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O detetive Alec Hardy adentra a delegacia como um furacão raivoso, seu rosto fechado em sua carranca habitual. Ele odiava tudo: aquela cidade, as pessoas, o cheiro, a brisa do mar, os penhascos, tudo. Só havia uma coisa que ele não odiava. E as pessoas estavam começando a perceber isso.
- Miller, comandante - cumprimenta ele passando pelas duas que estavam paradas do lado de fora da sala dele.
- Ele nunca sorri? - questiona em tom baixo a comandante à Miller.
- Só quando ela está por perto - responde a detetive.
- "Ela"? Uma garota? Quem é ela?
- Sim, uma garota. Ela não deve demorar para chegar - a comandante e a detetive entram na sala do detetive Hardy e se sentam.
- Então, como estamos... - começa Alec, mas é interrompido quando a porta é aberta.
- Ela chegou - sussurra Miller à comandante.
- Bom dia gente! - cumprimenta uma garota. Seus cabelos eram de um loiro cor de ouro e lisos, caindo em ondas por suas costas. Sua pele era clara e seus olhos eram verdes. Havia um sorriso em seu rosto e dois copos de café em suas mãos.
- Bom dia - todos cumprimentam, exceto Alec, que fica meio embasbacado olhando para a garota.
- Com cara de quem chupou limão tão cedo, Hardy? Se continuar com essa carranca, vai ter rugas muito cedo - a garota provoca e ele fecha a boca.
- Cuide da sua vida, S/N - responde Alec e a comandante abre a boca, surpresa. Hardy jamais chamava alguém pelo primeiro nome.
- Mas eu estou cuidando - insinua a garota estendendo um dos copos para o detetive - Seu chá, senhor.
- Não gosto de chá - rebate ele.
- Claro que gosta, vovô - surpreendendo a Miller e a comandante, um rápido sorriso aparece nos lábios do detetive Hardy. Porém, tão rápido quanto surgiu, ele o reprime.
- Sabe que você fica muito mais bonito quando sorri - diz a garota e ele revira os olhos - Estou indo trabalhar, se precisar de mim, me chame!
A garota sai da sala, fechando a porta atrás de si. Alec continua a olhando por alguns segundos, até que se volta para as duas mulheres na sua sala que o olhavam chocadas.
- O quê? - questiona ele.
- O detetive tem uma crush! - diz a comandante e ele abre a boca várias vezes como se fosse dizer algo, até que ele finalmente diz.
- Não seja imbecil. Por quê vocês duas não saem da minha sala e me deixam trabalhar? - as duas mulheres se levantam e saem, rindo baixo entre si do lado de fora. Alec cerra os olhos e inspira profundamente, olhando mais uma vez para a garota que sentava de costas para sua sala.
- Hardy? - o detetive leva um pequeno susto ao ouvir seu nome e uma leve batida na porta. Hardy ergue os olhos.
- Que horas são? - questiona ele tirando os óculos e esfregando os olhos.
- Quase meia noite - responde S/N.
- Precisa de alguma coisa? - questiona ele.
- Estou indo a casa de chá aqui perto e pensei se você não gostaria de fazer uma pausa - o detetive guarda os óculos.
- Não, eu preciso resolver isso.
- Você não vai solucionar um caso dentro dos próximos minutos. Vamos, detetive, será dez minutos, no máximo - ele a encara em silêncio por alguns segundos e expira de forma audível.
- Tudo bem, vamos - ele se levanta, pegando seu casaco e o vestindo por cima do terno.
Assim que os dois saem da sala, todos olham para eles. Miller ergue as sobrancelhas, mas Alec a ignora, colocando um cachecol ao redor de seu pescoço e o puxando sobre os lábios.
Alec e S/N andam em silêncio por quatro minutos, o tempo que levaram para chegarem a casa de chás. Assim que estavam dentro do estabelecimento, os dois suspiram ao sentirem o calor que emanava do recinto, do lado de fora estava extremamente frio.
- Vou pegar nossas bebidas - diz a garota.
- Toma - Alec tira a carteira do bolso.
- Não, não precisa - diz a garota e se afasta rapidamente para que o detetive não insista em pagar. Em menos de dois minutos ela volta com dois copos de chá e dois saquinhos de papel.
- Aqui está, pedi o seu favorito - ela estende um dos copos e Alec o pega - E peguei um bolinho de chocolate pra você também.
- Eu não gosto de bolinhos - responde ele pegando o saquinho da mão da jovem.
- Claro que gosta, Alec.
- Não me chame assim.
- Você tem um nome tão bonito, não sei porquê não gosta dele - a garota se afasta dele, saindo do estabelecimento, sendo seguida pelo detetive alguns segundos depois.
Os dois andam em silêncio até chegarem a uma ponte. S/N se aproxima da proteção lateral e encara o lago congelado. Alec Hardy para a seu lado, bebendo seu chá (ele havia devorado seu bolinho muito rápido).
- É lindo - diz a garota olhando fascinada para o lago congelado.
- É frio - resmunga Alec.
- É lindo e frio. Como você - o detetive a olha chocado, mas a garota não olhava para ele - Alec?
- Não me... o que é?
- Por quê veio para cá se você odeia tanto esta cidade? - a garota se vira para encará-lo, encostando na proteção da ponte.
- Penitência - responde ele dando um último gole em seu chá. A garota o olha como se compreendesse bem o que ele dizia.
- Sinto muito.
- Não sinta. Não quero sua pena. Droga, está frio, vamos, precisamos voltar para o DP - a garota apoia seu copo no muro de proteção e caminha até o detetive, ficando a poucos centímetros dele. Ficando na ponta dos pés, ela segura o rosto de Alec, suas mãos estavam quentes, ela puxa o detetive para um beijo, o deixando estático. Ela não se demora no gesto e quando termina, ela o encara.
- Talvez isso te aqueça - responde ela e sorri, as bochechas corando. Ela se afasta, pegando seu copo e jogando no lixo. Ela começa a andar, mas Alec continuava travado em seu lugar. Quando ela percebe que ele não está andando, ela se vira.
- Hardy? Não vem? - questiona ela. Alec anda até ela e os dois começam a caminhar juntos. S/N se assusta ao sentir os dedos gélidos do detetive enlaçando os seus.
- Deveria ter pego luvas - resmunga ele - Parece que meus dedos vão cair.
- Não vão, eu não deixo - diz a garota soltando uma risadinha.
- Não ouse contar sobre isso a alguém - manda Alec.
- Não se preocupe com isso, Alec.
- Dá pra não me chamar assim?
- Não mesmo.
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A Short Histories
FanfictionPequenas histórias (algumas nem tão pequenas assim) feitas por mim, mais no intuito de mantê-las em um local seguro e não perdê-las um dia.