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Agora está tudo bem, certo? — Allimidul Seohlub

Ayleen

Sinto-me bem depois de botar para fora tudo que mantive preso durante todo esse tempo. Eu não sabia que ansiava por esse dia até finalmente poder contemplar o momento de estar do seu lado.

E agora estou aqui, após uma dia cansativo, longe de tudo. Consigo enxergar o quão tola fui por ter feito com que esperasse por tanto tempo. Não adianta mais ficar se lamentando.

Victor se levanta e vem em minha direção, se agachando ao lado da minha cadeira. Ele estica a mão e espera pela minha. Tudo em silêncio. Me viro um pouco para sua direção e levo a mão livre para sua.

— Me promete uma coisa? — sinto sua mão quente e seu olhar suplicante.

— O quê? — sussurro de volta.

— Me ouça mesmo que esteja com raiva, não vá embora sem ao menos saber o meu lado da história. É uma via de mão dupla; farei o mesmo por você. Não quero ir dormir mais nenhum dia sem antes saber que estamos bem um com o outro — leva minha mão para os seus lábios.

Fico olhando para ele sem acreditar. Às vezes nem parece real. Cada atitude, cada gesto que me demonstra; o calor dos seus olhos...

— Eu prometo, não vou ser mais cabeça dura — solto sua mão e levanto da cadeira, imitando sua pose.

Victor abre os braços e me enfio no seu abraço caloroso, mas acabo não medindo a força. Nós dois nos desequilibramos e eu caio em cima dele. Ele, então, aproveita o momento para fechar os braços em minhas costas, sinto o seu peito tremer.

Levanto a cabeça e esquadrinho o seu rosto só para me deparar com os seus lábios esticados em um sorriso.

— Acho que você tá bem — constato e deito a cabeça em peitoral.

— Nada pode me deixar chateado. Você tá aqui — seus braços me apertam um pouco mais e quando percebo, também tenho um sorriso bobo nos lábios.

— Vou ficar assim por mais um tempo — fala, momentos depois.

— Uhum — concordo e fecho os olhos só um pouquinho. Não vai fazer mal a ninguém.

Acho que não tem um lugar melhor do que aqui.

Abro os olhos em um sobressalto. A primeira coisa que noto é que não estou mais deitada no peito dele. Sua mão descansa sobre o meu estômago e a cabeça no vão entre o meu pescoço e ombro.

Não me lembro de como vim parar aqui. Claro, Victor me carregou durante o meu apagão. O sol entra timidamente por uma pequena fresta da janela. É tudo tão calmo; posso ouvir o canto dos passarinhos.

Victor se move tirando a cabeça do meu ombro. Aproveito o momento e me viro de frente para ele. Observo os olhos cerrados, os lábios levemente entreabertos e o rosto sereno. Luto contra a vontade de passar a mão pelos cabelos bagunçados. É melhor deixá-lo dormir mais um pouco.

Então me contenho em apenas admirá-lo. Gasto um bom tempo fazendo isso e só paro quando o meu estômago reclama de fome. Atendendo ao chamado da natureza, tiro o seu braço de cima de mim com delicadeza e saio da cama na ponta dos pés.

Vou até a saleta e peço o café da manhã. Enquanto não chega, vou jogar uma água no rosto para despertar de uma vez. Quando finalizo, olho mais uma vez para o Victor, que ainda dorme tranquilamente, e locomovo-me para fora do quarto.

DeclínioOnde histórias criam vida. Descubra agora