Crowley e Aziraphale sabiam muito bem que seria difícil criarem uma criança. Mas o difícil não foi lidarem com a pequena menina, que era como um anjo, mas sim com as pessoas ao verem dois pais andando com uma menininha pelas ruas de Londres. E por mais que o demônio tivesse batido na tecla que não queria uma criança, ele rapidamente havia se apegado a filha, querendo fazer de tudo com ela, querendo passar cada segundo ao seu lado. E Azira apenas sorria ao ver aquilo. Ele sabia que no fim, seria exatamente assim que Crowley agiria.
Quando S/N completou cinco anos, a maior preocupação de Crowley era mandar a menina para a escola.
- Precisamos fazer isso, Crowley! – dizia Aziraphale pela milésima vez.
- Anjo, podemos ensiná-la de casa!
- Ela precisa conviver com outras crianças, Crowley!
- Acha que as outras crianças não vão excluí-la por ter dois pais? Sabe muito bem como as pessoas são.
- Nem todos os seres humanos são homofóbicos, Crowley, pelo amor de Deus.
- Anjo!
- Chega, ela irá, eu já disse.
- Certo, mas não diga que eu não avisei.
Um mês depois, veio a confirmação para os dois.
Crowley e Aziraphale estavam na livraria do anjo quando o mesmo recebeu uma ligação.
- Como posso ajudar?
- Senhor Fell? – uma voz feminina ecoou do outro lado.
- Sim, sou eu.
- Aqui é Lizzie Summers, diretora da escola da S/N.
- Ah sim, sim.
- Estou ligando para pedir que por gentileza, você possa vir até aqui.
- Por quê? Aconteceu alguma coisa com a S/N?
- Não, ela... ela está na minha sala chorando e não quer voltar para a sala de aula. É melhor conversarmos pessoalmente, tudo bem? Não se preocupe, ela está bem, foi... um pequeno problema que... olha, é melhor o senhor vir aqui.
- Certo, estou indo – Aziraphale desligou a ligação e olhou apreensivo para Crowley – Era a diretora da escola.
- O que houve? – Crowley questionou já ficando preocupado.
- Ela disse que a S/N está na sala dela e se recusou a voltar para a aula, que chegou lá chorando.
- Vamos – Crowley se levantou e saiu da livraria, seguido pelo anjo. Os dois entraram no Bentley e dispararam na direção da escola.
Assim que entraram pelos portões da escola, encontraram a diretora do lugar, Lizzie Summers, uma mulher de quase quarenta anos, de pele negra e cabelos cacheados. Ela usava um vestido azul escuro e saltos de quase cinco centímetros da mesma cor do vestido.
- Sr. Crowley, sr. Fell – ela estendeu a mão, cumprimentando os dois.
- O que houve? – questionou Aziraphale.
- Onde está ela? Ela se machucou? – começou Crowley, apreensivo.
- Não senhor Crowley, ela está bem. Só... venham comigo – os dois a seguiram pelos corredores até sua sala. Quando ela abriu a porta, viram S/N sentada no sofá cor de vinho da sala, os cabelos ruivos e cacheados caíam abaixo de seus ombros.
- Papai! – ela gritou assim que viu Aziraphale (que foi o primeiro a entrar na sala depois da diretora).
Seus olhinhos azuis se encheram de lágrimas e ela começou a chorar. Aziraphale rapidamente se ajoelhou em sua frente, sendo seguido por um Crowley agoniado, querendo apenas fazer com que sua filhinha estivesse feliz novamente. Ele odiava com todas as forças quando ela chorava, não por causa que o som o incomodava – ela praticamente não fazia som quando chorava – mas sim porque ele odiava que ela ficasse triste. Ele queria dar toda a felicidade do mundo para ela, mesmo isso sendo contraditório com sua natureza demoníaca.
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A Short Histories
FanfictionPequenas histórias (algumas nem tão pequenas assim) feitas por mim, mais no intuito de mantê-las em um local seguro e não perdê-las um dia.