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Meu coração desmaia pensativo, cismando em tua rosa predileta — Castro Alves

Victor

Do lado de fora da empresa, Diogo abre a porta para mim e mantém sua postura séria. Ele não é de ficar jogando conversa fora. Apenas diz o que é importante.

— Me deixe em casa e pode ficar livre o resto do dia — anuncio.

Ele assente pelo espelho retrovisor.

Enquanto estamos na estrada, respondo algumas mensagens e checo minha caixa de entrada do e-mail. Mesmo que Magda tente filtrar o máximo possível, o número permanece alto. Ainda assim, minha mente dá várias voltas e sempre cai no mesmo tópico: Ayleen.

Como deve ser o seu rosto sem àquela máscara?

Dispenso o pensamento imaturo e foco no que estou fazendo. Um errinho, e eu perco milhões.

O resto da viagem prossegue de maneira tranquila e em pouco tempo estamos em frente aos portões de ferro da minha casa.

Não espero por Diogo e me adianto. Saio do carro e o portão se abre assim que os seguranças me veem. Passo pelo gramado bem cuidado e vou diretamente para a garagem. Chegando lá, as luzes de led automáticas se acendem e mostram minha coleção.

Tenho mais de vinte carros e alguns ainda não foram usados. Independentemente disso, cada um é precioso para mim. Vou até o meu painel de chaves e escolho a da BMW 328i Sport. É o carro mais discreto, então vai servir.

Destravo o veículo e ao ligar o motor, digito o endereço da menina no GPS. Gravo este tipo de coisa com muita facilidade. Constato quando a informação vem com muita naturalidade.

Manobro o carro e logo deixo minha casa para trás.

Ayleen

Depois de arrumar a casa, o que me levou a manhã inteira, tomo banho, lavo o cabelo e resolvo comer. É bom não precisar sair. Minha mente esteve tão ocupada que nem tive tempo de pensar nos problemas.

Como enquanto assisto um filme de suspense e deixo a mente em branco. Ou tento, pelo menos.

Estou em minha terceira garfada quando escuto alguém batendo palmas. Ignoro porque ninguém vem aqui. Nunca. Mas o som é persistente e sou obrigada a me levantar.

Assim que destranco minha porta e abro, me assusto ao ver Victor Agostini parado no meu portão. Seu cabelo negro está levemente bagunçado e seus olhos parecem arder em chamas. Ele veste um terno preto, mas sem o blazer.

O príncipe playboy. Vejo os sapatos brilhantes mais uma vez. Não sei por que ele está aqui. Ele não deveria vir aqui, não mesmo. Cruzo os braços sobre meus seios e transpareço uma postura fechada.

Atrás dele, vejo o carro de luxo estacionado. Muito chamativo.

Olho para ele uma última vez, viro as costas e faço menção de fechar a porta. No entanto, sua voz grave e rouca se sobrepõe.

— Espere um segundo, Ayleen — um arrepio percorre o meu corpo.

Eu não deveria reagir a isso.

— Por quê? — abro a porta mais uma vez e giro o meu corpo e sua direção.

Victor esquadrinha o meu rosto como se fosse a primeira vez que estivesse me vendo. Da última vez, ele te viu de máscara. Minha consciência faz o favor de me lembrar.

— Será que eu posso entrar? — mira diretamente em meus olhos. O oceano parece me inundar.

— Não — sou assertiva.

DeclínioOnde histórias criam vida. Descubra agora