Me viro de frente para encarar os vampiros ali e sei que não consigo esconder a minha surpresa. Era você... O homem dos meus sonhos – neste caso o vampiro dos meus sonhos – estava no mesmo lugar que eu.
Haviam três enormes cadeiras em uma área mais alta, haviam cinco degraus até chegar ali. Na cadeira à minha esquerda, o homem sentado ali parecia entediado. Sua face refletia bem a frase "morto de tédio". Seu corpo tombava para o lado de uma forma que parecia estranhamente desconfortável. Seus cabelos longos eram de um tom castanho escuro, quase preto. À direita, havia um homem de cabelos loiros e olhar agressivo. Seu maxilar estava travado como se odiasse tudo aquilo. Ele parecia ser poucos anos mais velho que eu, mas eu sabia que não era verdade. Por fim, o homem do meio estava em pé, as mãos unidas como se estivesse orando. Ele deveria ser uns cinco centímetros maior do que eu e havia um sorriso em seus lábios avermelhados. Seus olhos vermelhos eram a única coisa em comum com seus irmãos. Os Volturi. Marcus, Caius e Aro. Quando eu encarei o último, seu sorriso sumiu e vi seus olhos arregalarem, surpresos.
- Aro – ouço o vampiro à esquerda chamar, sua voz extremamente tediosa e arrastada, como se ele tivesse dificuldade em falar. Sua mão estava estendida na direção do irmão e Aro a pega, virando para encará-lo. Meu coração acelera e eu o ouço em meus ouvidos. Ótimo momento pro meu coração gritar como louco, numa sala repleta de vampiros bebedores de sangue humano.
- La mia cantante – ouço a voz do Aro e ela atinge meu coração, enviando uma descarga elétrica por meu corpo que me deixa arrepiada. Entendo as palavras, mas não compreendo o que ele quis dizer com aquilo. Vejo Caius encarar os outros dois irmãos surpreso e olhar de volta pra mim.
- Tem certeza? – questiona ele com uma voz autoritária.
- Acha que há como burlar os dons de Marcus, irmão? – questiona Aro soltando a mão de Marcus e se virando para mim. Aro avançou em nossa direção e o movimento fluiu com uma graça tão surreal que fiquei estarrecida e boquiaberta. Fiquei ainda mais pasma quando ele se aproximou flutuando e pude ver seu rosto. Não era como os rostos extraordinariamente atraentes que o cercavam. Era impossivelmente mais belo do que Edward, as feições eram perfeitas. Mas ele era tão diferente dos vampiros a seu lado quanto eles eram de mim. A pele era de um branco que parecia muito sedoso e ao mesmo tempo muito delicada — era um contraste chocante com o cabelo preto e comprido que emoldurava seu rosto de anjo. Senti um impulso estranho e apavorante de tocar sua face, para ver se era mais macia do que a de Edward ou a de Alice.
Vejo uma vampira pequena e loira me encarando com desgosto, como se me odiasse. Como ela era a única mulher ali, descubro rapidamente quem ela era: Jane.
- Edward, que bom revê-lo – Aro para de frente para Edward e o cheiro que eu tanto senti em meus sonhos estava ali, desta vez real. Aquilo me dava água na boca. Ele afasta a mão de Edward da minha e a segura entre as suas, olhando para mim algumas vezes, quase fazendo meu coração parar.
- Fascinante – murmura ele depois de um tempo – Pena que ela não sente o mesmo, não é?
Olho confusa para Edward sem entender o que estava havendo. Ele vê a confusão em meus olhos.
- Aro pode ver qualquer pensamento que alguém já teve apenas com um toque – explica Edward e Aro solta sua mão, sorrindo novamente.
- Sim, mas o que eu não daria para ter a sua habilidade, Edward... entretanto, não consegue ver os pensamentos da jovem S/N – ele se vira para mim e move os lábios, claramente com sede. Ele parecia alguém que havia ficado tempo demais no deserto e finalmente encontrava água, mas não podia beber.
- Seu cheiro é tão... irresistível – declara ele e olha para Edward – Posso entender a dificuldade que tem para ficar perto dela, imagine para mim, sendo a minha cantante... Depois de todos esses séculos, fico surpreso que isso aconteça. Mas há algo que me intriga ainda mais: sua imunidade aos dons dos vampiros. Eu vi através das memórias da Jane as memórias da Alice sobre você e estava ansioso para conhece-la. Ver se é imune aos nossos outros dons. Jane...
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A Short Histories
FanfictionPequenas histórias (algumas nem tão pequenas assim) feitas por mim, mais no intuito de mantê-las em um local seguro e não perdê-las um dia.