Capítulo 49

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    As últimas semanas têm sido difíceis. Bruno perdeu a mãe pra uma doença extremamente rara, e está em uma fase horrível de depressão. Ele viu tudo acontecer, viu as convulsões, a confusão mental, os tiques faciais. Por um tempo ele escondeu isso de algumas pessoas, e não foi por vergonha. Ele só não queria expor a mãe.

    Desde que descobrimos, ajudamos ele com o tratamento e os medicamentos, que são caríssimos. Contratamos uma enfermeira também, já que Bruno trabalhava e sua irmã era mais nova que ele e estudava. No começo ele não aceitou, mas convencemos ele. Na verdade, Maraisa fez isso. Lembro de quando a Isabella nasceu, minha irmã tinha saído pra pegar Bruno e Luisa, e estranhamente ela demorou.

    Quando eu perguntei sobre a demora ela me disse que não era nada. Mas depois me contou que passou na casa do Bruno, e a mãe dele estava tendo uma de suas crises convulsivas. Ela desceu e foi ajudar ele. Obviamente ela ficou assustada, mas Bruno disse que já era rotineiro, e não havia nada que ele pudesse fazer. Ela me contou isso assim que chegamos em casa, e desde então, ajudamos eles.

    Mas, infelizmente ela perdeu pra doença de huntington. Que é basicamente, quando as células nervosas se rompem. É muito rara, mas é totalmente destruidora. Pessoas com esse tipo de doença, sobrevivem no máximo 13 ou 15 anos, o que é muito, comparado as outras. Mas não deve ser nem um pouco fácil ter um tempo determinado pra tudo acabar.

    A Irmã do Bruno viajou pra casa dos tios na Europa, e disse que ficaria lá por um tempo. Mas ele não sai de casa, e não tá se alimentando direito. Já marcamos uma terapia pra ele, mas o mesmo se recusa. E não podemos forca-lo. Geralmente vamos visitar ele, e eu sempre levo a Isabella também, ele sempre se diverte com ela.

    – A gente precisa ir lá. Ele disse que quer conversar com a gente. – Maraisa falou assim que entrou no quarto.

    – Onde está a Marilia?

    – Na empresa, ela disse que nos deixaria sozinhos. – Assenti me levantando.

    – Vamos.

    – Me da meu pacotinho. Vai arrumar as coisinhas dela. – Ela estendeu os braços – Vem, meu amor, vem.

    Isabella se jogou nos braços da minha metade, e eu fui arrumar a bolsa. Nunca saio sem ela. Coloco uma troca de roupa, fraldas, pomada, frutinha, água, e tudo que é essencial. Em minutos estávamos na porta do Bruno, esperando sermos atendidas.

    – Oi, – começou seu ânimo – podem entrar!

    Bruno tinha uma expressão cansada e abatida. Seus olhos refletiam os gritos de socorro que tinham dentro do seu coração. Ele afastou um pouco nos deixando entrar, e nos levou até o seu quarto. Coloquei Isabella na cama, já que a mesma estava dormindo, e tanto eu quanto minha irmã, nos sentamos também na cama, de frente pra Bruno.

    – Como você tá? – Maraisa perguntou tocando a mão dele.

    – Eu não sei. – Sua voz embargou – Mas tomei uma decisão! – Franzi o cenho.

    – Qual?

    – Vou fazer o teste!

    Infelizmente essa doença é hereditária. Então, Bruno pode ter ela; assim como sua irmã pode ter. E faz uns dias que ele está falando desse teste, mas sempre paralisava quando estávamos perto de sair de casa.

    – Você tem certeza? – Perguntei.

    – Sim. Quero saber se tenho aquela doença maldita! – Ele falou um pouco irritado.

    – Tudo bem, faremos. Mas e depois?

    – Se der negativo, eu vou seguir minha vida! – Ele deu de ombros – Ou pelo menos tentar.

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora