Capítulo 61

108 4 0
                                    

— Quero te fazer uma proposta.

— Proposta? — pergunto espantada por acreditar que ele não é o tipo de pessoa que propõe algo, ele simplesmente ordena, como já salientou para mim diversas vezes.

— Hoje à tarde, você foi muito útil para mim, — começa e eu lhe dou
toda a minha atenção — eu estava cheio de coisas para resolver, mas se você não tivesse ajudado eu não teria conseguido, Lucarelli serve para muitas coisas, mas não para essa função, ele me chama toda hora e eu definitivamente não tenho paciência.

— E o que quer de mim, Bruno? — pergunto com um sorriso,brincando nos lábios.

— Você quer trabalhar comigo enquanto a minha secretária está
afastada? — pergunta, mas eu não sei se ele realmente está me dando poder de escolha, mas antes mesmo que ele falasse eu imaginei que era isso, então a resposta já estava certa em minha
mente.

— Claro que sim! — falo, sorrindo satisfeita — Então eu seria sua secretária?

— Digamos que minha assistente pessoal, você trabalhará diretamente comigo, e me auxiliará no que puder, além de é claro, filtrar as infinitas ligações e pedidos de reunião que eu recebo por dia, acha que consegue?

— Eu não acho, Bruno, eu tenho certeza, eu lhe disse ontem, mas você preferiu descontar em mim suas frustrações e não me ouvir.

— Eu não descontei em....

— Descontou sim, e como sua funcionária eu não vou admitir que
você...

— Pare aí, Luiza senão esse contrato será rescindido, antes mesmo da assinatura, precisamos estabelecer limites.

— Limites? — questiono incrédula

— Sim, Luiza, em qualquer organização, inclusive na máfia,existe
algo chamado hierárquia e você vai precisar aprender a respeitá-la.Jamais levante a voz para mim, não questione as minhas ordens, seja discreta, o que você ouvir não compartilhe com ninguém, esteja atenta, não se coloque em risco... Bruno faz uma lista interminável de todas as minhas obrigações e eu ouço com atenção, entendo que ele está certo por um lado, sendo quem ele é, eu não posso começar a gritar com ele, na frente das pessoas, mas isso não significa que eu não possa falar com ele depois — Você acha que
consegue? — pergunta após finalizar a lista de deveres.

— Creio que sim, Bruno, mas tenho uma ressalva.

— Ficaria surpreso se não tivesse, mia bella — fala quando o carro
estaciona na frente da casa do meu pai, meu coração já começa a acelerar apenas com essa pequena proximidade.

— Quando algo me incomodar, eu não o questionarei na frente dos
outros, mas terei a liberdade de chamá-lo a sós para falar sobre isso?

— Se você esperar o momento certo, sim Luiza, só não me empurre para a borda do precipício quando eu estiver no limite, não faça o que fez ontem, para que eu também não precise fazer o mesmo — ele fala e sinto como se ele tivesse se arrependido pelas palavras rudes que me disse, mesmo não tendo falado diretamente isso.

— Então sim, Bruno eu aceito.

— Você também será remunerada pelo serviço, não se preocupe.

— Não estou preocupada, olhe para mim, Bruno, você já tem me
dado muito mais do que um salário mensal seria capaz — falo e sinto
vontade de acrescentar que apesar de tudo ele tem feito por mim, não apenas financeiramente, mas ele me trouxe à vida novamente.

Sinto como se antes de Bruno, eu estivesse presa em um limbo, o
meu pai se colocou nessa posição e me manteve presa junto com ele,
toda a minha vida estava estagnada, não havia mais motivação alguma, era apenas sobrevivência. Bruno me fez enxergar tudo sobre uma nova ótica, uma nova perspectiva das coisas se descortinou à minha frente, e eu precisava reconhecer isso.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora