Azar

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Yuji se considerava a pessoa mais azarada que existia sobre a face da terra. Não existia alguém a quem o azar gostava de perseguir mais do que ele.

Desde sua infância até a sua adolescência, a sorte não esteve presente em quase nenhum momento. As vezes parecia até mesmo, que em suas costas existia um grande alvo pintando e que este era necessário ser atingido constantemente pelas flechas do azar, para que a vida humana pudesse continuar a viver em paz e harmonia.

Naquele dia não tinha sido diferente, tinha acordado tarde por seu alarme não ter disparado e ao se levantar da cama, caiu ao chão como uma fruta podre, por seu pé ter se enroscado nos lençóis. Depois quase caíu novamente, desta vez nos ladrilhos úmidos do banheiro, que seu irmão não tinha secado como se devia, ao terminar foi para a cozinha e ao chegar descobriu que tería um café da manhã escasso, porque a draga voraz que era Sukuna, tinha devorado tudo o que tinha encontrado, deixando apenas migalhas para ele. Apesar de tudo, não se incomodou totalmente, ele já tinha feito o mesmo com seu irmão gêmeo algumas vezes.

Teve uma refeição simples, um copo de leite aquecido demais, que queimou a sua lingua e um sanduíche com tudo o que restava na geladeira, o que não o deixou muito apetitoso e provavelmente o deixaria com dor de estômago mais tarde.

Depois que saiu de casa, mesmo já estando a varias quadras de distância, teve que retornar para buscar seu celular ao qual tinha esquecido, por isso chegou tarde ao metrô e perdeu o trem que deveria pegar. Como se aquela manhã já não tivesse sido conturbada o suficiente, por um problema em um vagão o próximo trem somente chegou horas depois.

Tentando não ficar irritado por todo o acontecido, decidiu ouvir um pouco de música em seu fones de ouvido, apenas para descobrir que não tinha os trazido. Depois de ficar o que para ele foram horas, ouvindo um bebê constantemente chorar e duas senhoras falando sobre como a cor de seu cabelo era horrível, desembarcou na estação desejada.

Com várias horas de atraso chegou a Roppongi, onde encontraria uma pessoa muito especial para ele. Tinham combinado passar aquela tarde juntos; assistir um filme, comer em uma lanchonete, não tinham um plano específico, apenas queriam passar um tempo de qualidade juntos, como não passavam já a um certo tempo, depois de enviar uma mensagem avisando que tinha chegado ao local, se surpreendeu ao ver que estava fechado.

Quando seu convidado chegou, se desculpou por não ter pesquisado se o lugar estaria aberto naquela tarde, porém o homem simplesmente disse que não era sua culpa e que essas coisas aconteciam. Não tendo outra opção a não ser de encontrarem outro lugar para comerem juntos, caminharam pelas ruas a procura, tinham muitos lugares aos quais poderiam ir, entretanto nenhum deles os convencia a entrar, até que finalmente encontraram uma cafeteria que parecia ser a indicada.

O cardápio de comidas não possuía nada que parecesse ser atrativo para os dois, no final decidiram por cafés, ele pediu um Mocha e seu acompanhante um Cappuccino. Infelizmente ao saírem do local com suas bebidas quentes em mãos, um garoto de cabelos loiros de no máximo dez anos esbarrou neles, derrubando o líquido sobre seus corpos, assustado ele fugiu os deixando para trás, cobertos do conteúdo que estava em seus copos.

Com suas roupas úmidas e exalando uma forte fragrância de café e leite, a tarde que passariam juntos definitivamente estava arruinada, pois não podiam permanecer nas ruas naquele estado lastimável. Sem muito o que fazer, Yuji o convidou para ir até o seu apartamento no centro da cidade, para que pudesse se limpar e se aquecer.

Ao chegarem a porta com o número 218, entraram já retirando as vestimentas molhadas. Yuji o mostrou a onde era o banheiro e foi para o seu quarto trocar de roupa e procurar uma que fosse grande o suficiente, para que o outro homem pudesse usar.

ENTRE O AZUL E O INFINITOOnde histórias criam vida. Descubra agora