A Short Histories

Betrayal (Michael Sheen)

               Um carro estaciona em frente aos portões de uma enorme casa próximo a praia. O motorista abre a janela do carro e toca o interfone. Uma voz sai de lá e o motorista se identifica. Os portões são abertos e nós entramos. Ele estaciona na frente da casa e eu saio do veículo.

- Pode deixar a mala aí, eu levo pra cima – diz o motorista.

- Certo, obrigada – eu caminho na direção da porta e toco a campainha. Alguns minutos depois dou de cara com a coisa mais linda da minha vida.

- Oi meu anjo! – digo me lançando no pescoço dele.

- Ah, você já chegou – diz ele desanimado, soltando uma risada sem graça. Eu me afasto dele séria.

- Não queria que eu viesse? – questiono. Era a primeira vez que eu estava em Port Talbot, a convite do meu namorado que parecia que ficaria mais feliz em saber quando eu iria embora ao invés de me ver depois de tanto tempo.

- Não, claro que eu queria. Eu te convidei, não foi? Entra – eu o sigo por dentro da enorme casa e reconheço a sala de estar.

- Isso aqui eu conheço – aponto para a sala de estar e a lareira de pedra.

- Ahn? – ele parecia perdido em pensamentos.

- A sala. Staged... – ele fica confuso por um tempo, até que ele estala o dedo.

- Ah claro, Staged – eu o sigo até um quarto – Esse é o meu quarto, você pode ficar aqui, se quiser. Tem mais quartos na casa...

- Não, eu fico aqui. Poderia me apresentar a cama... – digo tentando agarrá-lo, mas o celular toca notificação e ele o pega mais rápido que o Flash. Ele encara a tela e se afasta, esquecendo que eu estava aqui.

- Certo – falo pra mim mesma e entro no quarto, decidindo tomar um banho.

Quando saio do banheiro, minhas malas já estavam no canto do quarto. Abro uma delas e pego uma camiseta cinza e uma calça de moletom justa. Eu me visto e penteio os cabelos com os dedos mesmo. Pego um casaco cinza, par da calça, e visto, já que aqui em Talbot o inverno estava começando a chegar. Olho ao redor do quarto que era a cara do Michael, todo arrumado, alguns livros na mesinha de cabeceira.

Eu namorava com o ator galês Michael Sheen há um ano e meio, nós nos conhecemos através do Neil Gaiman. Eu era cantora e influencer, uma das maiores do mundo, então quando eu disse no Instagram que eu era louca por Good Omens, o Neil entrou em contato com meu empresário e me convidou para conhecer os estúdios da Amazon Prime, conhecendo de brinde o Michael e o David. Desde então, eu e o David viramos bons amigos e eu e o Michael, namorados. Ele era incrível, mas há quatro meses ele estava diferente, estranho, distante. Deveria ser trabalho demais, era o que eu sempre pensava quando ele mandava mensagem desmarcando a viagem até Londres em cima da hora, ou quando ele respondia minhas mensagens dois dias depois, ou não atendia minhas ligações. Era melhor do que pensar em outras coisas.

Saio do quarto e encontro o Michael na sala de estar, mexendo no celular, sorrindo. Ele usava calça de moletom escura e um casaco de moletom laranja, os cabelos penteados para trás. Me aproximo dele e ele rapidamente desliga a tela do celular. Eu me sento ao lado dele.

- Oi – digo.

- Oi – ele me beija, um beijo lento e demorado. Melhor, muito melhor agora. Enrosco meus dedos no cabelo dele, o puxando para mais perto. Ele então se afasta.

- Não está cansada da viagem? – questiona ele.

- Não, eu tô cansada dessa saudade que eu tô de você – meus dedos ainda estavam presos no cabelo dele. Michael sorri e volta a me beijar, me fazendo sorrir contra os lábios dele. Espero que as coisas se ajeitem.