Laços

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Yuji não era alguém da manhã, jamais foi, infelizmente este era o horário que deveria se levantar, para chegar antes do último toque de entrada. As vezes sentia falta do seu tempo no colégio interno, lá sempre acordava poucos minutos antes do início das aulas.

Ele estava de frente ao espelho do banheiro de sua casa, se questionando como deveria matar o seu namorado.

Já fazia alguns dias desde que ele e Satoru tinham dormido juntos pela primeira vez, as bochechas de Yuji ainda se tingiam de vermelho ao se lembrar de cada beijo, cada toque, cada palavra quente que o albino tinha dito, enquanto devorava seu corpo, sobre aquela cama de lençóis brancos.

Se sentia envergonhado.
Envergonhado e excitado.
Desejava ter Satoru o adorando novamente, como se ele fosse alguma divindade, mas ao ver, que apesar dos dias terem passado, todas as marcas que o garoto mais velho deixou despreocupadamente em seu corpo, recusavam a desaparecer, seu instinto assassino o consumia.

Entretanto não eram um incômodo, assim como seu corpo estava coberto por mordidas, arranhões e marcas de beijos, Satoru se encontrava exatamente igual. Mas diferente dele o garoto de óculos escuros não téria que dar explicações a ninguém, não tinha um irmão que sempre desconfiava de tudo e todos.

Aquele dia Yuji chegou em casa antes que Sukuna, se sentia nervoso, teria que evitar que seu irmão se aproximasse, quem poderia saber o que ele iria fazer, talvez em um momento de fúria cega, arrancaria suas vestes para ver se sua honra ainda estava intacta. Ele não tinha dúvidas que se seu irmão vísse seu corpo profanado, não existiria nada, nem ninguém que pudesse o impedir de extinguir a vida de Satoru.

Contra todas as possibilidades que imaginou, Sukuna não fez absolutamente nada. Para Yuji foi mais assustador do que se ele tivesse invadido seu quarto e o ameaçado. Ao ver seu irmão o observar por alguns poucos segundos sem qualquer interesse e em seguida ir para o quarto, o garoto menor foi ao seu encontro. Apesar de a horas atrás ter se decidido que o melhor a se fazer era o evitar o máximo de tempo possível, a curiosidade o venceu. Mas tudo tinha sido em vão, já que por mais que insistisse, quase implorando, Ryomen jamais abriu aquela porta.

Já fazia algumas semanas que o Itadori via algo de incomum em Sukuna. Desde que tinha conhecido seu irmão, ele se mostrou como alguem que sempre tinha um olhar determinado e uma resposta mordaz na ponta da língua. Mas agora sua expressão era sempre apática e sua mente vivia longe, ignorava todos ao seu redor, sem dar real importância a qualquer fato diante de seus olhos. Parecia que tudo tinha se tornado opaco e insípido para ele.

O mesmo acontecia com Megumi, por mais que o perguntasse se estava bem, este sempre afirmava que sim. Yuji esteve tão ocupado pensando em seus sentimentos por Satoru e depois no próprio, que tinha deixado de lado os vínculos com seu irmão e seu melhor amigo. Duas das pessoas mais importantes de sua vida.

Se sentia culpado e triste, sempre esteve pendente de qualquer assunto que os afligia e então de repente sua mente tinha sido completamente consumida por Gojo Satoru. Agora que estavam em uma relação concreta, os dois deveriam se dar um pouco de espaço um ao outro. Era óbvio que Satoru não gostaria, Yuji tinha percebido que o albino não gostava de estar só, e verdadeiramente não era seu desejo que ele estivesse, porém por mais que o maior criasse uma cena dramática, ele deveria ser firme e de modo algum ceder ante os seus encantos. Era tempo de estar com sua família e seu melhor amigo. O último que Yuji desejava era ver os laços que os uniam se desfazerem como folhas secas ao vento.

 O último que Yuji desejava era ver os laços que os uniam se desfazerem como folhas secas ao vento

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