My Lycan (Underworld)

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              Encaro mais uma vez meu reflexo no espelho da penteadeira do quarto onde eu estava alocada, dando uma última ajeitada nos cachos da franja de meu cabelo curto, cortado na altura da nuca. Ouço uma batida na porta.

- Entre – digo e a porta é aberta, entrando Amelia, a vampira que havia me criado como sua filha.

- Sinto falta de seu cabelo comprido – diz ela

- E eu nem um pouco – respondo.

- Devemos descer, está na hora – diz ela com sua voz doce, porém ninguém jamais ousaria desobedecê-la, além de mim, claro.

- Certo, vamos – eu me levanto e estico meus braços, os alongando. Ao me aproximar de Amelia, ela enlaça seu braço no meu. Eu não fazia ideia de quantos séculos de vida ela tinha, mas eu sabia que muitos. Eu era nova, faria cento e cinquenta anos daqui há algumas semanas. E eu e Amelia estávamos na mansão de Viktor, outro dos fundadores de nossa espécie.

Assim que chegamos ao salão do Conselho, havia bastante gente conversando entre si. Amelia e eu nos dirigimos até a parte mais alta do salão, onde Viktor estava assentado em um trono, sua filha Sonja ao seu lado.

- Viktor – cumprimenta Amelia.

- Amelia – responde ele com sua voz grave.

- Viktor – digo fazendo uma leve mesura na frente do vampiro líder. Quando volto a posição normal, eu o vejo estender a mão para mim e eu a pego.
- S/N, é um prazer vê-la mais uma vez após tanto tempo – diz ele beijando o topo da minha mão e eu sorrio – Ainda mais bonita do que antes.
- São seus olhos, já que eu não mudo há muitos anos – afasto minha mão da dele abrindo um largo sorriso e então ele some ao ver Sonja – Olá, Sonja.
- S/N – cumprimenta ela sem ânimo. Ela estava de calça, camisa e bota de couro brilhoso, enquanto eu usava um longo vestido vermelho sangue com corpete.
- Amelia? Por que não conversamos? Pode ficar a vontade, S/N – diz Viktor e eu apenas confirmo com a cabeça, me afastando, olhando ao redor.
Fico rapidamente entediada de toda aquela chatice e passo pelas enormes portas da entrada do salão, indo para os corredores e por fim para fora, olhando ao redor. Encaro o céu que estava repleto de estrelas, uma enorme lua branca brilhava no centro do firmamento, deixando a noite tão clara quanto o dia.
- Não deveria estar aqui fora – diz alguém parando ao meu lado.
- Você também não, Sonja – eu não a olho, minha visão fixa no belo céu acima de nós.
- Há males a espreita, criaturas que te destruiriam em segundos
- Deixe que tentem, eles nem saberão o que os atingiu.
- Com essa roupa? – rapidamente jogo a vampira no chão, enfiando sua cara numa poça de lama, meu pé em sua nuca. A mantenho com a cara na lama por alguns segundos e então tiro o pé.
- Sim. Com esse vestido – respondo e me afasto dela, voltando para dentro do palácio.
Durmo durante todo o dia seguinte, como qualquer outro vampiro, e acordo por volta das sete da noite. Tomo um banho e visto roupa de combate preta. Saio e encontro Amelia com Viktor.
- S/N, vai a algum lugar? – questiona ele.
- Gostaria de treinar um pouco, com sua permissão, é claro – digo.
- Você a tem. Vincenzo treinará com você – o vampiro chama um jovem de cabelos loiros e nós seguimos para fora, numa área aberta onde os vampiros eram treinados.

Narrador On
Lucian estava sentado na área ao redor dos muros, olhando para fora. Os guardas o ignoravam, como sempre. Ele era apenas um Lycan, um dos cachorros de Viktor, não possuía importância alguma além de seu sangue no início para criar novos Lycans. Agora, nem mesmo para isso ele tinha utilidade. O Lycan olha para suas mãos, calejadas de tanto trabalhar com ferro produzindo armas para os vampiros. Ele inspira fundo e sua mão direita toca a coleira grossa em seu pescoço, enormes spikes para dentro prontos para perfurarem sua garganta caso ele se transformasse sem permissão. Ele só tinha uma regra: jamais deveria tirar a coleira sem permissão. E ele jamais o fazia.
Seu olhar volta mais uma vez para fora, onde sua Sonja estava em algum lugar com outros caçadores. Ninguém sabia de seus sentimentos pela vampira, seria um escândalo e ele sabia que os dois pagariam, ele muito mais, sendo um escravo e ela a filha de seu capataz. Mas não podia impedir de sentir o que sentia por ela.
Então, seus ouvidos captam um som de luta. Ele se levanta e se guiando pelo som, vê duas pessoas lutando entre si, um treinamento. A lua estava alta no céu, então era fácil ver a feição de Vincenzo, enquanto o outro vampiro estava de costas. Era menor que o treinador, isso pelo menos era claro. Mas parecia estar perdendo para o loiro. Lucian vê outros vampiros se aproximarem para assistir a cena, como fizeram com ele quando criança. Ele até mesmo identifica Viktor e Amelia entre o grupo. O outro vampiro mal se esquivava dos golpes do loiro, mas ele o vê olhar para Amelia, como pedindo confirmação. Assim que a vampira confirma com a cabeça, o segundo vampiro desfere golpes tão rápidos em Vincenzo que deixa o vampiro atordoado. O segundo vampiro o derrota em pouco tempo, deixando Vincenzo jogado no chão. Quando a luta termina, Viktor ergue uma das mãos e todos fazem silêncio.
- Traga-me Lucian.

Ao ouvir seu nome, o Lycan se direciona para baixo, chegando até o pátio. O vampiro vencedor continuava de costas para ele, claramente muito menor do que Lucian.
- Eu quero ver vocês dois numa luta. Veremos qual de vocês sairá vencedor - ordena Viktor. Lucian se aproxima e se prepara para lutar, sem hesitação, como seguia todas as ordens de Viktor. Porém, o seu oponente se vira encarando Lucian, que fica paralisado em seu lugar. Não era um vampiro.
Era uma vampira.
A garota parecia ser muito nova, seu rosto angelical parecia ter 12 anos, talvez menos, mas ele sabia que ela tinha muito mais do que aparentava. Seus cabelos castanhos escuros eram cacheados e cortados bem curtos, seus olhos verdes como os de um gato. A garota o olha de cima a baixo e parte para o ataque, tirando Lucian de seu estado de torpor.
A garota parecia estar segurando sua força a cada golpe que desferia, na tentativa de alcançar o Lycan, assim como Lucian. Porém, como se realmente quisesse ser atingida, Lucian consegue lhe desferir um golpe na barriga, a fazendo cair há alguns metros dele.
- Lute pra valer! Não tenha pena desse cachorro! - grita Viktor e Lucian vê a garota se erguer, partindo como um furacão para cima dele, agora não mais retesando sua força.
Lucian era rápido e forte, mas a garota era muito mais que ele, mais do que qualquer vampiro que ele já havia visto. Ele não conseguia mais se desviar completamente dos golpes dela, enquanto nem conseguia tocá-la, era como se a vampira estivesse prevendo seus golpes.
E então, Lucian vê o golpe fatal: a vampira parte para cima de si com todo o ódio, mas quando está a poucos centímetros de tocá-lo, ela salta por cima de si, numa forma que deixa todos boquiabertos, a garota parecia uma pena de tão leve, como se fosse uma brisa no ar. Ela agarra os ombros de Lucian o jogando para trás, que cai de costas no chão. Ela coloca as pernas uma de cada lado do Lycan, a mão no peito de Lucian.
Porém, ele vê que a garota não o ataca, mas o olha com curiosidade. Ela sai de cima do Lycan e estende a mão para ajudá-lo a se erguer.
- S/N! Mas o que foi isso?! - rosna Viktor aparecendo ao lado deles.
- Não foi uma luta justa - diz Amelia.
- Seria justo se eu o machucasse? Ele está em desvantagem com essa coleira, não seria justo para ele - fala a garota e Lucian fica surpreso com a atitude da vampira.
- Se ele... - começa Viktor, mas a garota o interrompe.
- Viktor, chega. Vou para meus aposentos - ela sai, ignorando o líder dos vampiros.

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