Capítulo 59

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    O caminho inteiro foi uma agonia. Eu fiquei tentando chamar ela o tempo todo pra ela não desmaiar, enquanto ela tremia, reclamava da dor, do frio, e chorava ao mesmo tempo. Assim que chegamos ela foi atendida rápido, e fomos traferidas pra uma sala que ela iria ser medicada. Demoraram de achar a véia dela, eu não faço ideia do porque, já que não entendo nada sobre isso. Furaram aos mãos, e o braço 4 vezes, até conseguir e aplicarem um remédio.

    – Daqui a pouco o cardiologista vem falar com vocês. Mas isso tudo que você sentiu, é normal acontecer as vezes, principalmente com o histórico que você tem.

    – Esse frio todo é normal?

    – Provavelmente foi só pela temperatura dela ter se elevado rápido demais. Geralmente, crianças com febre muito alta, têm convulsão. Certo? - Assenti - Então, no caso dela é quase isso. Aumentou tanto que o corpo todo dela reagiu, e isso gerou um choque. Por isso os tremores, e unhas roxas.

    – Entendi.

    – E a dor, ou sensação de aperto no peito, é só o seu coração. Não tem a ver com infarto, ou algo assim. Não se preocupem. - Sorri fraco pra ela.

    – Obrigada.

    – Magina. Se precisarem, podem chamar, ok? Caso sinta vontade de ir ao banheiro, pode se levantar e levar o soro junto com você, tá?

    – Ok. - Ela disse baixo.

    A moça saiu fechando a porta, e eu fui pra mais perto da minha noiva. Que estava encolhida ainda, e com os olhinhos fechados. Seu rosto estava mais pálido, e seu processamento estava lento ao ponto de perguntarmos algo, e ela responder quase 1 minuto depois. Provavelmente pelos efeitos do remédio.

    – Você tá tão quentinha. - Abracei ela, que logo reagiu ao meu ato se encolhendo em meus braços. Delicadamente passei a mão nos roxos que já estavam visíveis em sua pele - Os seus braços vão ficar roxos. - Ela parou pra pensar.

    – Estão doendo. Na verdade tá tudo doendo. - Ela falou baixo, quase como um sussurro. - Amor?

    –Oi?

    – Você realmente quer isso? - Olhei pro seu rosto - Quer enfrentar isso?

    – Do que você tá falando?

    – Isso. - Ela apontou pro coração - Quer ter filhos com uma pessoa que pode parar de funcionar? - Suspirei - Eu tenho tanto medo de deixar você, a Maiara e a Isabella.

    – Amor, você sabe que eu odeio falar sobre isso.

    – Mas a gente precisa falar sobre isso, não tem pra onde correr, isso vai me perseguir pro resto da minha vida. - Seus olhos lacrimejaram, e ela tocou meu rosto - Amor, a gente não pode fugir disso pra sempre.

    – Olha só, eu tô pouco me lixando pra isso. Ok? Eu não vou me separar de você por você estar doente. Relacionamento não é só sobre bons momentos, amor. São sobre os piores momentos, aqueles que doem ao ponto de você querer morrer. E aí você vê que não tá sozinha; porque você não vai estar sozinha enquanto eu existir. Ok? Então, por favor, não deixe seu medo esfriar nossa relação, por favor. - Ela fechou os olhos, e balançou a cabeça.

    – Tudo bem. Desculpa.

    – Tá tudo bem.

    – Você já avisou a Maiara? - Assenti.

    – Falei com ela assim que vinhemos pra essa sala. - Fiz carinho nos seus cabelos - Descansa, hum? Dorme um pouco, eu tô aqui.

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Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora