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Nada vai te machucar, meu bem. Enquanto você estiver comigo, você vai ficar bem— Cigarettes After Sex, Nothing's Gonna Hurt You Baby

Victor

Os olhos assustados e a respiração difícil não são as únicas coisas que vejo ao chegar na casa dela. Seu corpo está completamente imóvel, como se tivesse colada ao chão. Uma pessoa toda vestida de preto e encapuzada saiu correndo assim que meu carro estacionou na calçada.

Vejo de relance e a luz do poste bate em algo em sua mão que gera um reflexo. Uma câmera? O que esse fodido tá fazendo?

Meu primeiro impulso é querer ir atrás do sujeito, mas me deparando com o estado de Ayleen, não será muito bom que ela fique sozinha. Ela precisa se mudar para um lugar seguro, com câmeras de segurança e policiamento.

Ando a pouca distância que existe até o seu portão, mantendo meus olhar fixo no seu. Ela me encara e pode ser presunção minha, porém, vejo alívio refletido em suas írises castanhas. Essa menina não precisa passar por mais traumas.

Eu cogitei a hipótese de vim aqui ou não, mas no fim a melhor decisão foi ter a audácia de vir sem ser convidado.

Fiquei esperando que ela me ligasse para falar sobre o estágio. Toda vez que meu celular vibrava, me enganava pensando se tratar dela. Uma falsa ilusão. Com a impaciência reinando, e depois de um debate interno acirrado, peguei o meu carro e aqui estou.

Você só tá procurando desculpas para vê-la. O único que ainda não se tocou foi você.

Ignoro minha consciência e foco no que está acontecendo bem aqui. Ayleen não se moveu ainda.

— Ayleen, tá tudo bem, eu tô aqui — tento a tranquilizar. Se é que ela acha a minha presença tranquilizadora.

— Eu... — sua frase morre antes de ser concluída.

— Me deixa entrar? — aguardo enquanto ela parece sair do seu estado estático.

Ayleen balança a cabeça; fecha os olhos, abrindo-os logo em seguida e solta uma respiração entrecortada.

— Isso. Leve o seu tempo — aconselho-a.

Depois de levar mais tempo que o normal para abrir o portão, ela permite a minha entrada. Com olhos ainda assustados, fita a rua para ter certeza de que não há mais ninguém.

— Você tá bem? — deixando toda a minha cautela de lado, seguro o seu rosto entre minhas mãos.

Ayleen não mostra nenhuma oposição com minha atitude e sacode a cabeça afirmativamente, confirmando que está bem. Mesmo assim, continuo segurando o rosto suave da menina à minha frente.

A vontade esquisita cresce dentro do meu peito, me fazendo desejar tê-la sob à minha vista para que nenhum mal aconteça. Como se eu fosse capaz de protegê-la de tudo o que a assombra.

Assustado com o rumo dos meus pensamentos, solto o seu rosto e dou um passo para trás. Não precisamos disso.

— Que bom que tá bem. O que aconteceu? — limpo a garganta e pergunto com mais distância.

Ayleen também nota a minha mudança de atitude e se abraça, como se tivesse sido rejeitada. Porra, mas eu não faço nada direito? Sinto vontade de me dar um chute.

— Tem essa pessoa que parece me vigiar. Tudo começou depois que fui naquele leilão. Mas eu não entendo, minha vida não tem nada de interessante e nem sou rica. Não tem por que alguém ter curiosidade sobre mim — responde com a voz cheia de dúvidas.

Depois do leilão?

— Não se preocupe, vou resolver tudo — me pego falando.

Ayleen dá um sorriso murcho e acena em concordância.

Passado o susto inicial, aciono o alarme do meu carro e o silêncio impera entre nós.

— Vamos entrar? — Ayleen rompe a quietude. — Na verdade, o que você tá fazendo aqui?

A pergunta que não quer calar...

— Eu vim falar a respeito do estágio — não é uma mentira. Mas você só veio por causa disso?

— Achei que esperaria o meu retorno — Ayleen ergue uma sobrancelha.

Ela vira-se de frente e começa a caminhar para dentro da casa e eu vou no seu encalço.

— Bom, eu sou muito impaciente. Pode ser uma bênção ou uma maldição. Pensei que se você soubesse mais sobre a oferta de estágio, consideraria com mais vontade — do que eu estou falando?

Ela abre a porta de entrada, acende a luz e me permite a passagem, fechando logo em seguida. É a minha segunda vez aqui dentro. Na primeira vez não tive oportunidade de observar o espaço com muita atenção.

A sala pequena tem uma tv sobre um rack, com algumas fotografias da mãe dela, dela bebê, do pai; e um sofá cinza de frente à ela. Não há muita decoração, mas é bem aconchegante. Chego mais perto da foto do seu pai e sinto que conheço aquele homem de algum lugar

... Mas de onde?

— Você poderia ter ligado, não precisa vir — faz uma pausa —, mas foi bom que veio — sua voz soa atrás de mim com a última frase em um singelo sussurro.

Eu também penso assim.

— Eu não tenho o seu número — viro-me para a sua direção.

Ela me olha surpresa e se dá conta de que falo a verdade. Um sorriso vitorioso estampa o meu rosto. Ayleen faz uma careta.

— O que foi? — indago, em dúvida.

— Você deveria parar de fazer isso.

Confuso, pergunto mais uma vez: — Isso o quê?

Ayleen bufa e aponta para a minha cara. — Rir deste jeito aí.

Sem poder evitar, outro sorriso cresce.

Ela revira os olhos e muda de assunto. — Então, o que você queria falar sobre o estágio?

Com o sorriso persistente, penso no que falar.

— A empresa é nova no mercado, mas já tá sólida. O melhor é que fica a menos de 20 minutos de distância da universidade. Além de ser uma editora, é também uma livraria voltada não apenas para os clássicos, atua com autores iniciantes e com e-books — na medida em que vou falando, seus olhos se enchem de entusiasmo.

— Parece interessante — sua postura fica mais relaxada.

Suspiro e fico com uma pose mais séria.

— Ayleen, não deveria me meter, no entanto, seria melhor você se mudar daqui. A segurança aqui é precária, as ruas mal iluminadas e qualquer um pode pular esse muro — trago o assunto principal à tona.

Seus olhos miram os meus. Ela parece com... raiva?

Alguém avisa pra autora que eu quero romance????????🤡

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Alguém avisa pra autora que eu quero romance????????🤡

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