Capitulo 16

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        Ainda na tentativa de me acalmar, minha irmã tentou me ajudar na minha respiração, o que ajudou um pouco. Mas os tremores não passavam, e a sensação de sufoco também estava voltando. Sem saber mais o que fazer, ela pegou o celular e ligou pra Marilia. Que chegou em 30 minutos.

    – A gente já treinou sua respiração. Sabemos fazer isso, só precisa se concentrar! – Marilia falou segurando meu rosto – Você consegue. Se concentra!

    Marilia não falhou a voz em nervoso hora nenhuma. Diferente da minha irmã, que ao ver minha situação nem no quarto conseguiu ficar.

    – Tudo bem, ela só precisa de tempo. – Falou ao ver que minha atenção estava na porta – Continua focada na sua respiração.

    Minutos depois eu finalmente estava mais calma, mas estava preocupada. É quase que automático, se eu fico nervosa a neném também fica. Mas dessa vez isso não aconteceu. Acariciei minha barriga na intenção de fazer a pequena se mexer mas nada acontecia.

    – Tem alguma coisa errada! – Falei pra Marilia e ela tocou minha barriga também – Ela não tá mexendo. Ela sempre mexe quando faço carinho.

    – Talvez só esteja dormindo!

    – Pode pegar aquele aparelho ali? Preciso ouvir o coraçãozinho dela. – Ela assentiu – Deveria ir atrás da minha irmã.

    – Você tá bem? – Assenti.

    – Sim. Pode ir lá.

    Ainda meio confusa, ela saiu do quarto. Minha irmã me mostrou como mexia naquele negócio, e conforme suas instruções, eu fui mexendo. Aquele som me acalmava, se possível, me transformava em uma outra pessoa. É como se tudo sumisse, e você estivesse na vida perfeita. Porque só aquele som importa.

    Admito que queria ter o apoio dos meus pais, o apoio do Louis também; óbvio que se tivesse sido de uma forma natural. Tenho medo de não conseguir suprir a ausência de uma figura paterna. Na verdade, tenho muito medo. Mas, não quero pensar nisso, não agora. Minutos depois de me acalmar com o barulho do coração dela, eu desliguei o aparelho e limpei minha barriga.

    Olhei no celular só pra confirmar o horário, já eram quase 03 da manhã. Confesso que me pego imaginando como ela vai ser, com quem vai se parecer, quais serão suas primeiras palavras; papo típico de mãe. Durante esses 6 últimos meses, eu não fiz nada. Não aproveitei minha gravidez; vivia com medo de descorbirem.

    Mas agora; agora eu vou viver tudo o que tive que viver. Vou exibir minha barriga, vou fazer todo o planejamento do quartinho dela, fazer enxoval de tudo que ela tiver direito. Sem restrições, eu vou viver! Viver a primeira fase da melhor coisa que me aconteceu. A segunda vai ser cuidar dela, que com certeza é mais difícil, mas não é impossível. Então, sim. Sem medo de comentários.

    Engraçado que ouvimos nosso vida toda: olhe pra frente, a prova é individual. E por nossa inocência, nunca paramos pra pensar direito que isso não é só, sobre a prova. Isso é sobre a vida. Olhar pra trás:
    Depender de outra pessoa;
    Esperar por outra pessoa;
    Achar que precisa de outra pessoa.
    Mas na verdade não, não precisamos. Passamos a vida achando que sim, mas quando você se vê em uma situação sem saída, e sozinha, você percebe que dá conta. Você sempre deu, só precisava de um empurrãozinho.

    Queria sair do quarto e procurar minhas outras metades. Mas eu estava muito indisposta, essas brigas realmente me deixaram pra baixo, inclusive, a neném não tá muita animada também. Minha obstetra falou que eu poderia sentir cólicas, e realmente senti no começo da gestação, mas agora voltaram. Então, vou ficar quietinha e esperar elas voltarem. O que não demorou, logo as duas passaram pela porta.

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora