⚭81

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E no final de tudo, era para ser — Allimidul Seohlub

Ayleen

— Chegamos a um veredito — o juiz declara.

Os advogados da Denise tentaram alegar insanidade. Para mim, ela nunca foi sã. Qualquer que seja o veredito, contanto que Denise fique longe da gente para sempre, não vou me importar com o seu final.

— Declaramos a ré culpada. Depois de uma análise psiquiátrica meticulosa, a pena deverá ser cumprida em uma clínica psiquiátrica. A ré demonstra ser incapaz de conviver em sociedade.

Olho para o Victor e seguro sua mão. Ele me corresponde com um aperto. Acho que cansou de ficar aqui, pois se coloca de pé e estica a mão para que eu acompanhe os seus atos.

— Vamos embora. Não temos mais nada pra ver aqui — sussurra enquanto me abraça.

Aceno e saímos do ambiente pesado. Não deu tempo de ver a reação da Denise, talvez a saída dele tenha sido por esse motivo. No corredor do tribunal, Victor encosta em uma das pilastras e tenta se recompor.

— Eu queria tanto que minha mãe tivesse tomado um rumo diferente. Ela nunca precisou chegar nesse nível. Me sinto mal por não poder fazer nada — seus olhos brilham com lágrimas contidas.

— Ela fez a própria escolha. Infelizmente, não foi algo bom. Eu também não queria que você estivesse passando por isso. Mas eu tô aqui com você e juntos vamos superar tudo isso. Um passo de cada vez, sem pressa. Tudo bem?

Ele assente e me puxa para um abraço. Me aninho no seu corpo em uma tentativa de lhe trazer um pouco de paz.

— Vamos embora? — pede, um bom tempo depois.

— Vamos.

O caminho de volta é um pouco silencioso. Mas tudo desmorona quando a noite chega. Está em todos os sites o resultado do julgamento, não tem como fugir disso.

— Ei — chamo-o.

Ele me devolve um olhar cansado. — Oi.

— Que tal a gente deixar os celulares de lado um pouco?

Victor suspira e assente. Desliga o telefone e deposita o aparelho na mesa-de-cabeceira. Depois, deita nas minhas coxas e eu faço carinho nos seus cabelos até que ele consiga relaxar ao ponto de pegar no sono.

SEIS MESES DEPOIS

— Casa comigo? — Victor me pede mais uma vez enquanto estamos deitados e nus.

— Eu não já aceitei? — beijo o seu pescoço.

O primeiro pedido veio dois meses depois do julgamento. Victor preparou um jantar romântico semelhante àquele que tivemos na pousada. A diferença foi só que ele estava no meio da varanda, iluminado por velas com uma caixinha de veludo azul da cor dos seus olhos.

Quando cheguei perto dele, se ajoelhou e fez o pedido. Aceitei imediatamente, sem nem pensar muito. E mais tarde naquela mesma noite, entre lençóis, me fez o mesmo pedido. E assim está há seis meses me pedindo para ser sua esposa todos os dias.

Levanto a mão esquerda mostrando o solitário no meu anelar. — Olha a prova aqui.

Victor pega a minha mão e beija em cima do anel. — Eu não me canso de ouvir você dizendo "sim".

Testando sua teoria, tenho uma ideia.

— Victor Agostini, você quer casar comigo? — é a primeira vez que pergunto.

DeclínioOnde histórias criam vida. Descubra agora