Capítulo 28

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    Desde que nos beijamos, nunca mais tocamos naquele assunto. Na verdade, não demos brecha pra chegar nesse ponto; acho que não estamos preparadas. Mas a conversa que tive que Maiara me fez abrir os olhos. Agora, estávamos no quarto em silêncio. Maiara estava no banho, enquanto Marilia mexia silenciosamente no celular.

    – Lila, a gente pode conversar? – Perguntei receiosa fazendo a loira tirar sua atenção do celular.

    – Sim. Claro.

    – Você sente algo por mim?

    Uau, Carla Maraisa. Onde está sua delicadeza? Deveria ter sido menos direta, não acha?

    O rosto de Marilia corou, ela abria a boca como se procurasse palavras pra responder minha pergunta, mas nada parecia vir. Por fim ela abaixou seu olhar sorrindo e negando com a cabeça.

    – Onde você tá querendo chegar com isso? – Me olhou novamente.

    Dei de ombros.

    – Ah, não sei. – Desviei o olhar por um milésimo de segundo – Eu tive uma conversa com a Maiara, e ela me abriu os olhos.

    – O que ela disse? – Suspirei. Nunca esqueceria suas palavras.

    "–Poxa, irmã, ela tá bem na sua frente! É recíproco, eu sei que é!
    – Não seja como eu, por favor! Olha, eu errei feio escolhendo quem eu iria amar. E olha o que aconteceu no final.
    –  A minha filha é o menor dos problemas; na verdade, ela não é um problema, não tem culpa de nada e é a melhor coisa que me aconteceu. Mas olha só o tanto de cicatrizes que levarei pro resto da minha vida. E sabe o que eu mais penso? Como vou contar pra minha filha sobre o pai dela."

    Marilia sorria analasadamente.

    – O que você sente, Carla? – Fixou seus olhos nos meus – O que sente por mim?

    – Marilia, não mude o rumo da conversa!

    – Não mudei. – Negou com a cabeça – Assim como quer saber sobre mim, quero saber sobre você! – Suspirou – Eu sinto algo diferente por você. Sinto muito! Mas não posso te forçar a nada. Então se você não quer, eu vou respeitar sua decisão.

    – Tantas outras pessoas querem você!

    – Se eu quero você, não se preocupe com as pessoas que me querem!

    Não sabia como responder aquilo. Ficamos nos encarando por alguns segundos, até o barulho da porta nos assustar.

    – Credo, que clima pesado! – Resmungou saindo do banheiro.

    – Tá normal. Só ficamos sem assunto.

    – Está mentindo logo pra mim? Que dividi a barriga com você? – Dei de ombros.

    – Olha aqui, seu remédio chegou. Vou lá pra baixo. – Maiara segurou meu braço.

    – O que aconteceu? – Neguei.

    – Nada, Maiara.

    – Marilia? – Olhou pra loira que nos encarava em silêncio, mas ela não soltou meu braço.

    – Só estávamos conversando sobre sentimentos. Mas acho que não é recíproco, e eu respeito ela. – Maiara sorriu nervosa.

    – É sério isso? – Perguntou dividindo o olhar entre nós duas – Você são cegas a esse nível?

    – Maiara... – Ela ergueu a mão, fazendo Marilia se calar.

    – Infantis! Vocês duas! – Esbravejou – Meu Deus! Olhem como vocês falam uma da outra, faltam babar quando se olham. Vocês se amam, e não é só como amigas, e sabem que não.

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora