Capítulo 4

1.2K 118 59
                                    

      A aflição em meu estômago parecia piorar. Mas, diferente disso que me incomodava, minha irmã continuou ali do meu lado. Ela acariciava meus cabelos, enquanto me aconchegava em seus braços. Ela não estava em uma posição confortável mais, talvez eu tenha me mexido um pouco.

    – Você vai ficar com dor nas costas. – Respondi ainda sonolenta.

    – Não queria te acordar. Você não tá com febre mais, medi de 40 em 40 minutos. – Assenti – Você ta sentindo alguma coisa?

    – Não. Não precisa se preocupar.

    Embora sei que ela me conhece ao ponto de saber quando estou mentindo, eu não quero preocupar ela. Não mais do que já está preocupada. Eu me levantei indo ao banheiro na intenção de jogar água no meu rosto, e despertar o sono que eu ainda sentia.

    – Cesar filho está louco pra ir ao parque. Acho que vão levar ele hoje. – Informou assim que voltei do banheiro.

    – Eu não posso ir. Não dá pra sair de calça, ou shorts. Pelo menos não agora. – Suspirei sentando na cama. – Ela vai descobrir, não vou conseguir esconder por muito tempo. Não dá pra ficar só de vestido longo.

    – A gente precisa pensar em alguma coisa. Mas precisa ser convincente.

    – O que vou dizer?

    Minha irmã me olhou pensando por alguns segundos. Estava pensando em como fugir de uma bronca, que provavelmente, eu iria levar. Ela cemicerrou os olhos, fazendo uma carinha que me dá medo as vezes, mas me informa que ela teve uma ótima ideia.

    – Macarrão. – Se levantou procurando alguma coisa. E eu franzi o cenho, o que essa louca quis dizer com macarrão?

    – O quê? Não acompanhei.

    – Macarrão! Água quente. Ferver. Contato com a pele – ela falou gesticulando com as mãos.

    – Queimadura!

    – Mamãe sabe que amamos macarrão. A gente vê onde Jhuly está, e falamos pra mamãe que não queríamos esperar ela. E então acabou caindo água quente em você. – Ela levantou um pouco do vestido – Tira esse vestido, coloca um short e vamos pra cozinha!

    – Shorts? Nem pensar. – Neguei com a cabeça.

    – Maiara!

    – Minhas coxas estão roxas. Aquele idiota fez questão de me marcar! – Minha irmã virou de costas em silêncio, e voltou com um short.

    – Veste. Não vai mostrar! – Olhei pra ela – Anda! – Bufei.

    – Você é uma chata! – Ela deu de ombros.

    – Uma chata que você ama, então, tudo bem ser chata.

    Obedecendo sua sugestão eu vesti o short, e uma blusa folgada. Me olhei no espelho diversas vezes. Queria ter certeza que não dava pra ver nada. Ou, eu, Maiara Carla, seria deserdada. O que seria algo horrível.

    – Eu avisei!

    – Cala boca! Vai logo ver onde a Jhuly tá. – Deu de ombros saindo do quarto – Espera! Leva o celular pra me avisar onde ela tá. – Maraisa assente pegando o celular, e agora sim, saiu do quarto.

    Confesso que estou com medo de dar errado, mas é a nossa única saída. Até porque, se eu disser pra minha mãe que, a pessoa que ela brigou pra eu não namorar, fez exatamente o que ela disse; "Só nos usam, e depois, simplesmente, vão embora". ela me mataria.  Eu achei que seria só mais uma fala, padrão de mãe, mas não foi.

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora