Passamos a noite no hospital. Eu não aguentava nem ficar em pé mais. Marilia e Luiza tinham ido resolver as coisas pro funeral, eu fiquei com o Léo, a Isabella e o Bruno em casa. Os médicos deram alta pra Isabella assim que ela acordou. Eles fizeram diversos exames, e disseram que ela estava bem, mas, precisaria de repouso por alguns dias.
– Isabella tá dormindo, e o Léo tá com ela. Acho que os remédio deixam ela sonolenta.
– Ela comeu? – Bruno negou.
– Eu tentei, mas ela não quis. – Ele deitou do meu lado – Você não quer comer? Também não comeu faz tempo. Vou trazer alguma coisa. – Assenti. – Já volto.
Desde que cheguei estou trancada no quarto, não comi, não falei com ninguém, não tomei nenhum remédio pra dor de cabeça, e não tomei banho. O cheiro dela ainda tá aqui, na minha blusa. Sinto o cheirinho dela, em mim; por isso não tomei banho ainda. Fora que eu vomitei tanto no hospital enquanto estava com a Isabella que quase me internaram. Cada pedacinho do meu corpo dói, dentro e fora. Tentei comer mas nada descia, então só tomei a água e torci pra ela não voltar.
Ouvi batidas na porta, mas nem me mexi. Eu estava abraçada a uma roupa da Maiara, e chorava silenciosamente. Percebi que a porta foi aberta, e soube que era Marilia pelo perfume. O lado vazio ao meu lado se movimentou, e abri os olhos quando suas mãos tocaram meu rosto.
– Não tomou banho? Tem sangue na sua roupa ainda.
– O cheirinho dela tá na minha blusa. – Falei baixo.
– O que acha de tomarmos banho? – Perguntou tocando meu rosto, mas meus pensamentos estavam me perturbando tanto que não conseguia responder nada.
– Sinto que vou morrer. – Falei pra Marilia – Dói tanto, sinto que isso vai me matar.
Minha voz falhou.
– Amor...
– Ela disse que me amava quando saímos do restaurante e fomos pro carro. – Uma lágrima escorreu pro travesseiro – Ela disse "Eu te amo! Te amo muito. Promete não esquecer isso?" – Sorri ouvindo a voz dela – Ela se despediu de nós várias vezes essa semana.
– Foi só coincidência.
– Ela nos fez prometer que cuidariamos dá Isabella. Acordou a gente no meio da noite pra dizer que nos amava.
Flashback on •
Me lembro de me despedir da minha irmã e das crianças, e depois irmos dormir. Mas Maiara acordou eu e Marilia no meio da madrugada. Não fazia ideia do por quê. Ela estava em pé do meu lado enrolada na naninha dela.
– O que aconteceu?? – Marilia perguntou.
– Eu tive um sonho ruim. Muito ruim. – Ela falou, e rapidamente seus olhos lacrimejaram.
– Quer dormir com a gente? – Maiara assentiu pra minha pergunta. – Deita aqui, vem. – Marilia encostou pro lado me dando espaço, e eu bati no espaço vazio pra Maiara deitar.
Ela se deitou e me agarrou começando a chorar.
– Eii? – Abracei ela – Calma. Tudo bem. Tudo bem, irmã. – Sussurrei.
Ela se acalmou, contou que tinha sonhado com alguém levando ela pra longe de nós, e que ela acordou sufocada porque no sonho alguém enforcou ela.
– Eu amo vocês! E quero que nunca esqueçam isso. – Ela disse quando parou de chorar.
Nós retribuímos, e no fim dormimos abraçadinhas como nos velhos tempos.
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Sempre foi ela
Hayran KurguAtenção⚠️: Essa é só mais uma história fictícia, e completamente autoral! Almira criava Maiara e Maraisa numa bolha, não podiam ter amigos meninos, não podiam sair com meninos, nem levá-los pra casa. Até Maiara convencer ela, a deixar a mesma n...