei.

Cheguei em casa por volta de quatro horas da manhã, eu estava esgotado fisicamente: a viagem dos meus irmãos e de Lucarelli, toda a tensão que estávamos passando com a chegada dos Russos me preocupava, mas nada me incomodou tanto quanto ver Luiza quase ser estuprada.

A cena digna de filme de terror passava por minha mente
ininterruptamente e se eu pudesse ressuscitar Martin, eu o faria, apenas para ter o prazer de mata-lo novamente.

Quando cheguei em casa, não encontrei Ângela em nenhum lugar, ela deve ter ido descansar, ela tinha uma casa aqui no complexo,mas desde a morte do seu marido, só dormia lá quando Lucarelli  estava com ela, do contrário ela ocupava um quarto de hóspedes localizado no térreo da mansão. Na verdade, não era mais de hospedes e sim dela, ela já o tinha com o seu jeitinho peculiar e o seu oratório cheio de imagens que tanto eu quanto Lucarelli sempre trazemos de presente para ela.

Subo para o meu quarto e quando passo pela porta que fica ao lado
do minha, resolvo confirmar as minhas suspeitas, e quase sorrio.
Assim como suspeitei, Ângela acomodou Luiza no quarto ao lado do meu, não resisti e entrei no ambiente.

De pé diante da cama, fiquei parado por um tempo, a observando dormir aninhada no meio da cama, totalmente enrolada nas cobertas
grossas, quis tocar em seu rosto para saber se ela sentia frio ou se
era apenas medo de tudo o que passou, mas contive o ímpeto e
mantive as mãos dentro dos bolsos. Assim elas não corriam o risco de desobedecer as minhas ordens.

Depois de um tempo, segui para o meu quarto tomei um banho
demorado e relaxante em minha banheira e só depois me joguei na
cama pronto para dormir feito uma pedra, sabendo que agora ela
estava em segurança e debaixo das minhas asas, eu tinha certeza
que conseguiria dormir tranquilamente.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora