ENTRE O AZUL E O INFINITO

Uma Revelação

Ele estava enfeitiçado.
Era o que Satoru acreditava estar acontecendo com ele em este momento. Desde que Yuji tinha surgido em sua vida seu mundo que sempre tinha sido apático e cinza, agora era rico em cores brilhantes. Toda a sua constante sensação de solidão tinha sido preenchida por uma luz cegante. E isso só podia significar que estava preso em um feitiço extremamente poderoso. Entretanto não era uma reclamação, ao contrário, ele estava extasiado por isso. Jamais tinha se sentido tão feliz em sua vida. Seja fosse um encantamento ou não, algo era mais do que certo.
Gojo Satoru estava... Enlouquecidamente... Perdidamente... Infinitamente... Apaixonado por Itadori Yuji.

Ele não conseguia se conter, nem mesmo tentava. Sempre que via o garoto menor o beijava como se dependesse disso para viver. E o mesmo acontecia com Yuji. Suas mãos aferradas a sua roupa com desespero eram prova o suficiente. Para Satoru era algo novo e fascinante esse ânsia de sempre querer estar perto de Yuji. Jamais tinha sentido essa necessidade antes, nem mesmo com seus pais. Satoru jamais em toda sua vida desejou tanto ter o amor de alguém como desejava o do seu pequeno Yuji-Kun.

Sabia que esse amor o faria alguém melhor, sentia que se o tivesse poderia sorrir de verdade. Yuji trazia a superfície tudo aquilo ao que ele preferia manter seguro dentro de se. O garoto de cabelos rosados era o único ao qual Satoru deixava ver todos as suas faces, todos os seus segredos, todos os seus medos e inseguranças. Ao lado de Yuji sentia que pela primeira vez podia ser ele mesmo. Não o personagem ao qual tinha criado para não sofrer, para não ser visto como alguém insuficiente e fraco.

Porque por mais que se mostrasse arrogânte e orgulhoso, Satoru ainda era só um garoto cheio de temores e receios. Alguém que as vezes necessitava de um ombro amigo ao qual recostar sua cabeça, de palavras reconfortantes quando sentia seu mundo ruir, de um abraço quando a solidão o envolvesse com seu frio manto. E por algum milagre divino, tinha encontrado tudo isso e mais em Yuji.

Ele era como um sol dourado que aquecia sua pálida e fria pele. E Satoru que sempre ódio aquela bola amarela que flutuava no céu gargalhando de sua desgraça ao ter olhos sensíveis a luz. Agora era grato por ter um ao qual chamar de seu.

-Sempai isso é injusto.

Yuji murmurou quando Satoru juntou suas frentes e beijou a ponta de seu avermelhado nariz. O envolveu com suas delgadas mãos, as repousando em sua cintura, enquanto as do menor acariciavam por cima do uniforme os seus largos ombros.

-...Yuji?!

Satoru e Yuji se viraram surpresos ao ouvirem uma voz a porta, estavam tão imersos em sua bolha de paixão que não ouviram quando ela tinha sido aberta.

O maior viu como Yuji o empurrava para trás e se afastava as presas dele. Sentiu um aperto doloroso em seu peito por aquela ação, não mentiria dizendo que aquilo não o feriu. Mas entendia por que o fez. Yuji estava aterrorizado. Seus olhos vidrados, fixos em quem estava parado a porta, suas mãos trêmulas segurando a barra de seu uniforme negro. Tudo nele indicava que estava com medo, Satoru tinha total certeza que para Yuji, este era o momento mais assustador que vivia em toda sua vida.

Mas Yuji não estava só. Não estava desde que tinha esbarrado e o derrubado em plena rua a meses atrás. Desde aquele dia mesmo que não admitisse, Satoru tinha sido flechado por aquele garoto de cabelos rosados e sorriso brilhante. Agora que estavam juntos, não tinham porque fugir ou se esconder. Enfrentariam tudo de frente e principalmente unidos.

Caminhando até ao lado do mais baixo, soltou sua mão que segurava a camiseta com força e entrelaçou seus dedos, ela estava fria e encharcada de suor. Satoru a apertou e Yuji levantou sua cabeça. Ver tanto pavor naqueles olhos acastanhados com pequenas manchas avermelhadas o fez querer o abraçar e nunca mais o soltar. Acariciou com o polegar a pele suave do dorso de sua mão e sorriu reconfortante com uma clara mensagem.