42. Achei que você fosse gay

5.1K 257 67
                                    

Cheguei atrasada no trabalho, porque mais uma vez, dormi tarde por conta das travessuras de Maxon. Fui para a casa dele domingo a noite e hoje, quarta feira, ainda estava lá.

— Olá dorminhoca — Lipe disse, quando cheguei, colocando o avental em mim — dormiu bem?

— Não dormi nada — reclamei — Maxon não sossega.

— E você está reclamando?

— Não. Nem um pouco.

Eu e ele rimos.

— Olha, a Luana estava querendo falar com você — Lipe disse — e aquela cliente insiste em ser atendida por você.

Ele apontou para uma mulher alta, de cabelos castanhos.

— Eu? Mas por quê?

— Não tenho ideia. É alguém que você conheça, ou já atendeu?

— Não lembro.

— Melhor ir logo. Depois vá falar com Luana.

Assenti e fui em direção a mulher.

— Oi, boa tare — eu disse, simpática — posso ajuda-la?

— Você é America Singer?

— Sim, sou eu. Está procurando algum livro em especial?

— Livro? Ah não. Eu sou colunista de uma revista.

— Não entendi.

— Só estamos procurando saber mais sobre você. Não está namorando o Maxon Schreave?

— Isso é pessoal.

— Não tanto. Vocês já saíram em outras revistas juntos.

— Olha. Eu estou tentando trabalhar aqui.

— Se você não der sua versão da história, nada nos impede de criarmos.

— O que? — perguntei, descrente.

— Você parece ser uma garota de poucas posses. E está namorando o cara mais rico da cidade. O que isso dá a entender querida?

— Opa, muito bem. Chega por hoje! — Lipe disse, surgindo ao meu lado — Vamos querida. Aqui não é local para isso.

Lipe conduziu a mulher para longe, e voltou para mim.

— Eu ouvi tudo, porque eu estava escondido ali atrás — ele disse — desculpe. Você está bem?

— Vai ser sempre assim, não é? — perguntei, segurando as lágrimas — as pessoas me julgando como oportunista?

— Lamento querida. Isso se chama inveja.

— Melhor eu ir procurar a Luana. Obrigada por me livrar dessa.

Lipe assentiu e eu fui para o escritório da Luana. Bati e ela pediu para entrar.

— Oi America, sente-se — ela pediu, sorrindo.

Assim que me acomodei e voltei a olhar para ela, seu sorriso tinha se desfeito.

— Está tudo bem querida? — perguntou.

— Sim. Claro. Lipe disse que você queria falar comigo.

— Você não está bem. Conte-me o que aconteceu.

Contei o havia acabado de acontecer, sem muitos detalhes. Luana balançou a cabeça em desaprovação.

— Eles não têm bom senso algum. Você quer ir para casa?

— Não. Já estou bem. Acho que terei de me acostumar com esses falsos julgamentos.

A Seleção - Uma vida normalOnde histórias criam vida. Descubra agora