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Injusto não estarmos em algum lugar nos comportando mal por dias — Arctic Monkeys, R U Mine

Victor

Meu celular vibra em cima da minha mesa. Já são quase seis horas da tarde e até agora não tive uma notícia sequer da Ayleen. Nem o meu primeiro projeto me deixou tão ansioso quanto ela.

Não sei bem o que estou esperando. Mas depois de ontem, se tornou uma necessidade senti-la perto de mim. Foi bem difícil deixá-la para trás. E se a pessoa voltasse e a fizesse mal?

Porém, dei um jeito nisso. Liguei para um segurança particular e pedi que vigiasse a casa durante toda a noite. Minha vontade era ficar, no entanto, estaria forçando a barra demais.

Já despejei muito sobre ela.

Deixando os pensamentos de lado, pego o celular e vejo a mensagem.

Ayleen:

Preciso conversar com você.

Imediatamente, me coloco de pé e começo a me retirar do meu escritório.

Eu:

Onde você tá?

Ela visualiza a mensagem e começa a digitar.

Ayleen:

Na universidade.

A universidade fica a uns 15 minutos de distância daqui.

Eu:

Vou te levar pra casa.

Será que pareço mandão?

Ayleen:

Ok, vou esperar.

Passo por Magda que ergue a sobrancelha, porém, não diz nada. Acho que percebe que estou com pressa.

10 minutos depois, estou estacionando próximo à entrada da universidade. Posso ter corrido mais do que deveria, não vou negar. Não a vejo em lugar nenhum. Por isso, resolvo ligar para o seu número.

— Alô — fala um pouco baixo.

— Cheguei aqui — batuco os meus dedos no volante.

— Ah, vou descer. Já chego aí — desliga logo em seguida.

Alguns minutos depois, Ayleen atravessa o portão e avista o meu carro. Porra, mas ela é linda pra caralho! Seus cabelos estão soltos, ela veste uma calça jeans e uma blusa regata azul. Suas ondas balançam conforme se aproxima.

Ela abre a porta e entra, seu perfume floral preenche o veículo. Ao sentir o seu aroma, é impossível não pensar no beijo.

Foco, Victor, se controla.

— Oi — me cumprimenta, timidamente.

— Oi — sorrio —, o que você queria falar comigo?

Ela se mexe no banco e limpa a garganta.

— Vamos chegar na minha casa primeiro, pode ser? — parece um pouco nervosa.

Ela vai falar que nunca mais quer me ver.

O trajeto até sua casa é em uma quietude pesada. Ligo o rádio só para não ficar ainda mais estranho. Ora ou outra meus olhos procuram por ela.

Finalmente chegamos no local e ela é a primeira a sair. Desço logo em seguida e aciono o alarme do carro. Ayleen abre o portão e nós entramos, silenciosos.

DeclínioOnde histórias criam vida. Descubra agora