Capítulo 76

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    Achei que a reação dela seria pior. Achei que ela se sentiria um peso, ou que surtaria, mas na verdade não. Ela entendeu o que aconteceu, entendeu que foi muito amada, e que é  muito amada, e que mesmo não sendo planejada eu sempre quis ela. As vezes o que vem de surpresa não é bom, você sente vontade de trocar ou de dar pra outra pessoa. Mas as vezes também é algo que você não queria naquele momento, mas que quando você se permitiu, percebeu que era o que realmente precisava.

    Querer e precisar, são duas coisas bem diferentes. Nem sempre você quer o que realmente precisava, e vise versa. Eu também pensei que isso aconteceria de um jeito mais leve. Mas como sempre, as coisas fugiram um pouco dos meus planos. Hoje nem sei como o Louis tá, não sei se ele ainda tá preso, se tá aqui na mesma cidade, ou se foi ficar com os pais, eu realmente não faço ideia de onde ele tá.

    – Tenho orgulho de você, mamãe. – Ela falou sorrindo – Sério. Obrigada por cuidar de mim. Não deve ter sido fácil.

    – Maternidade não vem com manual de instruções. Mas eu dei conta.

    – Eu te amo.

    – Eu também te amo!

    Seu sorriso é igual ao meu e da Maraisa. Marcante, e contagiante. Isabella é literalmente a minha versão mais nova. E eu não troco nossos momentos por nada. Ficamos um tempinho ali, só curtindo uma a outra, e depois saímos do quarto.

    – Se resolveram? – Marilia perguntou.

    – Sim, tia.

    – Vamos pra piscina? Tá calor demais. – O Léo falou.

    – Agora? Vamos.

    Isabella foi animada pro quarto trocar de roupa e todo mundo acabou indo fazer o mesmo. Acho que sem essas crianças, seríamos três adultas entediadas que só pensam em trabalho, ou que adoram beber nos fins de semana. Ou pior, que adoram ficar luxando com coisas desnecessárias. Agradeço por termos dois adolescentes em casa. Isso nos torna menos velhas.

    Em alguns segundos descemos pra área de lazer, e enquanto eu e minha irmã tomávamos sol, Marilia e as crianças estavam brincando na piscina. Um pouco perdida nos meus pensamentos acabei focando na cicatriz no peito da minha irmã, e me lembrando que pra estarmos aqui, enfrentamos poucas e boas. Quase morremos muitas vezes. Temos muitas histórias pra contar.

    – Titia? – Léo chamou e eu olhei pra ele – A senhora conhece o Enzo? – Isabella jogou água no rosto dele.

    – Enzo? Não, acho que não. – Maraisa olhou pra eles também – Por quê?

    – Ah, acho que a Isabella está a fim dele.

    – Léo Henrique Mendonça! – Isabella falou – Não era pra contar isso.

    – Qual o problema? Eu não vou te proibir de namorar. Prefiro que você faça com minha permissão, do que faça escondido.

    – Eu não estou namorando! Eca. Eu tenho 16 anos. – Dei de ombros.

    – Eu perdi meu BV com 15 anos, Isabella! E não tem nada de errado, desde que não avance sinais, e que o garoto te trate bem, não vejo problema.

    – Já que estamos nesse assunto. Como foi sua primeira vez titia? – Isabella olhou pra minha irmã.

    – Eu não quero saber da primeira vez da minha mãe, Isabella! – Isabella deu de ombros.

    – Responde, titia.

    – Ah, foi boa. – Eu sei que ela só queria irritar a Marilia.

    – Foi boa? – Marilia perguntou – Boa? É só o que tem a dizer?

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora