Capítulo 36

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___Se tivesse realmente medo não teria tentado fugir, não seja tola
menina, nada foge aos olhos do chefe.

— Ou dos seus cães de guarda — retruco irritada, sei que vou morrer mesmo então não vou ficar quieta.

— Que seja, não importa quais são os olhos que te prendem, todos te
levarão a ele, você já deveria ter entendido isso, garota.

Dito isso o homem se cala e vejo uma sombra irromper a escuridão da noite, sei que é ele e que o momento da minha sentença final se aproxima então em silêncio apenas espero.

— Pode ir agora, Matteu. Eu assumo daqui pra frente — ele fala e eu nem preciso levantar os olhos para saber que ódio puro crepita em sua face.

O segurança se afasta, eu levanto os olhos o encarando, todos
podem temer a sua face de anjo caído, mas eu não. Eu não o temo e deixo claro isso quando o encaro, refletindo em meus olhos a mesma raiva que vejo nos seus.

Se for para eu morrer que eu o faça com dignidade.

— O que pensa que está fazendo? — pergunta rompendo o silêncio.

— Fugindo!? — falo entre afirmação e questionamento e confesso que as palavras saíram com mais deboche do que eu pretendia.

— E por acaso você acha que iria conseguir?

— Talvez sim

— Pois que fique claro, ragazza, que você não conseguirá, nem que
eu precise te algemar aos pés da minha cama, para que eu mesmo te sirva de guarda.

— Você não seria capaz disso, seria? — pergunto assustada, será
que ele faria realmente isso, como eu sobreviveria tão próximo dele,
eu não duraria mais de um dia com vida por causa dessa minha boca que sempre fala o que minha cabeça pensa.

— Tente fugir novamente e é exatamente isso que eu farei, agora levante, vamos para dentro, AGORA.

— Ele me puxa pelo braço, me
tirando do chão e uma raiva me domina de uma forma que eu não
consigo controlar, então vem a explosão.

— Eu vou embora daqui, não quero e não vou ser sua prisioneira para sempre, não consigo viver dessa forma. Se for para ser assim eu prefiro morrer, me mate Bruno, me mate — falo e as lágrimas tomam a minha face quando me ajoelho novamente, esperando o tiro de misericórdia, eu me rendi, não aguento mais.

— Levante, Luiza. — Ouço sua voz cortar o vento.

— Não — retruco.

— Levanta e eu te dou uma chance de fugir de mim, se conseguir eu garanto a você que não irei atrás. — Assim como eu, ele também estava desistindo, eu deveria ficar feliz com isso não é mesmo? Mas no fundo eu não estava.

Estava aí a minha chance de seguir em frente, mas eu não estava totalmente feliz com essa possibilidade, será que eu fugi porque sabia que ele viria atrás de mim? Será que no fundo eu não queria conseguir? Eu não sabia, mas mesmo assim eu me levantei, fiquei de
pé e o encarei.

— O que você vai fazer comigo?

— Te dar uma chance de fugir, chega de joguinhos, eu nunca
mantenho ninguém preso por muito tempo. Eu mato na primeira semana, mas eu não fiz com você, e talvez esse tenha sido o meu erro, eu deveria ter matado você e o seu pai.

— Deixe o meu pai de fora, sou eu que te desafio o tempo inteiro,
então desconte sua raiva em mim apenas.

— Não seja tola menina, eu deixo que você me desafie, ainda não
percebeu? Acho engraçada essa sua petulância, essa sua mania de
achar que pode medir forças comigo, mas não pode Luiza. Você
não tem forças para lutar contra mim e vou te provar isso agora.
Chega dessa brincadeira de gato e rato, vamos brincar feito adultos
agora, você é a caça, e eu o caçador, se eu te pegar você será minha prisioneira até o seu último suspiro em vida, se você passar dos portões terá sua desejada liberdade.

— Isso não é justo, eu não conheço esse lugar, e os seus homens
sempre podem me pegar — falo, sabendo que numa corrida entre ele e eu, eu não tenho um porcento sequer de chance de vencê-lo.

— Eu não falei que seria, mas vamos lá, eu gosto de desafios, nada muito fácil me apetece, então te darei algumas vantagens.

— Quais? — pergunto confiante.

— Nenhum dos meus homens chegará perto de você, seremos só
nós dois, e eu te dou cinco minutos de vantagem à minha frente, olhe para lá. — Ele gira os meus ombros, colando minhas costas em seu peito, abaixa a cabeça falando baixo em meu ouvido quando aponta para a frente. — Siga por esse caminho e chegará no portão de saída. — Sua voz grossa e baixa causa arrepios em todo o meu
corpo e eu suspiro involuntariamente. — Eu abrirei os portões quando e se você se aproximar dele, sua liberdade estará garantida — completa e se afasta bruscamente.

Quase caio com a distância repentina, mas me esforço para controlar os espasmos voluntários do meu corpo. Olho em sua direção e ele com um sorriso nos lábios pega o aparelho de telefone para chamar o seu segurança, realmente ele não falou que seria justo, eu só não imaginei que fosse ser dessa forma.

— Sim, senhor — O mesmo homem que me capturou se aproxima.

— Quero todos os homens na parte de trás da mansão, ninguém
deve se aproximar do jardim e nem do portão pelos próximos quinze minutos, tire inclusive a guarda do portão, você ficará na guarita de vigilância, e se a senhorita Luiza se aproximar do portão quero que o abra, deixe-a sair.

— Senhor, abrir os portões sem nenhuma guarda é muito perigoso —o homem fala e eu me preocupo.
— Não foi um pedido, Matteu, foi uma ordem. Eu estarei aqui na parte da frente do complexo, só faça o que mandei imediatamente. — Ele não dá chances para o homem contestar.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora