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Estou constantemente à beira de tentar te beijar — Arctic Monkeys, Do I Wanna Know

Victor

Meu carro estaciona na calçada e eu quase salto fora dele. Eu poderia ligar para ela, mas ainda não tenho o seu maldito número de celular.

Eu deveria ter pensado antes de voltar. O que eu vou fazer? Gritar no portão dela que nem um idiota?

Mas não preciso fazer nada disso porque Ayleen sai de dentro da casa. Deve ter escutado o barulho do carro.

Ela fica da porta me observando. Seus olhos se voltam para os meus pela primeira vez desde que nos beijamos. O que será que ela tá pensando?

Como se um campo magnético nos atraísse, ela caminha lentamente em direção ao portão. Um passo de cada vez. Ela é linda.

Quanto mais ela se aproxima, mas posso ver a dúvida e, talvez medo, refletindo de volta para mim.

— Por que você voltou? Eu te falei pra ir — sua voz não está com tanta força quanto antes.

Decido ser honesto com ela e comigo. Respiro fundo e digo de uma vez. — Porque eu não consegui parar de pensar em você. Durante um maldito ano. Desde aquela porra de leilão. Tem ideia de como você tem fodido todo os meus pensamentos?

O portão de ferro entre nós dá todo um clima diferente.

— O-o quê? Do que você tá falando — seus olhos se arregalam com as minhas palavras.

— Você gosta de foder com a mente das pessoas? Com esse seu ar inocente e boca afiada? Que tipo de feitiço você jogou em mim?

Seus olhos se fecham com força e ela balança a cabeça de um lado para o outro.

— Você tá brincando comigo! Essa é a sua jogada? É assim que funciona o seu modus operandi? Fala todas essas coisas e depois descarta? — seus olhos se enchem de lágrimas.

— O quê? Eu nunca senti essa porra de sentimento agoniante por ninguém! Acha que eu gosto de te ter constantemente dentro da minha cabeça? Consciente ou inconscientemente? É a primeira vez que alguém me fode desse jeito! — quase rosno as palavras.

— Eu não posso... — uma lágrima solitária desliza por sua bochecha.

— Não pode o quê? — do que ela tá falando?

— Eu não posso me envolver com você — seca a bochecha com o dorso da mão.

Uma crise de riso tenta pôr as garras em mim, porém, consigo me conter.

— Acho que é meio tarde pra isso. Porque eu já tô completamente envolvido por você — é libertador dizer as palavras. Victor Agostini, o último dos românticos.

Ayleen engole em seco e não diz mais nada. Se minha cabeça está um turbilhão, imagina a dela. Acho que peguei pesado.

— Me deixa entrar... por favor? — peço, inseguro. Quem diria que eu iria me sentir inseguro perto de uma mulher. Um dia a gente cai do cavalo.

Ayleen me encara com incerteza. Nada me indica que ela me deixará entrar. Entretanto, contrariado os meus pensamentos, a menina destranca o portão e o abre, permitindo a minha passagem.

Ayleen

Eu não sei o que fazer. Me sinto ainda mais confusa do que antes. Eu prometi a minha mãe que não me envolveria com a família Agostini. Agora o filho do assassino do meu pai faz todo esse show na minha porta.

Minha vida poderia ser mais simples.

Eu estaria me enganando se negassem que também sinto algo por ele. Um sentimento ridículo. Quanto mais eu penso, mais confusa fico e isso não está me ajudando em nada.

Contrariando a mim mesma, permito sua entrada. O cabelo continua bagunçado e parece rir do meu desespero.

Victor passa por mim e os flashes do beijo também.

— Victor... — começo.

— Ayleen, eu entendo que você deve tá confusa, eu também tô — chega mais perto.

— Você não faz ideia — murmuro.

E a distância vai se fechando mais uma vez.

— Talvez sim, talvez não — sua mão toca na ponta da mecha do meu cabelo que está na altura da minha costela.

Por que ele precisa falar desse jeito?

Sua voz rouca e baixa não cooperam para o fim da minha confusão.

— Eu voltei porque não consegui parar de pensar... em você — beija minha testa —, nos seus lábios — beija a ponta do meu nariz —, no seu gosto — deixa um beijo casto sobre os meus lábios.

Se eu me aproximar mais do fogo, vou sair muito queimada... ou posso fazer um marshmallow quente no graveto.

— Por que eu? O que eu tenho de tão especial assim pro grande Victor Agostini querer um pouco do meu tempo — inquiro.

Não que eu tenha um sentimento de inferioridade, só é uma dúvida genuína.

— Você é real. Você não mede as palavras e fala o que quer na minha cara. E é assim desde o dia em que não quis tirar a máscara para eu ver o seu rosto — revela.

— Isso foi muito específico — sussurro de volta.

— Você não faz ideia — ele diz.

É muito difícil pensar com ele perto de mim. Não tem como tomar alguma decisão, se é que é preciso. Eu queria tanto poder conversar com minha mãe, de verdade. Ouvir o seu conselho. Ter a permissão dela?

— É melhor você ir. Sério. Tenho muito o que pensar e não consigo quando você tá tão perto assim.

— Vai ficar bem? Depois de tudo o que aconteceu mais cedo? — seus olhos miram os meus e vejo que sua preocupação é genuína.

— Vou ficar bem. De verdade — respondo.

Ele bufa e depois assente.

— Me dá o seu número — pede.

Recito o conjunto de números e ele salva no aparelho dele.

— Me liga. A qualquer hora que eu venho até você. Você não tá mais sozinha — Victor coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, cheio de intimidade.

Eu não tô mais sozinha? Será que isso é verdade?

Balanço a cabeça em concordância e nos afastamos.

— Vou esperar você entrar — me comunica.

— Tá bom — respondo.

Ando em direção à porta e me viro somente quando já estou lá. Aceno com a mão e ele retribui com um sorriso. 

O meu casal tá saindo? É isso mesmo, produção?? 🤧🤧🤧

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O meu casal tá saindo? É isso mesmo, produção?? 🤧🤧🤧

Deu a louca e tô aqui postando o último dos 4 capítulos de hj 🧡🧡

Votem e comentem 🦋

Alguém aí achou o Victor ousado???

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