Capítulo 5

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        Tínhamos acabado de chegar em casa. Eu estava no quarto junto com minha irmã, e nossa mãe. Ela estava sentada na cama, na nossa frente esperando por respostas. Aquela cena era agoniante. Mamãe a nossa frente, nos olhando como se fossemos criminosas, e balançando uma de suas pernas, impacientemente.

    – Alguém vai me contar o que, aconteceu? – Sua voz não estava nem um pouco calma.

    – Eu saí com o Louis. – Mamãe me olhou incrédula.

    – Você o quê? – Dessa vez ela gritou – Eu não acredito que fez isso! – Passou uma de suas mãos no rosto.

    – Me desculpa, eu não tinha pensado nas consequências! – Argumentei rapidamente.

    – O que fizeram?

    – Mamãe eu não a... – A mulher ergue a mão pedindo pra eu me calar.

    – Sem enrolas! O que fizeram?

    Eu suspirei pensando em como, ou se iria falar. Mamãe vai surtar, ela vai dizer a quantidade de vezes que me avisou, e vai surtar. Não posso contar, mas não posso mentir; ela descobriria. Maraisa apertou minha mão 4 vezes seguidas, e depois acariciou a mesma com o polegar. Eu estou aqui, foi o que ela quis dizer.

    – Vamos do início! – Mamãe assentiu – Saí ontem com ele, marcamos de ver filme, coisas normais. Então eu esperei você confirmar o horário que voltaria pra casa, assim eu cronometraria o horário de voltar.

    – Eu não acredito!

    – Deixa ela continuar! – Pediu minha irmã.

    – Ele veio, me pegou, e no caminho pra casa dele paramos em uma festa. – Mamãe me olhou com ódio – Eu não bebi! Eu juro pela minha vida. – Pudi ver ela suspirar – Fomos pra casa dele depois de quase 15 minutos na festa. Chegando lá eu pedi água, e ele me ofereceu biscoitos depois.

    – Você comeu? – Perguntou meu pai, que não tinha dito nada até agora. Ele estava tão calado, que esqueci que estava no quarto. Estava sentado perto da janela, olhando pra mim, e pra minha irmã.

    – Sim. Mas eu comi só um!

    – Continua.

    – Depois fomos pro quarto, e...

    Paralisei! De um lado meu pai me olhava curioso, do outro minha irmã me dava apoio, e na minha frente, minha mãe me olhava impaciente. Eu não sabia como falar aquilo, não sabia como terminar de contar que: meu namorado me estrupou. Não sei como contar isso.

    Por um segundo quase consegui sentir seus toques de novo. Senti o medo daquela noite, senti a dor novamente. Eu imagino qual sejam as reações, mas talvez elas sejam pior do que idealizei, e isso me assusta. Respirei fundo afastando meus pensamentos, e com algumas lágrimas no rosto olhei fixamente pra mamãe.

    – Vocês transaram? – Perguntou minha mãe – Eu não acredito!

    – Calma, eu posso explicar.

    – Então eu acho bom você começar logo!

    – Quando ele começou a beijar meu corpo e me tocar, eu queria. Na verdade, talvez queria mais que ele. – Sorri novamente, mas dessa vez de nervoso – Ele foi cuidadoso, falou que se eu não quisesse, pararia. Mas não foi assim! – Desviei o olhar – Ele não parou quando eu gritei de dor, ou quando implorei pra ele me soltar. Ele não foi cuidadoso, quando eu disse que ele estava me machucando, ou quando eu estava apagando de dor, e drogas que ele me fez ingerir.

    O olhar do meu pai estava perdido, ele procurava palavras pra dizer, mas nada parecia ser útil pro momento. Mamãe me encara de uma forma estranha, seus olhos marejaram, e ela mordia o lábio inferior.

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora