- Não – Herold, o dono do jornal me olha de cara amarrada e eu fico surpresa com sua resposta.
- Ah, é sério? Pense nisso: uma entrevista com o dr. Martin Withly, um dos maiores serial killers da América, também conhecido pela mídia como O Cirurgião após dez anos de sua estadia no hospital psiquiátrico Claremont. Tem certeza que isso não seria um ápice de audiência?
- O que eu acho é que se nem a Ainsley que é filha dele conseguiu o fazer aceitar uma entrevista com ele, como é que você conseguiria?
- Eu tenho charme – digo mexendo nos cabelos e Herold revira os olhos – Por favor Herold, por favor, me deixa pelo menos tentar!
- Tudo bem! – ele ergue as mãos em sinal de derrota – Pode tentar, mas se ele disser não, eu vou dizer: "eu te avisei". Agora você tem um assassinato para cobrir.
- Combinado – saio da sala saltitando. Essa entrevista é minha.
Eu era a maior jornalista da região, a CNN até mesmo já estava interessada no meu trabalho e havia me feito uma oferta para fazer parte do time de jornalistas deles, daqui a um ano, quando meu contrato com a atual empresa se encerrasse. Ainsley Withly era a minha maior concorrente, ficando sempre em segundo lugar, mas dava o seu melhor para tentar me derrubar de meu pódio, algo claramente impossível.
Chego na cena do crime e não havia nenhum jornalista no local além de mim e minha equipe. Sorrio e tiro os óculos escuros. Desço da van da empresa juntamente com Gabriel, meu câmera e paramos na frente do edifício onde uma família inteira havia sido encontrada assassinada nesta manhã.
Quando termino de passar as informações ao vivo, Ainsley chega batendo os pés com força.
- Mas como é possível?! – ela estava furiosa... como sempre.
- Ainsley Withly, atrasada como sempre – digo sorrindo vitoriosa.
- Um dia... um dia eu vou descobrir como você recebe informação privilegiada e vou acabar com a sua raça – eu me aproximo dela.
- Vai sonhando queridinha. Nem todo o dinheiro imundo da vadia da sua mãe vai conseguir descobrir isso.
- Sua...! – ela tenta me bater, mas eu sou mais rápida e agarro seu pulso.
- Ainda tentando me bater, farmacinha? – eu a chamava daquele jeito por ela ser a única da família que era loira.
- Eu falei pra parar de me chamar assim – rosna ela e eu aperto um pouco mais seu pulso.
- Prefere que eu te chame de bastarda? Por que é a única lógica pra esse seu cabelo horroroso ser loiro – solto o pulso dela e me afasto, indo na direção da van.
- Pra onde? – questiona Dagon, meu motorista.
- Hospital Psiquiátrico Claremont. Temos uma entrevista para conseguir.
Ao chegar no hospital psiquiátrico e assinar a papelada que permitia visitantes, sou guiada pelos corredores até uma sala no fim de um deles por um guarda que deveria ter, no mínimo, dois metros de altura. Ele destranca a porta da cela que mais parecia um quarto extremamente aconchegante e faz sinal para que eu espere do lado de fora.
- Dr. Withly, o senhor tem visita – diz ele e faz sinal para que eu entre. – Não ultrapasse a linha vermelha.
A sala era de um tom marrom e muito ampla, um enorme tapete persa cobria a maior parte do chão e a parede do lado esquerdo havia uma enorme estante com vários livros bem organizados e uma mesa de madeira escura abaixo dela. Sentado numa cadeira giratória de frente para mim, as pernas cruzadas, estava um homem bonito demais para ser um serial killer.
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A Short Histories
FanfictionPequenas histórias (algumas nem tão pequenas assim) feitas por mim, mais no intuito de mantê-las em um local seguro e não perdê-las um dia.