Lágrimas

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Yuji estava petrificado, não sabia como agir, não sabia como se sentir. Naquele momento era apenas uma estátua de sal prestes a se desfazer.

Durante seu tempo de convivência com Sukuna o viu ficar zangado, irritado, enojado; viu sua paciência ser levada pelo vento como grãos de areia, assim como o viu demonstrar sua compreensão, bondade e gentileza. Acompanhou suas explosões de irá desenfreada a seus sorrisos de sutis movimentos a um grande e brilhante em seus lábios.

Entretanto Yuji jamais o tinha visto chorar. Era algo inconcebível, inacreditável, impossível. Seu gêmeo não chorava, nunca, em hipótese alguma. Itadori Ryomen Sukuna era uma homem que não derramava nem uma única lágrima sequer, nem por nada, nem por ninguém.

Ainda assim neste momento seu rosto estava manchado por uma incessante chuva de lágrimas e para Yuji aquele instante se repetiria infinitamente em suas lembranças.

Ainda assim neste momento seu rosto estava manchado por uma incessante chuva de lágrimas e para Yuji aquele instante se repetiria infinitamente em suas lembranças

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-...Sukuna...

-Eu me lembro de tudo. -Disse olhando para o teto. -Você sempre teve sua cabeça vazia, então não deve se lembrar... Mas eu me lembro de tudo... De tudo.

-...

-E por me lembrar, eu cresce me perguntando... E se eu não tivesse a ouvido e subido para o nosso quarto para pegar o seu casaco?! E se eu tivesse te levado junto comigo?! E se eu tivesse dito a ela que esperaria junto a você, enquanto ela o pegava?! -Revelou. -...Mas eu subi aquelas escadas, eu peguei o seu casaco e quando cheguei a sala vocês já não estavam... Você já não estava. -Olhou para Yuji. -Ela tinha te levado e me deixado sozinho para trás.

-Eu... Eu não... Sabia.

-Não tinha como você saber... Você sempre se esquecia facilmente de tudo, mas eu sempre estava com você... Segurando sua mão, sendo seu apoio assim como você era meu... Mas então eu fiquei só e você se foi, levando junto toda a alegria dos Itadori.

-Sukuna...

-Depois daquele dia tudo mudou... Todos nós mudamos. -Comentou. -Para continuarmos a procurar por você, fomos morar em Tokyo, mas este não foi o único motivo. Nenhum de nós conseguia mais viver naquela cidade, com todas as lembranças de você pairando pelo ar. -Colocou suas mãos nos bolsos de sua calça. -O vovô ficava o tempo todo no pátio traseiro da casa, onde ele costumava contar histórias para você, o nosso pai trabalhava até a exaustão, para ficar o máximo de tempo possível com sua mente ocupada... E quanto a mim... Eu dormia em um quarto em que eu constantemente via sua cama vazia, frequentava uma escola onde todos perguntavam onde meu irmão gêmeo estava... Tudo me lembrava você e como eu não pude impedir que ela te levasse embora... Todos estávamos definhando lentamente... Morrendo de dentro para fora.

-...

-Então para que continuássemos a viver, o papai decidiu que devíamos vir para está cidade e que o melhor a se fazer era deixar algumas lembranças para trás. -Suspirou. -Ele quis se desfazer de seus pertences, mas eu me neguei... Eu sentia como se ele quisesse te esquecer... Que eu te esquecesse. -Cobriu o rosto com as mãos. -Mas eu era apenas um garotinho assustado e não podia fazer muita coisa, ainda assim eu não permitiria que você fosse apagado de minha vida, então em um momento de distração dele eu peguei algo para mim. -Um sorriso triste se espalhou por sua face. -O moletom amarelo que você sempre usava e o pequeno tigre de pelúcia que você dormia abraçado... Por muito tempo eles foram para mim o único laço que nos unia, a única coisa ao qual me fazia lembrar, que você em algum momento esteve ao meu lado.

ENTRE O AZUL E O INFINITOOnde histórias criam vida. Descubra agora