Capítulo 46

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"Eu precisava me afastar para pensar em quais seriam os meuspróximos passos e decisões, tê-la por perto talvez não meajudasse muito"

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"Eu precisava me afastar para pensar em quais seriam os meus
próximos passos e decisões, tê-la por perto talvez não me
ajudasse muito"

Já em casa, segui direto para o meu quarto, estava com fome, mas
precisava de um banho para tirar o cheiro de sangue podre que ainda
estava sobre o meu corpo. Mesmo tendo tomado banho eu ainda me
sentia sujo e fedorento, o sangue russo fedia mais que os outros, eu
estava certo disso.

Naná me confirmou que havia providenciado tudo o que pedi para
Luiza, e que ela estava no quarto organizando a mala para
partirmos, comi uma maçã, antes de sair da cozinha, eu estava
faminto, afinal já eram duas horas da tarde, mas havia decido deixar
para almoçar no jatinho.

Eu estava estranhamente ansioso para chegar a Palermo.

Antes de bater à porta de Luiza, me questionei se era certa minha
decisão de leva-la comigo, se eu precisava me afastar para pensar
em quais seriam os meus próximos passos e decisões, tê-la por perto
talvez não me ajudasse muito, mas mesmo assim decidi leva-la
comigo.

Quase me arrependi imediatamente, assim que depositei os meus
olhos sobre ela. Fui bombardeado por perguntas, e questionamentos
às minhas decisões, lembrei-me por que eu havia decidido me manter
o mais distante possível das mulheres,mamma fazia com o mesmo com o coitado do papà. Ele tinha que lhe dar mil e uma explicações sobre tudo dentro de casa não havia segredos, ela tinha conhecimento de qualquer coisa que ele fizesse, apenas fora de casa, agia como uma perfeita esposa submissa da máfia, ela era fantástica, mas nós sabíamos bem, quem realmente mandava quando ela estava irritada.

Assustava-me enxergar muito dela em Luiza, sobretudo por eu
sempre ter idealizado que quando eu me casasse, queria poder ter
um relacionamento como o dos meus pais, uma mulher em que eu
pudesse confiar a minha vida de olhos fechados, que estaria por mim
quando eu precisasse, mas como poderia encontrar alguém assim, se
quando estamos no escuro até a nossa própria sombra não permanece ao nosso lado?

Eu achava que mammá e papá eram um caso atípico e não acreditava que eu poderia ter a mesma sorte. Aliás eu não acreditava em sorte, eu era um bom jogador, conhecia as regras do jogo quecomandava e por isso sempre obtive êxito, e assim seria, nunca foisorte, sempre foi trabalho duro e dedicação.

Mandei que ela ficasse quieta e agradeci por ela ter seguido as
instruções pela primeira vez na vida, seguimos de carro até o hangar
onde o meu jatinho nos esperava.

- Vamos sair de Roma? Da Itália? - Ela questiona assim que se dá
conta de onde estávamos, se não fosse todo o meu treinamento, teria
revirado os olhos irritado, mas apenas saí do veículo e abotoei o
sobretudo quando senti o vento gelado bater em minha face.

De relance, vi Luiza fazer o mesmo com a peça que lhe cobria e
agradeci mentalmente à Ângela. Ela me seguiu e assim que subimos
as escadas, Luiza paralisou.

__O que houve? - pergunta, tentando entender.

- Eu nunca andei de avião - fala, girando sobre os calcanhares e
olhando para mim e eu vejo o medo serpentear em seus olhos.

- Está com medo, Luiza? - pergunto com um sorriso, brincando
em meus lábios.

- Isso é mais uma das suas torturas? - questiona com a voz
embargada e eu me sinto um pouco culpado pelo tom que empreguei
na minha pergunta.

- Não, Luiza. Tenho outros hábitos de tortura, uma viagem de
jatinho definitivamente não se enquadra nestes termos. - Saliento
que não é um avião e sim um jatinho para que ela entenda a
diferença.

- E se ele cair? - pergunta assustada.

- Não vai, Luiza. Eu te garanto que não irá cair, vamos entre. -
Coloco as duas mãos nas laterais da sua cintura e a giro para que
possa continuar o percurso até uma das poltronas.

Coloco-a sentada ao lado do lugar que sento todas as vezes que viajo
e vejo quando as nossas malas são colocadas no quarto que tem na
parte traseira, minhas malas pessoais nunca vão no compartimento
de bagagens, caso eu precise de algo, ademais o local está quase
sempre preenchido por armas.

Lucarelli e Matteu se sentam a duas poltronas atrás de nós e vejo a
porta sendo fechada, olho para as mãos de Luiza que tremem
visivelmente, não é que ela realmente tem medo de voar? Espero que
ela possa se acostumar logo, pois eu sempre estou viajando. Que
merda acabei de pensar? Como assim estou fazendo planos de levála
em minhas viagens?

- Luiza? - chamo sua atenção

- Sim - responde e sua voz está tão tremula quanto suas mãos.

- A viagem não será longa - falo baixo, olhando em seus olhos
para que veja a verdade e se tranquilize. - Em cerca de uma hora e vinte minutos, talvez um pouco mais já teremos chegado, estamos
indo a Palermo. - Resolvo falar o destino para tranquilizá-la.

- Palermo? É muito distante, vamos levar horas até chegar lá.

- Não de jatinho, não estamos indo de carro, piccola - explico e ela
acena com a cabeça, toco minhas mãos nas suas e noto o quão
suadas estão. - Vou prender o cinto em você tudo bem?

- Sim - ela concorda, então puxo as tiras de couro e as amarro em
sua cintura, testando se estão firmes.

- Já vamos decolar, você poderá sentir um desconforto no ouvido
além de um leve frio na barriga quando estivermos subindo, se quiser, aqui temos chiclete. - Aponto uma caixinha à nossa frente. - Pode
aliviar um pouco a situação, depois que o piloto estabilizar no ar,
essas sensações irão passar e será como se estivéssemos em terra
firme - garanto e ela assente com a cabeça, mas ainda insegura. -
Ainda está com medo?

- Sim.

- Se você quiser pode segurar em minhas mãos - falo e nem eu
mesmo acredito em minhas palavras, mas como se estivesse esperando por isso, Luiza aperta os meus dedos rapidamente entre os seus e eu fico satisfeito por poder lhe servir de conforto no momento.

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