A Short Histories

Beautiful Body (David Tennant) - Part 1

- Todos prontos? Luz, câmera, ação! – grita o diretor. Me apoio silenciosamente em uma parede e fico observando a atuação dos atores naquele novo filme. Mas eu não me interessava pelo moleque de cabelos loiros com a cara idiota parecida com o Jamie Campbell Bower. Também não me interessava no idiota de regata cinza que interpretava um vampiro. Meu interesse era o homem que eu precisava maquiar. O homem alto e esguio com cabelos castanho claro, quase loiros. Ele ainda não havia chegado para gravar as cenas de hoje e eu realmente esperava que ele viesse. Meu dia ficava muito mais triste sem ele, embora eu jamais fosse admitir aquilo em voz alta.

- Oi docinho – ouço sua voz em meu ouvido e eu me assusto e fico arrepiada ao mesmo tempo. Sem perceber, esbarro em um monte de baldes (por que diabos tinham baldes aqui?) e eu os derrubo, fazendo um barulho ensurdecedor.

- Corta! O que foi isso? – grita o diretor interrompendo a cena.

- Desculpe! – fico morta de vergonha e escuto a risadinha do homem causador da minha vergonha.

- A culpa foi minha Tom, eu assustei a senhorita Miles! – ele continuava sorrindo.

- Miles, pro camarim agora!

- Sim senhor – eu passo pelo ator que ainda ria encarando os meus pés e praticamente corro pro camarim dele, sendo seguida pelo mesmo.

Assim que chego no camarim, vou direto para a ampla bancada branca, semelhante a uma longa penteadeira, repleta de produtos, desde produtos capilares a maquiagens. Fico ali entretida arrumando os frascos.

- Eu te dei um susto, não foi? – a voz dele vinha da porta e eu continuo focada em minha arrumação.

- Não se preocupe senhor Tennant, a culpa é minha – digo e ele para à minha frente, segurando minhas mãos. Ele toma a paleta de sombras que eu tinha nas mãos e a coloca de qualquer jeito na bancada, me fazendo encará-lo.

- Sabe que pode me chamar de David, pelo amor S/N! – ele sorri, divertido.

David tinha pele clara, o tom um pouco mais escuro que o meu. Os cabelos lisos tinham um tom claro, mas eu sabia que era tingido. Eu mesmo havia o feito. A cor natural de seus cabelos eram pretos. Ele possuía o rosto menos simétrico que eu já havia visto em minha vida: os olhos castanhos que pareciam verdes dependendo da luz eram um diferentes do outro, assim como as orelhas tinham formatos e tamanhos diferentes. O nariz dele era torto e o lado direito do lábio inferior era diferente do lado esquerdo. Seu rosto era repleto de sardas e sua pele tinha várias pintinhas, como as minhas. Ele solta meus pulsos e se senta na cadeira, começando a girar com ela.

- O que teremos hoje, senhora Miles? – eu reviro os olhos.

- Eu vou te bater com esse vaso de laquê – ele ri e para de girar. Eu vejo a paleta de sombras preta e eu a pego, pegando o pincel que precisava.

- Por que aceitou esse trabalho? – questiona ele tirando os óculos de grau e colocando na bancada, fechando os olhos em seguida. Toda aquela proximidade com ele me deixava com borboletas no estômago, mas eu ignorava o máximo que eu conseguia.

- Gosto de ser maquiadora. Conheço pessoas.

- Aposto que aceitou por minha causa – ele abre os olhos e ergue as sobrancelhas, malicioso. Eu bato o cabo do pincel em seu ombro, de leve.

- Ah claro, quem resistiria ao charme do grande David Tennant?

- Grande pra você, já que você parece uma tampinha – eu franzo o rosto e ele abre um sorriso largo.

- Ha-ha. Muito engraçado. Olha pra cima – ele rapidamente o faz e começo a aplicar lápis de olho preto na linha d'água. Quando termino, viro de costas para pegar uma base fluida, pra que não ficasse claro que ele usava o produto.