Capítulo 22

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No fundo, elas são as únicas pessoas próximas de nós, que nos
conhecem tão bem quanto os nossos pais e que as vezes, esquecem as nossas posições de homens da máfia e nos contestam.

Quer dizer, isso só acontece quando elas acham que estamos nos expondo a um risco desnecessário. E mesmo quando nós não lhes damos ouvidos, elas continuam a falar como se isso fosse nos fazer mudar de opinião.

— Estou na cozinha senhor, se precisar é só chamar — ela avisa com formalidade e começa a se retirar.

— Pode descansar, Naná — falo me atrapalhando e chamando-a
pelo apelido que lhe dei ainda na infância. E a mulher que hoje me
trata de maneira formal por eu ser o chefe da família abre um sorriso para mim.

— Obrigada, meu menino, eu irei — avisa e se retira, já sabendo que
não terá nada além disso da minha parte.

Enquanto tomo banho, me pergunto se eu decidi ir até o cassino para me distrair ou para ver Luiza, o pior é já saber a resposta antes mesmo de me fazer a pergunta e não gostar nenhum pouco dela.

Pego as chaves do carro sobre o aparador do quarto e desço as
escadas de dois em dois degraus, eu não quero pensar no que estou
fazendo.

Para ser sincero, quando Douglas que é o responsável por supervisionar o movimento dos cassinos não está, eu ou Lucas fazemos seu papel, e hoje, como nenhum dos dois estão na cidade era lógico que eu iria até lá, porém não estaria com o coração acelerado e uma ansiedade fora do comum para chegar ao local.

Após estacionar e entrar no ambiente que cheira a charuto e whisky, acabo me arrependo de ter mandado trazer a ragazza para cá, ela realmente não combina com nada disso aqui.

Percorro todo o ambiente com os olhos, procurando-a em cada canto e não a encontro.

Teria ela fugido? Acho muito difícil, a segurança do local é grande ela não conseguiria escapar facilmente, se bem que ela aparenta ser muito esperta.

Sigo para o piso superior onde temos um camarote exclusivo que nos dá uma visão privilegiada do ambiente, assim como das outras vezes que venho aqui, peço uma dose dupla de whisky e sigo meu caminho.

Antes de qualquer coisa, sempre fazemos o reconhecimento local,
listando mentalmente as pessoas que estão frequentando e principalmente, tentando enxergar algo que nos ofereça risco, só depois descemos até as mesas de apostas para cumprimentar rapidamente quem nos for importante no momento e demarcar território.

Já no camarote, observo todo o ambiente, Matteu segue de pé ao
meu lado, ele é o meu segundo homem e quando Lucarelli não está por perto é sempre ele que fica comigo.

Gosto de homens rápidos, tanto no gatilho quanto no pensamento e os dois são assim, é por isso que os tenho comigo.

— Mas que porra é essa? — Coloco-me, rapidamente, de pé

— O que houve chefe? — Ele me pergunta, esquadrinhando o local à procura do que quer que tenha me feito levantar abruptamente, mas com certeza não encontra. Em regra, eu calculo as minhas ações, ajo com cautela e lentidão, mas a cena que vejo não me dá tempo para tanto e é por isso que eu desço as escadas rapidamente sendo seguido por ele que já mantém a sua arma em punho, acredito eu que engatilhada e pronta para o que quer que tenha supostamente me feito sair desesperado dessa forma.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora