Satoru caminhava de um lado para o outro nervoso. Tinha convidado Suguro para dormir em sua casa, aquele seria o dia em que contaria a seu amigo, que ele e Yuji estavam namorando.
Como podia não estar nervoso, tinha tantas dúvidas e tão poucas certezas. Sua mente borbulhava com imagens de um Suguro o reprovando, dizendo o quão errado era o que estava fazendo, de seu amigo o dando as costas. Tinha medo, muito medo.
Estava no escritório de seu pai, costumava ir ali quando se sentia inseguro. Não sabia porque, mas o aroma de cigarros que desprendia da habitação, assim como o cheiro de madeira e de livros o acalmava. O que não estava acontecendo naquele momento, seu coração cavalgava em seu peito com força e suas mãos estavam encharcadas de suor, talvez deveria ter aceitado quando Yuji disse que poderia o acompanhar. Mas tinha recusado, preferia enfrentar seu melhor amigo sozinho, por mais assustado que estivesse.
-Satoru?
Ouviu alguém o chamar e se surpreendeu ao ver Suguro à porta. Quando ele tinha chegado?
-...Entre.
-Confeso que fiquei surpreso quando me convidou para dormir em sua casa. -Entrou e parou a sua frente. -Já faz algum tempo que não fazemos mais isso. Ao menos, não apenas nós dois
-Humm...
Um silêncio incômodo e pouco comum, começou a os asfixiar como fumaça.
-Você está bem? -A voz de Suguro soava preocupada.
-Suguro... Vamos caminhar um pouco.
Seu amigo o olhou com duvidas, mas assentiu e o seguiu até a porta.
Satoru não sabia como poderia dizer a verdade a Suguro, não poderia simplesmente falar. Queria ir com calma, mas não com tanta calma, já que possívelmente se acovardaria e não diria nada.
O garoto de cabelos brancos levou Suguro até o lugar onde mais brincavam quando eram crianças. A sala de música. Em sua infância Satoru odiava aquele lugar, era obrigado por seus pais a ficar horas e horas sentado em frente à aquele piano negro, aprendendo a tocar melodias, quais nunca realmente quis aprender. Mas então um dia, Suguro tornou aquele local mágico e divertido. Tudo começou quando ele se escondeu ali em uma brincadeira, e por mais que Satoru dissesse para sairem imediatamente, ele se negava. E assim seu amigo, sempre que brincavam, se deitava nos caros tapetes bordados e o garoto que naquela época, mesmo sendo tão pequeno já usava óculos escuros, não podia fazer nada além de o acompanhar.
Os anos tinham se passado, mas tudo continuava exatamente igual. Os mesmos móveis, os mesmo instrumentos, os mesmo tapetes. Satoru caminhou até as grandes portas de vidro e as abriu revelando o balcão de pedra da varanda externa, no horizonte era possível ver uma linda paisagem, por mais que o sol já tivesse se posto.
Satoru se apoiou na pedra fria e suspirou. O medo da rejeição o petrificava, por mais que ele se mostrasse forte. O garoto sempre estava rodeado de pessoas, mas eram poucas as quais ele poderia chamar de amigos. Porém ele as apreciava com todo o seu coração. Seus pais sempre estava viajando, tinha sido praticamente criado pelos empregados de sua casa. Por isso Satoru tinha certeza que ser rejeitado por eles não faria qualquer diferença em sua vida. Entretanto com Suguro era completamente diferente, ele era mais do que um amigo, era seu confidente, sua voz da razão quando era necessário, um ombro ao qual se apoiar, era seu irmão de alma. Alguém que queria ao seu lado por toda a eternidade.
-Você vai me dizer o que está acontecendo, ou apenas ficará olhando para o nada como um idiota?
-Ei Suguro!? Nós sempre... Nós sempre seremos amigos, certo?
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ENTRE O AZUL E O INFINITO
FanfictionItadori Yuji um adolescente que teve o seu mundo virado de ponta cabeça, quando a verdade sobre seu passado foi revelada. Seu pai estava vivo. Ele tinha um irmão gêmeo. Que mais surpresas o destino poderia colocar em seu caminho a partir de agora? A...