Capítulo 38

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    Talvez eu não deveria ter dito aquilo, mas estou exausta de tudo girar em torno do meu coração. Se eu respiro errado elas já acham que tô morrendo. Me sinto numa bolha novamente, e isso tá me deixando louca. Sem deixar elas responderem, eu fui pra onde Cesar estava com a babá.

    – A mamãe já foi?

    – Foi sim, meu amor.

    – O que é isso no seu blaço? – Cesar perguntou fazendo a babá olhar, e limpar a garganta. Ele apontou pra cicatriz que tinha no meu braço, e pareceu um botão de flashbacks.

    " Sai, não me toca. Me deixa morrer! – Falei mais uma vez – Por favor, Marilia! – Tentei me soltar de seus braços – Tá doendo, para!"

    "  Mai, eu não aguento mais. Eu não aguento sentir essa dor. – Suspirei – Eu estou cansada, eu tô exausta na verdade. "

    – Irmã? – Cesar me chamou, me fazendo balançar a cabeça, e sair do transe.

    – Não foi nada. Eu só cai e me machuquei, acredita?

    – Eu também caí. – A babá falou – Foi assim que conseguir essa cicatriz! – Ela mostrou seu braço direito e eu sorri entendendo o que ela quis dizer.

    – Eu caí da escada, sabia? – O mais novo perguntou.

    – Sabia. Fui ver você, mas a gente não podia entrar!

    – Eu sei que a mamãe não deixou. – Olhei mais um vez pra babá, ela negou em sinal de que não tinha contado, e eu me aproximei do mais novo.

    – Quem falou isso?

    – Eu ouvi. Eles achalam que eu estava dormindo quando entlalam no quarto, mas eu não estava. – Cesar falou – E eu sei que mamãe bligou com vocês, e por isso vocês não estão em casa.

    – A gente não vai falar sobre isso ta bom? Mas a mamãe cuida bem de você?

    – Ela me deu amendoim ontem! – Eu franzi o cenho.

    – Mas você tem alergia!

    – A mamãe não sabia. Isso já responde sua pergunta? – Assenti.

    – Sim, isso responde minha pergunta.

    Cesar pode ser novo, mas ele é muito inteligente. Confesso que não sabia que a mamãe não sabia que ele era alérgico a amendoim. Mas não me surpreendo, uma pessoa que só trabalha não tem como saber sobre a vida dos filhos.

    – A gente pode ir ver a Isabella?

    – Podemos, a Maiara tá lá na sala. Vamos? – Ele sorriu animado.

    – Vamos!

    Ele me deu a mão, e fomos até a sala. As meninas me olharam de um jeito estranho, como se ainda estivessem absorvendo o que eu disse antes de ir até o Cesar. Mas eu me fiz de sonsa, e peguei a Isabella.

    – Senta ali que eu vou colocar ela no seu colo.

    – Ela não vai cholar? – Maiara negou.

    – Não, não vai. Pode segurar ela.

    – Posso fazer uma pergunta? – Assentimos mais uma vez.

    – Você e a Marilia estão namolando?

    – Sim. Estamos.

    – Semple soube. – Ele deu de ombros – Vocês se olhavam difelente!

    – Como você é tão inteligente assim?

    – Papai fala que eu puxei vocês duas. – Ele olhou pra Isabella – Eu nunca vi uma bebê tão linda.

Sempre foi elaOnde histórias criam vida. Descubra agora