Lies (Crowley e Aziraphale)

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- Eu odeio festas de criança – lamenta Aziraphale enquanto caminhamos na direção do Bentley do Crowley, meu braço enlaçado no do mesmo.

- Foi você quem quis vir, anjo. E ainda fazer suas "mágicas" – diz Crowley e Aziraphale puxa um pombo branco da manga do casaco, já desfalecido. Ele faz um milagre e cura a ave, a soltando em seguida. Solto Crowley e caminho até o anjo angustiado.

- Sim, mas antigamente as crianças respeitavam os mais velhos, o que aconteceu com a educação?! – ele olhava de um lado pro outro, inquieto.

- A cada dia que passa os humanos ficam mais perversos, meu anjo – digo estalando os dedos e fazendo sumir automaticamente o bolo que estava grudado nele. Uma das crianças havia começado uma guerra de comida e o anjo não havia saído ileso como eu e Crowley.

- Obrigado querida – responde ele sorrindo tristemente.

- Quer saber, Azira? – eu sussurro – Eu acho suas mágicas muito boas.

- É sério?! – o anjo se anima e eu confirmo com a cabeça.

- Para de bajular esse anjo e vamos logo! – resmunga Crowley já no banco do motorista. Eu e Azira então tomamos nossos lugares: o anjo ao lado do demônio e eu no banco de trás. Me esparramo no banco de couro e Crowley dispara para longe da mansão.

- Ah propósito Crowley, você fica muito gato de branco – digo com os olhos fechados, a cabeça apoiada no encosto do banco.

- Eu fico muito gato de qualquer jeito – responde ele e eu quase consigo ouvir Aziraphale revirando os olhos.

- Sabe o que eu queria ver? Aziraphale de preto.

- Oh Céus, não dê ideias! – resmunga o anjo e Crowley pisa fundo no acelerador. Eu já estava acostumada aquele ritmo de direção, mas Aziraphale, não.

- Seria bem diferente. Eu já tentei vesti-lo assim, ele não deixa. Continua insistindo em se parecer uma parede de igreja com uma gravata xadrez.

- Xadrez é estiloso.

- É, nos anos cinquenta.

- S/N querida, o que acha de xadrez? – eu abro os olhos e encaro o anjo que estava virado para mim.

- Eu gosto de xadrez.

- Tá vendo? – Crowley nega com a cabeça.

- Puxa-saco – resmunga o demônio e eu sorrio.

Faziam meses que eu continuava voltando para a minha DR, eu amava aquela rotina de ficar com Crowley e Aziraphale, éramos ótimos amigos e eu sempre me divertia com os dois e eu havia descoberto algumas manias dos dois. Por exemplo: Aziraphale adorava comer e era exigente com a comida, já Crowley adorava ver o anjo comer e era fascinado por álcool, quanto mais forte, melhor, mas adorava papos-de-anjo e bolo de chocolate meio-amargo, embora ele jamais admitisse.

Eu já estava há algum tempo na minha DR, embora o tempo aqui se passasse mais rápido do que na CR e eu havia decidido que hoje voltaria para a CR. Quando estou no meu apartamento, depois de me despedir de Crowley e Azira, eu vou para minha biblioteca.

- Certo, hora de voltar. Bolinho Sumidinho, Bolinho Sumidinho, Bolinho Sumidinho – fecho os olhos e depois de alguns segundos eu os abro, mas ainda estava na minha DR. Estranho. Falo a frase mais duas, três vezes, mas não funcionou.

- Eu não entendo... já disse a frase, então por quê eu não consigo voltar? Tem algo errado, mas o quê? Eu tenho que voltar! Ou... isso é um sonho?

- Isso não é um sonho, querida – eu me assusto com a voz vinda de trás de mim. Eu me viro, surpresa.

- Anjo? O que vocês...

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