Sentimentos

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Sukuna se sentia um lixo.
Uma gigantesca montanha de restos podres e desprezados.

Ele gostaria de culpar alguém por estar em tão péssimo estado, mas o único culpado era ele mesmo. Suas ações impensadas, foram o que o trouxeram até o presente momento.

Estava em sua sala de aula, a cabeça apoiada sobre a mesa, enquanto seu olhar estava perdido na direção do céu azul. Sukuna gostava de se sentar próximo a janela, sempre que estava entediado, deixava seu olhar se perder em qualquer coisa que chamasse sua atenção, mas agora aquele local o deixava mais melancólico do que realmente se sentia.

Solitário.
Sukuna se sentia imensamente só.

Podia ver o professor explicar algo, ver os alunos responderem aos seus questionamentos, ver seus amigos conversarem entre se, porém não conseguia se concentrar o suficiente para compreender algo que diziam.

Nem mesmo tinha vontade de ir até a casa de Satoru e o matar por Yuji ter dormido ali na noite passada. Sukuna não confiava no garoto mais velho, e apesar de não ter provas, tinha certeza que as intenções dele com o pequeno Itadori não eram as mais nobres e puras. Além de que os dois não terem vindo ao colégio aquele dia, era realmente suspeito. Ainda não conseguia acreditar nas palavras que seu irmão o disse, no telefonema que o acordou de manhã. O albino ter se resfriado e que ele decidiu ficar para cuidar dele, era pouco aceitável. Em poucas semanas chegaria a estação do verão, resfriados eram mais comuns no inverno. E mesmo assim, ele poderia contar nos dedos de uma única mão, as vezes que o viu doente. Toda a situação o deixava desconfortável, mas não tinha ânimo o suficiente para se aprofundar na questão.

Suspirando pela vigésima vez só na última hora, se lembrou da noite daquela maldita festa na casa de Gojo. Naquela mansão enorme, grande o suficiente para que cinco famílias vivessem, foi onde começou seu martírio. Se não tivesse bebido tanto. Se não tivesse o seguido. Se não tivesse discutido e apenas aceitado todas as suas palavras incoerentes.

Agora não se sentiria tão quebrado.
Agora não desejaria não ter um coração.
Agora não veria sempre arrependimento nos olhos de Fushiguro Megumi.

-Ei bela adormecida! -Uma voz soou ao seu lado. -Vai ficar aí o dia todo, ou vai para a lanchonete conosco.

Se virou e viu Toji o observando com um sorriso debochado. O ignorando, levantou e se encaminhou a saída, sem se importar se ele estava o acompanhando ou não. Não possuía  entusiasmo ou paciência para ter alguém ao seu lado naquele momento. E de todas as pessoas que poderia relevar a presença, Toji definitivamente não era uma delas. Ter o irmão da pessoa que afligia sua mente próximo, só tornaria a situação mais grave.

Percebendo a aura obscura que o rodeava, todos abriam caminho para que passasse, sabiam que ele tinha uma personalidade horrível, mas que essa se tornava extremamente pior, quando estava irritado.

-Mestre! Aqui! -Suspirou sentindo uma veia pulsar em sua têmpora, só existia uma única pessoa que o chamava assim.

-Droga! Já disse para não me chamar assim, Uraume. -Exclamou jogando sua bandeja com comida sobre a mesa e se sentado ao lado direito da garota.

-...Que raro você não estar comendo um obentô com Yuji no terraço. -Nanami comentou.

-Hoje era o dia dele os preparar não era? -Uraume disse como se não fosse algo importante.

-Como você sabe quais são os dias que Yuji deve os preparar? -Shoko que estava a esquerda de Kento e a frente dela, questionou com um sorriso provocativo. -Você não acha que sabe demais sobre os irmãos Itadori?

ENTRE O AZUL E O INFINITOOnde histórias criam vida. Descubra agora