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Eu consigo brincar de ser irresponsável — Belle And Sebastian, Funny Little Frog

Ayleen

Eu sei que não moro em um dos melhores bairros do mundo, e também sei que ele não está errado, mas isso não me impede de ficar chateada com as suas palavras.

— Nem todo mundo pode morar em um palácio como você! — digo a primeira coisa que me vem à mente.

Sua expressão fica incrédula.

— Isso não tem nada a ver! Só constatei um fato que tá bem claro. Não precisa ficar com raiva só por causa disso — se defende.

Palavras erradas, meu amigo.

Sem me dar conta, estamos nos aproximando. Um passo mais perto.

— A questão é que nunca aconteceu nada semelhante antes. Eu cresci aqui, foi só depois daquele leilão estúpido que as coisas começaram a ficar estranhas! — me altero.

— E você ainda quer continuar aqui? Discutir comigo não vai mudar o fato de que não é mais seguro pra você aqui — Victor também parece alterado.

Mais um passo.

Seus olhos azuis estão tempestivos. Suas sobrancelhas e lábios estão cerrados. Para completar o visual, os cabelos escuros estão lindamente bagunçados. Seu peito sobe e desce, talvez esteja se controlando porque eu estou o tirando do sério.

De certa forma, isso me agrada. Saber que eu consegui deixá-lo desse jeito. Mas também não estou muito diferente, a raiva e a adrenalina de brigar com alguém cresce no meu peito.

Eu devo estar ficando louca.

— Acho que você não veio aqui pra falar do estágio, mas sim pra criticar o meu estilo de vida que é completamente diferente do seu — cuspo as palavras.

Ele respira fundo e fala com uma calma comedida. — Ayleen, eu não vim aqui pra te criticar ou criticar o seu amado bairro. Porra! Esta droga de discussão não tem o menor sentido! — passa sua mão pelos fios indisciplinados.

Sinto um toque de sarcasmo quando ele diz "amado bairro". Mas que idiota!

— Eu e meu amado bairro agradecemos a sua humilde preocupação — respondo, sarcasticamente.

Mais um passo.

Estamos quase colados um ao outro. Quando foi que isso aconteceu? Quando nos aproximamos tanto? E por que isso não me incomoda?

— Você não parece nem um pouco agradecida — sua voz está mais baixa e seus olhos descem constantemente para os meus lábios.

Involuntariamente, minha língua umedece o meu lábio inferior. Sinto o meu rosto quente e o coração batendo loucamente no meu peito.

Para com isso, coração. Se controla.

Como se fosse só o coração responsável por tudo isso...

Vejo os seus olhos azuis se escurecerem, a pupila dilatada e com um brilho diferente. Victor encara o movimento inocente e inadequado da minha língua como se fosse a coisa mais fascinante do mundo.

— Eu já disse tudo... e já queria sair daqui antes mesmo de você falar — minha voz também soa mais baixa e menos raivosa.

— Uhum — seus olhos continuam na minha boca.

— Ficou sem palavras agora? Não acha que...

Victor desce os seus lábios nos meus, calando todos os meus protestos infantis. Ele aproveita minha boca entreaberta pela surpresa, e sinto sua língua encontrando a minha. Uma mão desce para a minha cintura e me puxa para mais perto.

A outra desfaz o meu rabo de cavalo e se enfia entre os meus cabelos, mantendo minha cabeça no lugar. Muita coisa acontece ao mesmo tempo. Várias sensações passam por mim.

Seus lábios experientes exploram os meus. Sua língua passa na costura da minha boca provocando um arrepio em minha pele. Sua mão forte aperta minha cintura com firmeza. Mas o impacto que me abala é quando ele mordisca o meu lábio inferior.

Um gemido sobe por minha garganta e morre em seus lábios, que agora chupam os meus. Minhas mãos sobem e afundam em seus cabelos grossos. Sinto sua ereção através de sua calça social, nossos corpos estão colados.

Ele é ainda mais ousado e enfia a mão por dentro da minha blusa, alisando minha barriga e as minhas costas. Ele tem a decência de não explorar mais nada além disso.

O que eu tô fazendo? Isso não tá certo.

Abro os meus olhos e solto o seu cabelo. Paro de corresponder ao beijo e o empurro para longe. Isso não deveria ter acontecido, não mesmo. Maldita luxúria idiota.

— Não, não! — toco os meus lábios inchados que ainda formigam. Meu fôlego descontrolado.

Me afasto ainda mais. — Você deveria ir. Agora — sou taxativa.

Não tenho coragem de olhar nos seus olhos. Seria muita tentação.

— Ayleen, eu... — tenta argumentar. Também está sem fôlego.

— Não. Só vá, por favor.

Ouço os seus passos se afastando e logo depois a porta sendo fechada. Mas é aberta de novo.

— O portão tá fechado — Victor fala da porta.

Que droga! Não é possível nem fazer uma saída dramática.

Vou até a porta, tiro a chave e passo por ele sem falar nada. Abro o portão de ferro e o espero sair. Não trocamos uma palavra. Volto para casa ao mesmo tempo em que ouço o carro se afastando.

Victor

O gosto dela ainda queima em minha boca.

Porra! O que eu fiz? Como pude agir como um adolescente cheio de hormônios?

O pior é que eu não me arrependo. Seus lábios macios, seu corpo quente...

Pensa com a cabeça de cima, meu amigo.

Por que ela quis parar? Será que a assustei? Fui muito bruto?

Que caralho! Nunca duvidei de mim mesmo nesse quesito e agora tô aqui pensando se ela gostou ou não do beijo!

Seus lábios vermelhos por causa dos meus estão como um loop na minha cabeça; o cabelo bagunçado por minhas mãos. A pele quente sob a minha palma. Acho que não tem nada de platônico nos meus sentimentos...

Você tem que parar de agir por impulso... mas não consegue, não é, garotão?

Mas ela retribuiu, eu não estou tão louco assim. Se é assim, Ayleen também se sente afetada por mim.

No meio do caminho, bombardeado mais de mil vezes por nosso beijo, faço uma virada brusca e resolvo voltar para a casa da Ayleen. Se ela vai me atender, já é outra história.

 Se ela vai me atender, já é outra história

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Socorro que o beijo veio 🎇🎆

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