Capítulo 8

93 4 0
                                    

— Cadê o meu pai? — pergunta com a voz mais firme do que eu imaginei que teria,principalmente na situação em que se encontra.

Lucarelli dá um passo para o lado, revelando a mim e os meus
irmãos. Há um silêncio costumeiro que nos acompanha quando chegamos à cela de um prisioneiro e entramos no recinto.

É quase um cortejo fúnebre e no fundo é isso mesmo, nós
anunciamos e conduzimos a morte por onde passamos.
Entramos na cela e me ponho à frente.

— O que você quer? — pergunto.

— Meu pai — responde rapidamente.

— E por que você acha que ele está aqui? — questiono.

— Ele não está? — interroga confusa.

— Eu faço as perguntas e você responde — afirmo e vejo sua boca tremular.

— Alguém me falou que um de vocês o pegou — fala após um tempo em silêncio.


— E você acreditou? — Ergo uma sobrancelha.

— Eu já o havia procurado em todos os lugares e não o encontrei — fala e noto tristeza e preocupação em sua voz.

Analiso a criatura em minha frente, face pálida, olhos tristes, olheiras imensas que se sobressaiam ainda mais pelo choro recente. Ela está
envolta em um sobretudo negro muito maior do que o seu pequeno corpo.


Talvez eu tivesse piedade e não há torturasse antes de matá-la,
embora me parecesse jovem, a menina em minha frente aparentava já ter sofrido o bastante por uma vida.

— Quem você acha que eu sou? — pergunto para saber se a criatura
aparentemente frágil sabe com quem está lidando.

— Não, Sim... — Demonstra sua confusão. — Quer dizer, ouvi
algumas pessoas falarem e acho que estavam certas. — completa e
eu fico admirado com a sua coragem, tenho que admitir. No fundo,talvez, ela realmente não saiba o perigo que corre.


— Fico honrado que já tenha ouvido falar de mim, — soo sarcástico— mas pode ser mais especifica sobre o que lhe disseram?

— Que você era o próprio demone encarnado — fala de uma vez,
demonstrando a coragem que achei que não possuía.

— E você acha que estão certas quanto a isso. — afirmo com um
sorriso que muito diz em meus lábios. — Interessante.

Nesse momento, eu quero lhe mostrar que eu sou realmente o
demônio, só para deixar claro que eu mando em tudo, inclusive nela e em seu destino.

— Eu não quero saber de nada além do meu pai, só quero o meu pai,me diga onde ele está — fala com a voz firme e eu acho graça.

— Muito apressada você — falo.

— Se eu estivesse no seu lugar, tentaria retardar o momento e não o apressar — Douglas fala atrás de mim, demonstrando que todos estão totalmente atentos à nossa interação.

Como se tivesse jogado gasolina em uma fogueira, vejo labaredas de raiva nos olhos da menina e ela se joga sobre mim, com a intenção de me estapear, eu acredito.

Seus punhos se chocam uma vez apenas sobre o meu peito e eu a
contenho sem muito esforço. Se fosse um homem forte e robusto, eu o faria com facilidade, sendo ela pequena,magra e aparentemente
frágil, só fez da minha ação de contenção mais rápida e menos prazerosa.

Eu sempre valorizo uma boa luta antes de uma contenção qualquer,
mas a mulher, que mantenho segura pelos pulsos, parece que vai quebrar a qualquer momento se eu colocar um pouco mais de força em minhas mãos.
Doso a medida da força, pois ainda não chegamos na fase da tortura.

AprisionadaPeloChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora