S/N já tinha cinco anos e por mais que ela agora crescesse no mesmo tempo que uma criança normal, pra mim ainda era muito rápido. Seus cabelos brancos e lisos tocavam seus ombros e ela havia deixado para trás o corpo rechonchudo de bebê e agora tinha o corpo de uma criança. E claro, agora ela me deixava cansado muito mais rápido.
Eu estava dormindo quando sinto mãos no meu cabelo.
- Papai, acorda – ouço uma vozinha perto do meu ouvido e abro os olhos, vendo uma carinha sorrindo pertinho de mim. Caramba o sorriso dela é igualzinho o meu. Eu viro de barriga pra cima na cama e passo meu braço ao redor da cintura dela.
- O que você tá fazendo aqui? E como é que você saiu da sua cama? – ela sorri travessa.
- Eu escalei as grades – a cama dela tinha enormes grades ao redor justamente para que ela não fugisse.
- E como abriu a porta do meu quarto? – vejo um olhar de traquinagem em seu rosto.
- Eu subi na cadeira – eu me sento na cama ainda a abraçando.
- Quantas vezes eu vou ter que te dizer que não é pra fazer isso? Você pode cair e se machucar. Se fizer isso novamente eu vou te colocar de castigo e você não vai gostar, entendeu? – ela confirma com a cabeça.
- Eu só queria ver você... – choraminga ela.
- Quando quiser me ver, me chame, está bem? Eu abro a porta pra você, certo morceguinha?
- Certo – ela sorri e eu me levanto da cama, indo na direção do banheiro e fecho a porta atrás de mim.
- Papai? – ela me chama.
- Sim, querida? – respondo enquanto ligo o chuveiro pra tomar banho. Ela fala alguma coisa mas eu não entendo.
- Espera que quando eu sair você me fala – digo. Tomo um banho super rápido e já saio vestido. Ela estava se olhando no grande espelho do quarto.
- O que você tinha me dito, querida?
- Tia Vinda disse que tem um cara vindo pra cá – eu vou pra frente do espelho e arrumo meu cabelo.
- Sim, está vindo um homem pra cá.
- Ele é amigo seu?
- Sim.
- Como é o nome dele?
- Brian, mas todo mundo o chama de Marilyn.
- Ele tem dois nomes? – aplico perfume e me abaixo, pegando a S/N no colo e saindo do quarto com ela.
- Sim.
- Por quê?
- Porque ele é um cantor.
- E cantor tem que ter dois nomes?
- Só se quiser – digo. Ela estava na fase de me fazer mil e uma perguntas.
- Entendi. Pai?
- Sim, docinho? – eu puxo uma cadeira na sala de jantar e me sento, os criados rapidamente fazem meu prato e o coloca na minha frente.
- Eu queria um livro novo... – dou uma mordida numa fatia de pão.
- Você já leu os três que eu te dei?
- Sim, tinham poucas páginas – eu sorrio. Isso ela não herdou de mim não. Ainda bem.
- Senhor Grindelwald? – a Vinda aparece na entrada da sala de jantar – Marilyn chegou.
- Ótimo, diga a ele onde estou – a S/N pega o pãozinho de creme que estava no meu prato e lentamente o leva a boca enquanto me olha.
- Não, esse é meu – digo e ela sorri continuando a aproximar o doce da boca – S/N... não, não faça – ela morde o pãozinho – Sua... – finjo que estou a mordendo e ela começa a soltar gritinhos e rir.
- Olha só quem cresceu! – ouço a voz do Marilyn e eu o encaro. Ele estava com uma aparência normal, vestido todo de preto como sempre, mas estava sem maquiagem.
- Quem é esse,.pai? – diz a S/N dando mais uma mordida no pãozinho.
- Não fale de boca cheia. Este é o meu amigo que eu te falei, Marilyn Manson – o Marilyn se aproxima.
- Pode me chamar só de Marilyn, ou Brian – diz ele puxando um presente e estendendo a S/N, que pula do meu colo e o encara.
- Eu posso, pai? – eu sorrio.
- Claro.
- Mas ele é um estranho e o senhor disse que eu não posso aceitar coisas de estranhos!
- E não pode, a menos que eu permita. Então você pode – ela pega o presente do Marilyn e sorri.
- Obrigada.
- De nada – ela desembrulha com cuidado e sua boca forma um “O” de surpresa. Ela ergue o presente pra mim.
- É um livro de colorir com história! – ela estava radiante.
- Soube que você não gosta de bonecas – diz Marilyn e ela o encara.
- Eu odeio. Obrigada. Pai, posso ir lá pra sala pintar?
- Claro querida – ela se afasta saltitando e eu aperto a mão do Brian que se senta ao meu lado em seguida.
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A Short Histories
FanfictionPequenas histórias (algumas nem tão pequenas assim) feitas por mim, mais no intuito de mantê-las em um local seguro e não perdê-las um dia.