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A confiança deve ser conquistada e nem isso garante que estamos confiando na pessoa certa — Allimidul Seohlub

Victor

Atravesso a grande recepção indo em busca de informações. Há algumas mulheres sentadas nas poltronas espalhadas pelos cantos do local. O baixo burburinho preenche o ar.

Garçons andam de lado a lado carregando bandejas com taças de cristal e algum aperitivo que pouco me importa no momento. Chego ao balcão e me deparo com um homem que aparenta ter a minha idade.

— Bem-vindo à Rosa Garden, como posso ajudá-lo?

Leio o seu nome no pequeno broche dourado e respondo.

— Minha mãe marcou um almoço aqui — minto —, ela me aguarda, entretanto, não consigo entrar em contato. Poderia me informar em qual local ela tá, Jorge?

Jorge me escuta atentamente e acena positivamente. Foi fácil, graças a Deus.

— Qual é o nome de sua mãe, por favor — pede.

— Denise Agostini — digo, impaciente.

Ele digita algo em seu computador e me responde logo em seguida.

— Sua mãe utilizou o cartão fidelidade em uma de nossas lojas no terceiro andar. Buquê de Essências.

Então é assim que os clientes são controlados...

— Ok, muito obrigado, Jorge.

— Ao seu dispor.

Vou em direção aos elevadores e pressiono o botão. Há um cartaz colado na parede acima do botão. Leio os dizeres enquanto ele não chega.

"Jantar entre amigos. O clube Rosa Garden tem o prazer de convidar toda a membresia para o evento anual. Teremos como convidada de honra, Denise Agostini. Denise nos dará uma palestra com a temática voltada à família. Não deixe para última hora! Se informe em nossa recepção principal!"

— Só pode ser brincadeira — murmuro.

Denise vai dar uma palestra sobre família. Bravo! Quantas mentiras sairão de sua boca?

O elevador chega e eu tenho o desprazer de ver o mesmo cartaz colado à parede metálica. Ignorando o cartaz que parece queimar em minhas costas, clico no botão que indica o terceiro andar.

Uma música clássica toca suavemente. Contudo, isso não diminui a minha irritabilidade ou ansiedade. O efeito calmante, que deveria ser produzido, foi por água abaixo.

Um apito agudo é emitido e as portas se abrem. Assim que saio da máquina, quase sou atropelado por uma senhora que empurra um carrinho de bebê para pets.

Cuidado, querido — me alerta com a voz rouca e gasta.

O cachorro me analisa com desdém, se é que posso dizer. Ignorando-os, sigo em busca da loja Buquê de Essências.

Não demoro muito para encontrar. Entretanto, não preciso ir muito além. Denise já está saindo da loja. Suas mãos estão vazias, mas o segurança atrás dela carrega um monte de sacolas.

Em poucos passos determinados, alcanço-a e paro no meio do seu caminho, impedindo sua passagem.

— Oh, nossa, Victor. Que susto! — leva a mão ao peito.

Ela ameaça uma pessoa e vem fazer compras como se não fosse nada?!

— Preciso falar seriamente com a senhora — fito o seu rosto.

DeclínioOnde histórias criam vida. Descubra agora