Declínio

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E de te amar assim muito e amiúde, é que um dia em ter corpo de repente, hei de morrer de amar mais do que pude — Vinicius de Moraes, Soneto do amor total

Victor

Seus cabelos fazem cócegas no meu queixo quando o apoio em sua cabeça descansando em meu peitoral. Minhas mãos desenham círculos sobre suas costas nuas. Vejo sua pele se arrepiar, mas ela não diz nada.

Estamos em silêncio, apenas nos bastando da presença um do outro. Minhas mãos continuam passeando por seu corpo até se deterem em seu ombro. Noto algumas sardas no local.

Ayleen suspira profundamente e alinha sua cabeça.

— Tudo bem? — interrompo o silêncio.

— Mais do que bem — sua mão espalma no centro do meu peitoral e passa a unha com suavidade.

Agora sou eu que me arrepio.

A cama dossel está toda amarrotada e bagunçada. Estar com Ayleen é incrível de todas as formas possíveis. E eu não canso de pensar nisso.

Envolvo meus dedos em sua nuca e abaixo o meu rosto para próximo do seu. Sinto a textura de sua pele com as pontas dos meus dedos; acaricio suas bochechas, queixo e por fim, beijo a ponta do seu nariz.

Quase posso ouvir o seu ronronar, contudo, ela se afasta de mim subitamente e senta sobre minhas pernas. Estamos pelados, Ayleen, estamos pelados.

Ignorando o fato, ela desliza um pouco para cima. Ela tá tentado ser cruel?

Foco em seus olhos e me atento ao que ela irá fazer. Com gentileza, leva as mãos ao meu rosto e repete as minhas ações: com a ponta do dedo desenha cada detalhe de minha face. Ajeito minha posição e escoro-me na cabeceira da cama.

Certa parte do meu corpo deseja voltar à vida, no entanto, me concentro nela. Não sei se isso vai funcionar.

— Você é lindo — enfia a mão entre os meus cabelos bagunçados.

— Não, você é linda — enfatizo.

A morena solta um sorriso tímido. Mas logo fica séria.

— Não digo só por causa da sua aparência e nem por você ser bom no que faz — seus olhos brilham na última frase.

Meus lábios se esticam em um sorriso descarado.

Dois dedos são pressionados contra os meus lábios enquanto ela balança a cabeça negativamente. Aproveitando o momento, mordisco a ponta de um deles e depois dou um beijo.

Como resposta, Ayleen passa a outra mão no meu pescoço em direção à minha orelha esquerda.

— Você não tem jeito — puxa meu lóbulo suavemente.

— Tá me punindo? — reclamo.

— Não — se aproxima e beija a minha testa.

É uma sensação tão boa que fecho os meus olhos.

— Eu tava dizendo — retoma o assunto — que você é lindo — suas mãos massageiam minha nuca.

Abro os olhos e foco nela.

— Você é tão bom e atencioso — beija a minha têmpora esquerda. — Eu tenho sorte — beija a têmpora direita.

Eu sinto o calor de suas palavras me aquecendo. Você me tem enrolado em seus dedos.

— Ninguém tem mais sorte do que eu, Ayleen. Você é completa. Tímida, ousada, inteligente, decidida — ela bufa quando digo essa última palavra.

Ela se move no meu colo e alguém começa a ficar animado.