“Quem em sã consciência se entregaria ao próprio diabo para salvar outra pessoa?”
— Que merda foi essa? — Lucas pergunta assim que entramos no
elevador e eu não o respondo, também estou tentando entender tudo o que acabou de acontecer.O que meus irmãos não sabem é que, eu, principalmente, estou
tentando entender o que aconteceu comigo.Eu sempre fui impiedoso, terrível e cruel. Nunca tive compaixão e
pena ou me senti impelido a proteger a quem eu, na verdade, deveria torturar, mas a tal da Luiza me despertou algo que eu jamais imaginei sentir e no fundo eu sequer sei o que de fato significa.Repeti um milhão de vezes em minha mente as palavras que ela
dissera para o seu pai quando o viu, “Papá, sou eu, sua Luli. Eu
vou te tirar daqui.”. Ela tinha uma inexplicável segurança em sua voz.Como poderia garantir ao homem moribundo que eles sobreviveriam? Como ela tinha tanta certeza que me convenceria de não os matar? Será que ela conseguia ler em meus olhos a dúvida? Será que ela percebeu que eu fraquejei diante dela?
Pela primeira vez em minha vida, eu duvidei de mim mesmo, das
minhas barreiras e de tudo o que construí para que ninguém se
aproximasse de mim. Eu estava insatisfeito comigo mesmo, e isso
significava que todos à minha volta sofreriam as consequências,
inclusive os meus irmãos que continuavam a ladrar como dois
cachorros sarnentos em meus ouvidos.— CALEM A PORRA DA BOCA — rosno antes que as portas do
elevador se abram no andar onde mantenho a minha sala. — Eu
preciso pensar, e vocês dois grasnando feito duas matracas em meu juízo não estão colaborando.Saio e sou seguido por eles, controlo o impulso de revirar os olhos, ninguém deve perceber até mesmo quando eu estou insatisfeito. Tenho que ser ilegível em tudo, mas sendo sincero comigo mesmo, eu precisava ficar sozinho.
— O que fará com eles? — Douglas pergunta, sentando-se na cadeira de frente para a minha mesa, Lucas já estava próximo ao bar,
provavelmente para nos servir de uma boa dose de whisky, mas eu
sabia que estava atento a nossa conversa.Não me surpreendi com a pergunta de Rico, embora eu tivesse dito que precisava pensar e eles subentendido que era sobre essa situação de merda, eles sabiam que eu já tinha algo em mente.
— Você quer mata-los? — pergunto, para testar o meu irmão.
— Se você determinar, eu o farei, Chefe. — afirma com segurança e
eu fico satisfeito.Na máfia é exatamente assim que as coisas devem acontecer, ainda
que você não concorde, não deve questionar a decisão do chefe, ou
de seu superior imediato.— Mas você não o fará — Lucas comenta quando nos entrega as
nossas bebidas e eu aceno em concordância com a cabeça.Os meus irmãos são uma extensão de mim, eles conhecem as
minhas ações, embora eu seja imprevisível até mesmo para eles. Em algumas situações, eles conseguem deduzir o que eu farei.Talvez isso se dê pela convivência continua, ou até mesmo pelo laço
familiar, apenas eles, em todo o mundo, são capazes de supor as
minhas ações. Minha cabeça traidora me leva até a ragazza, talvez ela tenha conseguido enxergar além do que deveria, tento afastar o pensamento.— Os planos não mudaram, o pai dela nos servirá — informo. — E
quanto a ela, ainda não decidi, mas de antemão, será a nossa
garantia de que ele andará na linha, que não nos trairá.— Ótimo, no final das contas, talvez, ela ter chegado até nós, não tenha sido tão ruim. Ela nos será útil para que o velho não faça nada de errado. — Lucas fala, levantando-se acredito eu que para ir para sua sala sendo seguido por Douglas.
— Espero que sim, espero que eu não me arrependa por deixá-los
vivos — falo para mim mesmo quando eles saem e eu fico sozinho.Tento me concentrar no trabalho, o que só consigo após um tempo e
com um esforço que em regra não é necessário.— Como estão as coisas? — ligo para Lucarelli, após cerca de duas
horas, em que o trabalho conseguiu me afastar dos olhos tristes da menina.— Tudo em ordem, chefe — informa — A menina banhou o pai e o colocou na cela ao lado conforme o senhor me autorizou liberar e agora acabou de limpar a sujeira que ele tinha feito.
— E onde ela está agora? — pergunto. — Sentada ao lado do colchonete, cuidando do velho como se fosse um bebê.
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AprisionadaPeloChefe
FanficADAPTAÇÃO DA FIC:Aprisionada Pelo Chefe. Nessa fanfic o Bruno (nosso capita),não é um jogador de vôlei, saindo totalmente da sua realidade (ou nem tanto) ele é nada mais nada menos do que o chefe da Máfia italiana Dalla Costa. Um ser frio e impenet...