Capítulo 12

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“Foi assim que eu me forjei como sou, com a capacidade de ir contra tudo e contra todos, inclusive a mim mesmo

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“Foi assim que eu me forjei como sou, com a capacidade de ir contra tudo e contra todos, inclusive a mim mesmo.”

— Menina tola — afirmo quando Douglas explode em uma gargalhada atrás de mim, sendo repreendido imediatamente por Lucas— Você não sabe o que está dizendo.


Movo minhas pernas, ela de repente se agarrou em mim como um sanguessuga quando encontra sua presa, ela entende e ainda no
chão se afasta.

— Sei sim, eu sei que vai mata-lo e eu estou propondo que fique
comigo e o liberte — fala as palavras com a voz trêmula, tenta
demonstrar a segurança e o conhecimento das consequências do seu pedido, mas sei que está com medo.

— E você suportaria a tortura até a morte — falo quando ela me olha, nossos olhos travam um no outro e o medo, ou melhor, o pavor que enxergo ali me incomodam um pouco e eu não entendo o porquê.

Talvez seja o fato dela querer trocar sua vida pela de seu pai,valorizando a sua família que no caso é apenas ele. É isso com certeza, para mim la famiglia é o que mais importa e aparentemente para ela também.

Já tive pessoas em situações piores do que a dela em minhas mãos e não me comovi, isso me incomoda um pouco, mas tento não focar nisso e continuo com o que importa.

— É isso que fará com ele? É isso que está fazendo com ele? —
pergunta em prantos e eu descubro que a sua tortura acaba de ter início.

— Talvez — Ergo uma sobrancelha, sem negar ou confirmar o que ela disse.

— Eu aguento, seja o que for, senhor, eu aguentarei, mas liberte o meu papá. — A menina fala com uma coragem que me surpreende
demais.

Suas lágrimas, de repente, secaram e ela tenta demonstrar uma segurança que eu sei que de fato não tem, e aqui, ela ganha um
pouco do meu respeito.


— Tudo bem — falo para testá-la.

— Assim fácil? — pergunta surpresa.

— O que foi, ragazza? Já se arrependeu? — questiono.

— Não, nunca — afirma e eu consigo ler perfeitamente em seus olhos a segurança com sua decisão. — Pode me levar.


— Para onde? — questiono com uma sobrancelha erguida.

— Para o lugar onde você mata os seus prisioneiros, você deve ter
um lugar para isso. — Tenho que admitir, ela está sendo mais
corajosa do que pensei.


— Não preciso de um lugar para isso. — Aproximo-me dela como um predador acuando sua presa — Eu posso matá-la em qualquer lugar, inclusive aqui, agora.

Prendo-a entre a parede e o meu corpo, deslizo o cano da minha arma por seu rosto e as lágrimas vertem dos seus olhos, começo a sentir o cheiro do medo da morte, que exala pelos poros da ragazza.
Não vou mentir, eu gosto de ser temido, assombrar os meus prisioneiros antes de mata-los me faz bem, mas de uma forma estranha não gosto de sentir isso nela.

Eu nunca tive compaixão, mas é exatamente isso que sinto por essa menina, seu corpo magro e pequeno contrastando com o meu, grande e forte. Eu posso não ter uma visão completa, mas sei que ela está magra demais, mais do que deveria.

Olhando-a de tão perto, não deixo de notar os traços bonitos do seu
rosto escondidos pela fome dor e sofrimento. Seus olhos são janelas
para a sua alma e eu não consigo enxergar nada dentro deles. É
como se toda a esperança tivesse se esvaído, e novamente fico
incomodado por não me satisfazer com esse pensamento.

Será que essa menina pode ser útil em algo para mim, de repente
não sinto tanta vontade de matá-la quanto antes.

Estranhamente, tenho um sentimento de proteção por alguém que não seja os meus irmãos, e isso me incomoda, os que me seguem não podem ver a confusão em meus olhos e ações. Um chefe da máfia jamais demonstra o que sente, e pela primeira vez eu estava sentindo.

— Vamos — falo quando me afasto dela, mas sem ainda desviar os nossos olhos.

— Para onde está me levando? — pergunta.

— Para onde eu quiser — falo e sigo em direção à porta.

Passo pelos três e sigo pelo corredor, parando de frente para a cela 03, por um instante penso que não deveria deixa-la ver o estado em que o seu pai se encontra.

Tenho certeza que quando abrirmos a porta, o cheiro de fezes e urina tomará todo o ambiente, sem contar que com a quantidade de água e
alimento que ele tem ingerido nos últimos dias, há também a
possibilidade dele ter desmaiado.

Lucas me olha, questionando se eu realmente farei isso, de nós três ele é o que mais pondera as ações, não é como se ele fosse
diferente, não matasse ou não concordasse com tudo o que nós
fazemos, mas ele tem um lado humano que eu e o Douglad não
cultivamos, Lucas prefere não matar ou torturar quando de fato não for necessário.

— Seu pai está aqui — afirmo quando Lucarelli se aproxima da porta para abri-la, ele assim como os meus irmãos entenderam que eu a faria vê-lo naquelas condições, morto ele não estava, porque todas as celas possuem câmeras e nós as monitoramos o tempo inteiro.

— Por favor, eu não quero vê-lo. — Não entendo o seu pedido, e
procuro em seu rosto algo que me leve à alguma mentira que tenha
contado até aqui e não encontro nada, por isso pergunto.

— Não estou entendendo — Ergo uma sobrancelha em sua direção e Lucarelli para as suas ações, aguardando minha ordem — Primeiro você diz querer trocar de lugar com seu pai, querer morrer em seu lugar, e agora não quer vê-lo? Acha que eu tenho tempo para ficar com joguinhos?


— Desculpe, senhor — fala com um fio de voz — Tudo o que eu mais queria era ver o meu pai uma última vez, mas prefiro que ele pense que eu fugi, o abandonei, não quero que ele viva com a culpa de eu
ter me sacrificado por ele.


— Chefe — Douglas fala, me tirando do torpor e surpresa que eu estava,desvio os meus olhos para o meu irmão, esperando que ele conclua sua fala, mas ele não o faz, seus olhos se mantem nos meus e eu entendo o seu pedido silencioso para que eu não deixe nosso prisioneiro ver a filha antes de morrer.

É como ceder ao último pedido de um sentenciado a pena de morte,mas nós nunca concedemos um último desejo a qualquer pessoa,percebo que as suas palavras sinceras comoveram não apenas a mim, embora eu não tenha demonstrado isso, mas comoveu também ao meu mais impiedoso irmão.

Sabia que qualquer um dos dois matariam qualquer pessoa que eu
mandasse, Douglas o faria com prazer e satisfação inigualáveis. Entendi que se desse a ele a função de matar a menina, ele não iria questionar minha decisão, porém não teria qualquer prazer ao fazê-lo.


— Me poupe de sentimentalismo, menina — falo e com os olhos
ordeno que Lucarelli abra a porta.

Ninguém pode saber o que eu sinto, penso repetindo o mantra que quando ainda recém iniciado eu entonava em minha mente de forma ininterrupta. Foi assim que eu me forjei como sou, com a capacidade de ir contra tudo e contra todos, inclusive a mim mesmo.

As portas se abriram e assim como imaginei, o cheiro imundo do ambiente tomou todo o lugar, nós já estávamos acostumados a isso, mas ela não, queria ver como lidaria com essa situação,principalmente por ser seu pai a criatura inerte jogada ao chão.

(A:a mulher mexeu cm todo mundo)

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