Capítulo 32

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— Você? — ela questiona quando me vê entrar, está sentada no
centro da cama, com os joelhos encolhidos próximo ao peito. Lembra que essa era a posição que ficava quando estava na masmorra.

— Quem você esperava? — questiono irritado e quase me
arrependendo de ter batido a porta, em seu rosto está estampado o descontentamento em me ver no ambiente.

— Ângela. — noto que na mesinha de cabeceira há uma bandeja com
louças, acredito que Ângela tenha lhe trazido a refeição aqui.

Percebo que a roupa que ela veste é minha, a velha está ultrapassando todos os limites do bom senso e começo a ficar irritado.

— Pois não é ela, sou eu.

— Estou vendo — responde me afrontando.

— Desça para almoçar, eu te espero em dez minutos — aviso e já me ponho a sair do ambiente, estar na presença dela me tira do sério. Como pude pensar que um almoço poderia ser... agradável?

— Com você?

— Acho que fui claro quando disse: “eu te espero em dez minutos” ---digo, não estando acostumado a dar explicações a ninguém sobre nada, principalmente, a quem me deve subserviência.

— Pois eu não vou.

— O que disse? — pergunto apenas para ter ideia do que ouvi.

— Que eu não vou almoçar com você — repete.

— Isso não foi um pedido, ragazza, foi uma ORDEM. — Deixo clara minha posição.

— Você só pode ser louco, doente, ou sente prazer com o sofrimento
alheio, ou talvez todas as opções juntas, não é mesmo? Você
sequestra o meu pai, me prende em uma masmorra, me joga em um cassino exposta a todos os riscos que aquele lugar poderia me oferecer a agora me convida para almoçar? Você só pode ser um sádico. — Luiza pula da cama enquanto fala me desrespeitando
totalmente e eu me controlo para não ser de fato o sádico que ela diz e lhe dar umas boas palmadas para que me respeite.

— Não, eu não sou sádico, mas poderia se quisesse. Se ainda não
entendeu eu posso tudo, Luiza. Tudo o que eu quiser estará em
meus pés se eu assim o desejar, e não se iluda, ragazza não é um
convite para almoçar, não estou te propondo um encontro. Queria
amenizar apenas o que passou ontem, mas vejo que já está
recuperada.

— O que eu passei ontem foi culpa sua — ela grita e as suas palavras me atingem, mas eu não demonstro.

— Que seja, eu realmente não me importo — falo e noto a sua
surpresa com as minhas palavras. — Se não descer em dez minutos
para almoçar comigo, ficará com fome — Bato a porta atrás de mim.

Eu realmente não deveria ter ouvido a velha enxerida, fazer o que ela disse só me trouxe aborrecimentos.

— ÂNGELA — Grito quando chego à sala e pela primeira vez não a
encontro pronta para me servir.

— Sim, senhor. — Tenho certeza que ela notou a minha falta de
humor repentina.

— Quem autorizou que desse para a menina minhas roupas?

— Senhor, ela não tinha o que vestir e como quando chegou vestia  seu paletó eu pensei que... — Começa a justificar e eu a interrompo.

— Pois você tem pensado demais, Ângela. E isso está começando a me irritar, guarde os seus pensamentos para você a partir de agora.

— Sim, senhor — diz com a cabeça baixa.

— Outra coisa, ela só irá almoçar se descer para comer comigo, caso contrário, ficará com fome — aviso e ela abre a boca para questionar, mas basta olhar em minha direção para se calar.

— Tenho sua permissão para sair, senhor? Tenho que terminar de
servir o almoço — fala e eu sei que nem a mulher que me criou quer ficar ao meu lado e suportar minha irritação.

— Sim, Ângela. Pode ir — Ela começa a se retirar, mas eu chamo sua atenção novamente antes que saia.

— Sim, senhor.

— Compre roupas para ela — falo e ela se retira após concordar com
a cabeça.

Assim como pensei, Luiza não desceu para almoçar, não faria
diferença, afinal já estava acostumada a não ter o que comer. Meu coração se apertou um pouco com o pensamento de tê-la passando fome novamente quando eu poderia lhe dar qualquer alimento que
precisasse, mas eu não cedi, ela teria que aprender a me respeitar,
por bem ou por mal.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora