Capítulo 25

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    Cheguei em casa quase 20 minutos depois, geralmente dura quase 30, mas eu nem se quer estava me importando com o tempo que demoraria. Assim que paguei o moço do táxi, entrei em casa. Letícia estava limpando a cozinha, pareceu se assustar quando me viu.

    – Mai? – Me chamou – Mai por que está chorando? – Ignorei ela – Mai?

    Subi pro meu quarto o mais rápido que consegui, e fechei a porta. Eu só queria ficar sozinha. Queria conseguir por pra fora tudo que venho guardando a meses. Todos os olhares de julgamento, os comentários desnecessários, todo o medo que estou sentindo. Queria simplesmente me esvaziar.

    Desliguei meu celular, que estava tocando pela milésima vez, e joguei ele pra longe de mim. Troquei de roupa vestindo algo mais confortável, e fui pra cama. Liguei o ar, e abracei meu travesseiro afim de me sentir segura de alguma forma. Mas, passei a maior parte do tempo usando ele pra abafar meus soluços de choro.

    Tudo voltava com muita força na minha cabeça. As palavras que a mamãe usou, que aquela mulher usou, o medo que sinto de não dar conta, a insegurança com meu corpo, e a dor; dor de ter sido violentada pela pessoa que eu amava. As vezes me pego lembrando do começo do relacionamento, e era tudo tão bom.

    Flashback on •

    – Amor? – Ele me encarou – Pode me prometer uma coisa?

    – O que quiser, minha vida! – Me deu um selinho.

    – Não me machuca. Ok? – Ele tirou uma mecha do meu cabelo do rosto, e levou para de trás da minha orelha.

    – Eu vou cuidar de você. Vou cuidar pra sempre! – Eu sorri.

    – Eu te amo! – Sussurei enquanto nossas testas se juntaram, fazendo eu sentir sua respiração, e ansiar pela sua boca que estava a poucos vencimentos da minha.

    – Eu te amo! – Sua afirmação acabou com o que eu mais queria. O fim da distância em nossos lábios.

    Que no momento, era o que eu mais queria.

    Flashback off •

    Jurei que realmente seria pra sempre. Como nos filmes, ou séries; as pessoas se casam, e ficam juntos, pro resto de suas vidas.

    Mas somos seres temporários prometendo eternidades.

    Não sei quanto tempo eu estava naquela cama, mas foi tempo o suficiente para as meninas chegarem. Ouvi suas vozes alteradas perguntando pra Letícia se eu estava ali, e assim que tiveram uma provável confirmação, seus passos apressados subiram a escada.

    – Irmã, a gente pode entrar? – Não respondi – Meu amor, por favor. Abre aqui, estamos preocupadas. – Suspirei indo até a porta, mas voltei pra cama em seguida.

    – Mai, conversa com a gente. – Marilia falou. Os olhares delas expressavam o quão preocupadas elas estavam.

    – Sai! Eu não quero conversar. – Me levantei.

    – Irmã, a mamãe não sabe o que...

    Por um pico mais alto de raiva, peguei um copo que estava ali, e joguei contra a parede assustando as meninas.

    – Não fala dela! – Gritei – Não fala dela! – Sussurei após um chute que me deixou sem ar.

    –  Para com isso, você vai se machucar. Vamos conversar.

    – Eu não quero conversar! Quero que saiam! – Gritei mais uma vez.

    Eu já não tinha mais ar. Mal conseguia pensar; minha cabeça só me fazia voltar nos olhares, e nas palavras horríveis que minha mãe e aquela moça disseram. Senti minhas pernas falharem um pouco, ação que fez as meninas correrem na minha direção, e segurarem meus braços. Caí de joelhos no chão, levando as mãos na cabeça na tentativa de calar aquelas vozes, mas foi inútil.

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora