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O curso do amor verdadeiro nunca fluiu suavemente — William Shakespeare

Victor

Vou até a varanda e não a encontro. Onde será que ela tá? Descarto a hipótese de ela ter ido embora quando vejo sua bolsa em uma das espreguiçadeiras.

Entro e procuro mais um pouco. Quando passo pela biblioteca, vejo que a porta está entreaberta. Com certeza não deixei assim.

Adentro o recinto e a vejo cochilando sobre um dos puffs fofos. Seus lábios estão levemente abertos e suas mãos estão em cima do livro, que descansa sobre o seu colo.

Acho que foi um dia bem cansativo pra ela, podemos dizer.

Seu peito sobe e desce suavemente e os cabelos moldam o rosto delicado.

Ayleen fez uma boa escolha ao vir à biblioteca. Não seria nada agradável se ouvisse os insultos gratuitos de minha mãe. Tenho certeza de que nunca mais iria querer me ver caso tivesse escutado.

Me agacho e tiro o livro do seu colo e deixo sobre o carpete. Tomo-a em meus braços, carregando-a para o meu quarto.

Para a minha surpresa, Ayleen não desperta em momento algum. Realmente caiu no sono. Ajeito o sua cabeça sobre o travesseiro e enrolo o seu corpo delicado. Ligo o ar-condicionado e saio da suíte.

Desço ao primeiro andar e trago sua bolsa para dentro, e também aproveito para pegar o meu celular, desbloqueando-o.

Entro em contato, através de um e-mail, com a empresa de segurança a fim de mudar algumas credenciais e o controle de quem pode ou não entrar.

Feito isso, respondo alguns e-mails relacionados ao trabalho e subo. Chegando à suíte, constato que ainda dorme e pelo jeito vai até amanhã. Coloco sua bolsa sobre a mesa-de-cabeceira e recolho o seu vestido do chão.

Por fim, me rendo ao cansaço e me deito. Como da primeira vez em que dormimos juntos, puxo o seu corpo para perto do meu.

Ayleen se aconchega mais ao meu peito, repousando o seu ouvido sobre o meu coração.

Nem mesmo minha mãe pôde estragar isso.

Com esse pensamento, me entrego a um sono profundo.

Ayleen

Acordo meio perdida, quase igual a uma criança que vai parar no quarto e não sabe como. Olho para o lado e estou sozinha. Será que ele foi trabalhar e me deixou aqui? Mas eu tenho aula hoje. Devo tá completamente atrasada.

Porém, os pensamentos se dissipam assim que vejo Victor saindo do banheiro nu. Ele caminha tranquilamente e vai em direção ao closet. Não olha para cama, deve pensar que ainda estou dormindo.

Me aproveitando de sua distração, observo a vista com tranquilidade. Vejo sua bunda bonita sumir para dentro do closet com muita tranquilidade.

Demora alguns minutos para retornar, mas quando sai, está com um de seus ternos. Victor volta ao banheiro e constato que penteou o cabelo, pois os fios estão completamente alinhados agora.

— Vai ficar me encarando por quanto tempo? — ele vira-se para mim e caminha até a beirada da cama.

Levo um susto porque não achei que soubesse que eu estava acordada.

— Desde que horas você sabe? — sondo.

— Desde que sai do banheiro — senta-se.

— Foi de propósito? — me refiro ao show de nudez.

DeclínioOnde histórias criam vida. Descubra agora