Capítulo 43

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    Não consigo mais dormir. Não consigo porque, todas as vezes, eu tenho pesadelos horríveis, acordo sem respirar, e tremendo como se meu corpo tivesse vida própria. Dessa vez eu sonhei com a minha mãe. O Louis estava vendendo a minha filha, ela estava com alguns machucados no corpo, como se tivessem batido nela. Ele vendeu ela pra minha mãe, mas a minha mãe se cansou de ouvir ela chorar, e devolveu pro Louis.

    Ele não queria aceitar, e minha mãe não queria cuidar dela, então, ele matou ela. E eu estava ali, era como se eu fosse um drone. Ninguém me via, mas eu via, e ouvia tudo. O que era apavorante. Eu gritei em desespero quando vi o corpinho dela sendo jogado no chão como um objeto. E só aí eu acordei. Como sempre, não conseguia respirar.

    Marilia estava na poltrona um pouco afastada, ela estava lendo alguma coisa. Eu bati na cama algumas vezes pra sua atenção vir pra mim, e ela me encarou preocupada vindo na minha direção. Não conseguia mais segurar o choro.

    – Calma! Tenta respirar, com calma! – Ela segurou minhas mãos, e eu fechei os olhos tentando fazer o que ela me pediu – Isso. Calma.

    – Eles disseram que... – Luisa começou a falar, mas parou quando me olhou.

    – Fala! – Sussurrei – Pode falar.

    – Ok. Eles acharam o carro do Louis, mas estava abandonado, vazio, e sem instruções. Mas disseram que se sairmos, talvez o Louis queira nos seguir, e propor alguma quantia pra devolver a Isabella. – Eu assenti.

    – Ok. – Sussurei mais uma vez, ainda estava tentando controlar minha respiração.

    – Talvez você seja a chave pra isso. A gente pode ir só ao supermercado, qualquer lugar.

    – Os seguranças vão?

    – Não precisa, os policiais vão nos das assistências. O Carlos disse pra avisarmos pra onde ia. Eles iriam em um carro disfarçado esperar no local, e o outro iria nos seguir pra ver se alguém também nos segue. – Informou com calma.

    – E se não funcionar? – Perguntei com a voz trêmula

    – Vai funcionar! – Marilia tocou meu rosto – Você tá bem? A gente pode esperar se quiser.

    – Não, eu não quero perder tempo. Vamos.

    Sem muita demora eu troquei de roupa, colocando um moletom pra não deixar meus cortes visíveis, e descemos. Aparentemente, Bruno já tinha contado o plano pra minha irmã, já que ela estava esperando a gente na sala. Fomos sem nosso motorista dessa vez, Maraisa foi dirigindo, e fomos ao supermercado.

    – Eu não tô com uma sensação boa. – Informei respirando fundo.

    – Quer voltar pra casa?

    – Não. Continua, por favor. – Minha irmã assentiu, e fomos o caminho inteiro em um silêncio horrível.

    Chegando no mercado procuramos uma vaga pra estacionar o carro, e descemos. Os policiais já estavam lá, vimos eles. Ambos fizeram sinal pra entramos e comprar qualquer coisa, e eles iriam ficar dentro dos carros que estavam usando pra se disfarçar.

    – Vamos pegar frutas, o que acha? A Isabella precisa experimentar mais coisas. Hum? – Minha irmã falou entrelaçando sua mão na minha.

    – Gosto de como tem esperança.

    – Você também tem, só não está se permitindo sentir! – Beijou minha testa – Vamos.

    A gente se espalhou, nós pegamos algumas frutas, e algumas outras coisas que estavam faltando em casa. Poupamos o trabalho que a Letícia teria.

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora